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🔵 Orquestra filarmônica niltoniana da Vila Galvão — O batuque dos corinthianos
Esteticamente era bem precário, mas expressava a alegria, talvez a Ăşnica para muitos. Aquele tipo de “marcha dos excluĂdos” passava recolhendo os desocupados e maltrapilhos da Vila GalvĂŁo.
No fim da rua, o ritmo fora do ritmo anunciava que o nosso carnaval fora de Ă©poca e de compasso já tinha começado o desfile. O som do batuque aumentava Ă medida que o bloco se aproximava. O aspecto dos ritmistas sem ritmo, mais a barulheira, sugeriam que se tratava de um destacamento de “Napoleões de HospĂcio” ou o “IncrĂvel ExĂ©rcito de Brancaleone”.
O maestro daquela orquestra anárquica era o NĂlton. De uma maneira inocente, NĂlton, o maestro, distribuĂa os instrumentos de percussĂŁo aos moleques com pouco ou nenhum dom para a MĂşsica. Suspeito que alguns daqueles pirralhos nem sequer eram “Alvinegros”, portanto, embarcavam no bloco da “bateria nota 10” niltoniana sĂł pelo barulho e para fazer bagunça.
Isso foi num tempo em que os torcedores do Timão eram chamados de “maloqueiro e sofredor”. Pelo estado da molecada, nós éramos merecedores dos adjetivos pejorativos. Hoje, os apelidos são aceitos e foram incorporados; da mesma maneira, os palmeirenses chamam-se de “porco”.
O batuque da Vila Galvão foi uma tradição informal que passava pelas ruas daquele bairro guarulhense nos sábados em que o Corinthians vencia. Não importava se parecêssemos uma tribo, nosso arrastão do bem fazia questão de avisar que estávamos felizes, pois o nosso time havia ganhado.
Poucos devem ter sentido falta, talvez outros atĂ© sentiram certo alĂvio, mas a tradição tácita foi interrompida, Aquela turma nunca mais passou batucando. O CoringĂŁo seguiu ganhando jogos. Mas orquestra sem maestro nĂŁo se apresenta...
Atualizado em: Seg 16 Set 2024