- Artigos / Textos
- Postado em
5 anos
Cinco anos foi o tempo que perdi logo após descobrir que tudo iria mudar, que nada mais seria igual ao que era antes. Primeiro foram as clínicas. Uma em cada estado, uma em cada cidade. Trinta dias aqui, 3 meses ali. Passando o tempo fumando cigarros, lendo livros, tomando café e comendo comida xoxa e sem sal (tirando aquele lugar 5 estrelas que tinha bifê com todo tipo de carne, pães, geléias e saladas). O último lugar foi o pior, o mais barato e mais perto de casa. Lá foram jogados fora 7 meses, dividindo quarto com mais três pessoas, fila para tomar banho, pão seco com chá mate no café da manhã e carne de quinta com quiabo na janta. O cigarro era contado, 10 por dia. Claro, existia todo um contrabando lá dentro, onde trocavamos cigarros por peças de roupa, um batom caro ou uma bolacha recheada. Depois de me internarem em tantas clínicas para tratamento psiquiátrico, recebi alta e fui para casa. Passava os dias como zumbi devido aos remédios fortíssimos que me foram prescritos.
Creio eu que já troquei o que, umas 20 vezes de medicação? Foram cinco anos em que o relógio parou para mim.
Um pouco do tempo perdido foi devido as internações e o restante foram os 3 anos que passei dentro de casa seguindo com o tratamento. Foi tudo muito difícil, não conseguia fazer nada, passava o dia todo deitada na cama a base de rivotril, tomando chá de meleleuca e pitando uns cigarrinhos. O jeito robótico no qual eu me comportava não me deixava praticar exercícios físicos (eu nunca mais vou tomar Haldol na minha vida). Quando comecei a ficar melhorzinha, passava as tardes lendo livros e tomando café. A possibilidade de voltar a trabalhar era zero! Não tinha corpo, alma e espírito para isso.
O que mais me incomodava eram os pensamentos. Acelerados, suicidas, com neuroses e psicoses que não me deixavam dormir. Nada me fazia dormir. Tentei vários remédios. Então a única solução que encontramos foi a tal da ECT, eletroconvulsoterapia. Fiz dez sessões e o procedimento me fez muito bem. A coisa funciona! Sem contar o soninho gostoso causado pelo propofol que é incrível (orgástico!)
Depois disso, fiquei mais um ano em casa. Apenas me tratando. Minha mãe sempre fazia meus gostos, comprava o que eu gostava de comer, me levava para sair e sempre me acompanhou no psiquiatra. Eu necessitava desse tempo. Depois de inúmeras consultas com meu psiquiatra e depois de ser feita de cobaia diversas vezes, finalmente encontramos a medicação certa (Venlift, depakote, litio, neozine e latuda). Logo após eu perceber minha melhora decidi mudar algumas coisas na minha vida e por mais que as vezes eu caia e tenha noção que perdi 5 anos, eu penso que poderia ser pior.
Creio eu que já troquei o que, umas 20 vezes de medicação? Foram cinco anos em que o relógio parou para mim.
Um pouco do tempo perdido foi devido as internações e o restante foram os 3 anos que passei dentro de casa seguindo com o tratamento. Foi tudo muito difícil, não conseguia fazer nada, passava o dia todo deitada na cama a base de rivotril, tomando chá de meleleuca e pitando uns cigarrinhos. O jeito robótico no qual eu me comportava não me deixava praticar exercícios físicos (eu nunca mais vou tomar Haldol na minha vida). Quando comecei a ficar melhorzinha, passava as tardes lendo livros e tomando café. A possibilidade de voltar a trabalhar era zero! Não tinha corpo, alma e espírito para isso.
O que mais me incomodava eram os pensamentos. Acelerados, suicidas, com neuroses e psicoses que não me deixavam dormir. Nada me fazia dormir. Tentei vários remédios. Então a única solução que encontramos foi a tal da ECT, eletroconvulsoterapia. Fiz dez sessões e o procedimento me fez muito bem. A coisa funciona! Sem contar o soninho gostoso causado pelo propofol que é incrível (orgástico!)
Depois disso, fiquei mais um ano em casa. Apenas me tratando. Minha mãe sempre fazia meus gostos, comprava o que eu gostava de comer, me levava para sair e sempre me acompanhou no psiquiatra. Eu necessitava desse tempo. Depois de inúmeras consultas com meu psiquiatra e depois de ser feita de cobaia diversas vezes, finalmente encontramos a medicação certa (Venlift, depakote, litio, neozine e latuda). Logo após eu perceber minha melhora decidi mudar algumas coisas na minha vida e por mais que as vezes eu caia e tenha noção que perdi 5 anos, eu penso que poderia ser pior.
Atualizado em: Dom 21 Jan 2024