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DISTRAÍDO? EU?

Certa época, passando por momentos difíceis, eu tentava corrigir e resolver problemas criados a partir de decisões mal avaliadas. Casado, com dois filhos e com a vida profissional e financeira toda bagunçada, eu necessitava achar uma saída para colocar a minha família em segurança. Eu havia vendido o carro e o único veículo que possuía era uma velha bicicleta.
Cabe aqui um pequeno parêntese para explicar que, neste período, eu estava estudando para um concurso para tentar, como já expliquei, consertar as “cacas” feitas anteriormente e pode-se dizer que o meu equilíbrio emocional não era dos melhores.
Pois bem, um advogado amigo, talvez sensibilizado com a minha situação, resolveu me ajudar, oferecendo uma “motoneta” Biz de sua propriedade para ficar à minha disposição.
– Pode usar, ela está parada, sem uso, juntando poeira na garagem, é até bom que você rode um pouco com ela.
Apesar de um pouco constrangido com a generosa oferta, aceitei de bom grado a Biz, pois facilitaria muito aquelas atividades normais do dia a dia.
Morávamos numa cidade pequena e lá ia eu, pra cima e pra baixo com a motoneta emprestada, fazer compras, ir à farmácia, ao banco, etc. E foi numa dessas idas ao banco, que o inusitado aconteceu.
Era um dia ensolarado e quente e eu necessitei ir até a uma agência da Caixa Econômica Federal para resolver alguma questão bancária. A agência ficava no centro da cidade numa rua bem movimentada com poucos lugares para estacionar. É claro que, para uma motoneta, isso não era um grande problema e consegui parar bem em frente a agência. Resolvi rapidamente o que tinha para fazer no banco e sai. Notei que alguém, coincidentemente estacionou uma outra Biz bem ao lado daquela que eu estava utilizando. Montei na Biz, dei a partida e sai em direção a um posto de combustível próximo para abastecer. Chegando lá, desci da moto, levantei o banco e solicitei ao frentista que enchesse o tanque. O frentista tirou a tampa do tanque de combustível e quando ia acionar o gatilho da bomba…
– Pára, pára, pára, pára!
O sujeito, assustado e sem entender nada, olhou para mim e vendo a minha expressão de pânico afastou a mangueira da Biz. Ato contínuo observou incrédulo eu subir na moto e sair em disparada do posto. Foram minutos assustadores em que eu “voei” com aquela motoneta rumo à agência da CEF, no centro da cidade. Fiquei amedrontado com a ideia de que o proprietário da BIZ que eu acabara de “furtar” já tivesse notado a ausência da sua BIZ e tivesse avisado a polícia.
Sim, exatamente isso, eu subi na BIZ errada e, pasmem, a chave da moto serviu e ligou, sacramentando aquele ato criminoso involuntário que eu acabara de cometer.
Cheguei lá e para a minha sorte, não havia ninguém queixando-se do furto da sua moto. Lá estava a BIZ do meu colega à espera deste distraído narrador. Troquei de motoneta e aí, sim voltei ao posto para abastecer e explicar ao frentista o que havia acontecido. Deixei de contar um detalhe, que confesso aqui: a BIZ que eu peguei emprestado era azul e a BIZ que eu “furtei” por engano era verde.
 
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Atualizado em: Qua 25 Out 2023

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