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SHEKINAH vol 1 "O outro Mundo"

Vozes.

A noite finalmente cobre todo o céu da pequena cidade no interior de São Paulo, no horizonte, os últimos raios solares vão enfraquecendo seu brilho e deixando mais um dia para trás, Adam e Richard que passaram a tarde inteira jogando vídeo game, se distraíram e esqueceram que hoje eles tinham de ter aberto o envelope. Naquela noite o pedido de Jonathan tinha sido deixado de lado, pois Richard distraído havia guardado o envelope no meio de um livro na estante e fora dormir, Adam, o mais sonolento dormiu e deixou Richard acordado sozinho, ele que resistia plenamente com a briga entre suas pálpebras para não deixar o sono o dominar. Quando finalmente se deu por vencido, Richard adormeceu num sono profundo e em seus pensamentos, sabia que tinha esquecido alguma coisa, mas não se recordava e finalmente se entregou ao sono por inteiro.

- Richard... –Uma voz interrompe o silencio do quarto no meio da noite.

“- Richard.” Assustado Richard abriu os olhos, mas não se levantou. Ficou deitado e apreensível, no aguardo de mais um chamado pelo seu nome antes de começar a gritar, ficou observando as sombras que a luz da rua formava sobre o teto do quarto e novamente a voz o chamou.

“- Richard.” Ele saltou da cama em gritos ao ouvir a voz novamente a lhe chamar e quase desmaiou quando uma mão fria segurou seu braço.

“-Calma Rick sou eu...” Richard ascendeu à luz e percebeu que Adam o segurava pelo braço, uma sensação de alívio percorreu o corpo de Richard que nervoso pulou em cima de Adam aos gritos.

- Você é louco? Quase me matou do coração.

- Você que me matou do coração me chamando dormindo.

- Eu não te chamei. Foi você que me chamou! –Exclamou Richard, sem se dar conta de que, não fora Adam que lhe chamara ao sono!

- Negativo! Eu não chamei ninguém! –Os dois se olharam com medo nos olhos e relutantes perceberam, que ou eles tiveram o mesmo sonho com nomes inversos, ou algo realmente estranho acontecera.

- Alguém queria que acordássemos. –Exclamou Adam com muito medo.

- Quem?

- Vai ver se tem alguém lá fora chamando. –Ordenou Adam convencido de que ele não seria o indicado a tarefa.

- Eu não. Vai você!

- A casa é sua Rick! Você que vai ver.

Com muito medo Richard se levantou e calmamente caminhou até a janela, levou a mão sobre a cortina e antes de abri-la olhou para Adam que se escondia atrás do cobertor, deixando apenas os olhos esbugalhados de medo para fora. Lentamente Richard começou a puxar a cortina, o medo em suas veias corria acelerando suas batidas cardíacas, seu rosto pálido começou a receber a claridade da rua conforme as cortinas se abriam, cortando todo o suspense da cena, Richard numa só ação abriu a cortina com violência e não viu ninguém na rua, com o coração agora parecendo um tambor de escola de samba no auge do desfile na avenida. Virou se para Adam para informar o ocorrido, e para sua surpresa não o encontrou na cama, agora sim ele entrou em pânico, seu rosto não tinha mais cor, imóvel no local murmurou algo parecido com o nome do amigo agora desaparecido.

- O a...A... Adam... – Chamou Richard pelo amigo. –Adam pára de graça. Aonde você esta?

No silêncio do quarto, em um canto próximo ao guarda roupa, um barulho de madeira rangido tirou a atenção de Richard que já se preparava para correr em direção a porta.

“- Adam, não tem graça!” Richard caminhando de costas para a porta chama com um tom de voz cada vez mais alto pelo nome do amigo. Uma voz no corredor interrompe o silêncio fazendo eco pela casa inteira.

“- Richard vai dormir.” Richard sente-se aliviado ao reconhecer a voz da mãe, mesmo sabendo que aquilo era uma advertência por ele estar acordado tão tarde, se virou para a porta e quando abriu a boca para notificar o desaparecimento de Adam, um vulto no meio da noite salta da escuridão para cima de Richard, que em desespero cai no chão sobre a cama improvisada, gritando e pedindo socorro; neste instante, percebe os risos de Adam por cima de seu corpo quase petrificado com o susto, com muita raiva empurra o amigo para fora da cama resmungando algumas palavras que deixaria qualquer adulto revolto de raiva.

- Richard... Não me faça ir até aí e colocar os dois para dormir. –gritou sua mãe agora já aos gritos desafiadores.

- Seu... Seu... Quase me matou de susto.

- Esta era a intenção. –Disse Adam, já não se agüentando mais de tanto rir da cara de seu amigo, que ainda tinha o desespero estampado no rosto. - Você devia ter visto a sua cara, foi muito engraçado.

- Não vi graça nenhuma. -Disse Richard bravo com a brincadeira do amigo levantou se e saiu do quarto. –Vou ao banheiro. Depois dessa, acho que vou ter de trocar as calças.

Adam continuou deitado vendo o amigo entrar no banheiro a frente do seu quarto e fechar a porta, deitado ali até pensou em pregar outra peça no amigo, mas desistiu ao lembrar-se dos gritos que Mariana, mãe de Richard dera há instantes atrás. Richard saiu do banheiro e voltou desconfiado para o quarto, pois acabara de ouvir um ruído estranho no andar de baixo, olhou para o quarto dos pais que apesar da ameaça de sua mãe, continuava com as portas fechadas. Ele entrou no quarto e já com a expressão do rosto mudando novamente contou ao amigo o que acabara de ouvir.

- Ah vai, você esta tentando me assustar é? Já não tem mais graça isso.

- Não! Adam eu ouvi sim! Parecia que tinham derrubado alguma coisa lá embaixo.

Os dois corajosos adolescentes levantaram e saíram do quarto apreensíveis, como dois cães de caça, tentando ouvir qualquer ruído. De pé no ultimo degrau da escada, olharam para baixo e decidiram juntos através dos olhares descerem e verificar quem era o autor dos barulhos, desceram o último degrau, cuidadosamente para não fazer barulho, –o que era quase impossível – pois a escada de madeira a cada passo dos meninos, soltava um rangido que ecoava pela sala inteira a frente deles e provocava cada vez mais pane aos dois.

“- Vai você na frente agora.” Exclamou Adam, com um tom de voz autoritário sobre Richard que assumiu a liderança da caminhada noturna. Entraram na copa e um ruído de saco plástico tirou a atenção dos meninos, o som que parecia sair da cozinha, cessou instantaneamente quando os meninos se aproximaram do balcão que separava a cozinha da sala de jantar da casa, eles se entre olharam e com toda coragem que puderam reunir, até ali saltaram adentro da cozinha e mais uma vez se assustaram, não com o que viram; mais sim com os gritos de Mariana que quase desfaleceu com o susto que os dois meninos aplicaram nela.

- Eu mandei vocês irem dormir!

- Desculpa mãe... Ouvimos um barulho e achamos que podia ser alguma coisa.

-É verdade tia, a Senhora nos assustou. –Defendeu-se Adam da acusação.

-Eu assustei vocês? Meu coração quase saiu pela boca. Brincou Mariana com os meninos.

Ali eles riram por alguns minutos e acompanharam Mariana, que na verdade havia descido para tomar leite, uma coisa que depois do susto ela prometeu aos meninos não fazer mais sozinha na madrugada.

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Atualizado em: Ter 20 Abr 2010

Comentários  

#2 tania_martins 22-04-2010 21:51
Parabéns!
+1 #1 Abreu 21-04-2010 14:02
Sequenciando...

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