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Ser professor de escola pública: quem ganha?
Acabei de apagar o quadro e, por um instante, me permiti parar e pensar: o que o governo realmente pensa sobre mim como professor? Qual é o meu papel aos olhos de um Deputado Federal? Quando falo de professor, não estou me referindo aos docentes universitários – que, sem dúvida, merecem o título que carregam –, mas ao soldado da base, aquele que está na linha de frente como regente de turma. Aquele que, diariamente, desempenha múltiplos papéis: é psicólogo, pedagogo, professor, pai, amigo e, muitas vezes, mãe para seus alunos.
Na prática, o professor assume um papel familiar, mesmo sem querer. Para os alunos, ele é mais que um educador; é parte da identidade deles. Eles sentem ciúmes, brigam para afirmar: "Esse professor é meu!" Essa relação, tão intensa e genuína, deveria ser motivo de orgulho para os políticos e gestores escolares. No entanto, o olhar das secretarias municipais e estaduais muitas vezes é frio e distante, incapaz de enxergar o verdadeiro valor desse profissional.
Estamos nos tornando uma espécie em extinção. Dentro de poucos anos, haverá escassez de professores nas escolas públicas. E a quem cabe essa responsabilidade? Aos políticos que transformaram a nossa profissão em algo temido, desvalorizado, quase desencorajado. Quem, hoje, se anima a enfrentar os desafios diários e as adversidades sociais para estar aqui?
Ainda assim, para mim, vale a pena ser professor. Porque, apesar de tudo, ensinar é um ato de resistência, de amor e de esperança. E enquanto houver alunos que enxergam no professor uma referência, uma inspiração, uma força, essa profissão jamais será apenas um trabalho. É uma missão.
Atualizado em: Seg 6 Jan 2025