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Das folhas à raiz

há lembranças, memórias
opiniões perigosas
que melhor ficam
aprisionadas
túmulo das ideias
nunca reveladas

há no solo de terra escura
entre as folhas algumas gravuras
os traços mudam com os ventos
eterno epitáfio desses sentimentos

bem no fundo do baú há uma carta lacrada
palavras que não posso dizer em voz alta
contam da minha alma o que se perdeu
frases tão confusas quanto eu

contorno as palavras para poder dizer
aquilo que não deixo ninguém ver
escondo nos versos sem sentido
a dor que guardarei sempre comigo

as várias facetas da obra são necessárias
o mundo inteiro é pura interpretação
dentro da pele escondo muitas marcas
usada para revestir o próprio artesão

nunca ninguém entendeu
morrerei uma incógnita
dentre todas as geleiras
fui sempre a mais sólida

não se preocupe
nem peça perdão
pois nem mesmo eu
entendi de antemão

além fui há muito
nada tenho de meu
minha alma é escura
no coração somente breu

meu chão vibra com essas ideias
me fortalece e me mantém vivo
sou assim das folhas à raiz
mesmo que não faça nenhum sentido
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Atualizado em: Qua 23 Out 2024

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