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Céu - Inferno

Ao acordar, vejo o sol brilhando no céu azul cintilante.
Me sinto em paz, talvez feliz. Nunca totalmente feliz, claro.
Está quente, mas não muito e o vento corre pela casa.
Já ouço os carros na avenida aqui em frente de casa. Não gosto muito do barulho de ambulância logo pela manhã.
A sensação dentro de mim é de comodidade, paz, sem preocupações ou problemas.
Porém, eu não sei até quando tudo isso pode durar.
Talvez até depois das 9:00? Do almoço? Ou ao entardecer?
Começo a ficar na espreita dos sinais, dos gatilhos. Algo que vejo, que ouço, que penso.
Antes eu não me preocupava com isso. As mudanças de humor aconteciam de mês para mês, diferente de hoje, que acontece durante o dia.
Dois meses eu passava bem, feliz, enérgica. Dois meses completamente depressiva, suicida.
Na maioria das vezes eu acordo bem, tranquila, mas durante o dia, vivendo com o tédio, crio situações em minha mente e começo a pensar em tanta coisa que lentamente vou me transformando em outra pessoa.
Eu não sei direito o que o entardecer tem, mas ele sempre me deixa melancólia. Eu me sento na sacada com um café e cigarros e fico triste, lembrando do passado.
As vezes revoltada, as vezes arrependida, as vezes triste.
Todo o meu sentimento de felicidade é sugado e então uma nuvem negra paira sobre a minha cabeça.
Aquele pensamento que me incomoda não sai da minha cabeça e não me deixa sair do poço.
Essa mistura de sentimentos e sensações me deixa tão confusa, exausta. Eu fico cansada o tempo todo, sempre carregando esse fardo.
Pobre coração.
Bom, então eu começo a comer, a fumar, a ficar estressada, a descontar tudo nas outras pessoas que moram comigo, a me cortar.
Minha mãe me faz chá ou as vezes preciso me medicar (revoltril).
Eu me isolo, fico imóvel na cama.
Tudo isso em questão de horas/minutos. Tudo muda. Jogo tudo para o alto e não consigo ver tudo de bom que existe na minha vida.
Mas então eu paro e penso: eu não quero isso para mim nem para minha vida. Vou tomar um banho e asistir algo na tv. Quem sabe escrever um pouco.
Então eu tento. Não me esforço ao máximo, mas para mim, o mínimo já faz uma grande diferença.
Eu tenho 32 anos! 32! É tudo tão complicado e pesado. Eu nunca posso relaxar e me deixar levar, pois o tempo pode sempre mudar.
Sim, eu preciso voltar a fazer terapia. Preciso aprender a lidar com todas essas mudanças de humor, mas nunca tive sorte com terapeutas. Num deles soube me entender e me ajudar. Sempre achei que foi uma perda de tempo. Sou muito complicada, muito neurótica. Seria um trabalho de décadas até eu aprender como lidar comigo mesma.
Enfim, posso dizer que do arco-íris pode-se chegar à tempestade, contudo, nunca venta antes dela chegar. Nunca há sinais para eu poder me preparar.
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Atualizado em: Seg 22 Jan 2024

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