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Após a leitura de “Para não esquecer...”, de Fernanda Ripamonte
Após a leitura de “Para não esquecer...”, de Fernanda Ripamonte
Rogério Duarte Fernandes dos Passos
Comentário. RIPAMONTE, Fernanda Castello Moço. Para não esquecer... Ribeirão Preto: Legis Summa, 2ª ed., 2020, 152 p.
Fernanda Castello Moço Ripamonte é ex-aluna da Escola Estadual Dr. Thomás Alberto Wathely e advogada formada pela Universidade de Ribeirão Preto, com extensa e exitosa trajetória nas letras e filantropia.
Nessa obra, “Para não esquecer...”, a autora consolida um impressionante trabalho de pesquisa sobre notáveis figuras do movimento espírita de Ribeirão Preto. E, ao lado de grandes historiadores citadinos como José Pedro Miranda (1940-1999) e Rubem Cione (1918-2007), Fernanda Ripamonte traz a especificidade de alocar todo o seu conhecimento da Doutrina Espírita de Jesus e Allan Kardec (1804-1869) em favor do registro do Espiritismo em Ribeirão Preto, e, em consequência, inserindo seu nome na galeria dos grandes memorialistas do município.
Alguns dos retratados pudemos conhecer pessoalmente, em especial por meio da convivência na Sociedade Espírita Benedito Rosa de Jesus, localizada na Vila Seixas. Mas o que somos diante de pessoas que, abraçando a Doutrina em estudo e caridade, puseram-se em favor da minimização do sofrimento do outro, da obra assistencial e do amor ao Mestre? Sim, os aqui retratados são grandes, embora nunca o desejassem, com seus os exemplos inspirando novas trajetórias de amor ao próximo e de reforma íntima. Os biografados por Fernanda Ripamonte foram insignes cidadãos, dignos cristãos, pujantes espíritas, e no legado de exemplo e serviço, nos reafirmam a certeza do triunfo da obra benfazeja.
Pudemos conhecer também algumas dessas biografias pela audiência da Web Rádio Verdade e Luz – grande realização de evangelização do movimento espírita ribeirão-pretano –, que trazia na voz da própria autora do livro a narração de algumas de suas pesquisas, de forma a emocionar e sensibilizar os ouvintes ao lado dos estudos doutrinários. Ademais, não deixa de ser interessante observar como, por meio dessa obra, reconhecemos o Espiritismo como motor do desenvolvimento de Ribeirão Preto, em histórias que se entrelaçam com as de nossos antepassados, de nossos amigos, familiares, e, em particular, com as lembranças de pessoas em lugares e circunstâncias que não se detém em outro motivo agora, senão o de forjar os nossos corações rumo ao progresso espiritual.
É preciso acrescentar não apenas o valor histórico do trabalho de Fernanda Ripamonte, mas também o doutrinário, pois a leitura nos mostra como o desenvolvimento da vida dos biografados se erigiu em um ínterim crescente, de verdadeira sublimação, mesmo diante de anfractuosidades e provações. Muitas delas, aliás, nos rememoram que muitas de nossas dificuldades podem ser melhor compreendidas à luz da Doutrina Espírita e, em especial, pela reencarnação, de forma que a bondade infinita do Pai Celestial demonstra – inclusive, pela lógica – inexistirem penas eternas, e que a expiação é mecanismo corretor e reedificador de nós mesmos.
Que consigamos, portanto, por meio da reforma íntima, do estudo das obras de Allan Kardec e da motivação benfazeja de se instruir por diferentes meios – como na audiência da Web Rádio Verdade e Luz –, domar nossas imperfeições e canalizar energias em favor do progresso próprio e da humanidade, que anseia neste planeta Terra superar a condição de mundo de provas e expiações para o de regeneração, donde alcançaremos ainda mais adiantamento, realizações e plenitude em favor do verdadeiro ideal de Jesus.
Neste magnânimo trabalho da Dra. Fernanda Castello Moço Ripamonte, temos como biografados Theodoro José Papa, Jaime Monteiro de Barros, Emanuele Gaetani, João Augusto de Oliveira (o Tio João), Anna de Almeida Pitta, Camilo de Mattos, Emiliano Cardoso de Moraes, Estephânia Servidone Carneiro, Francisco Massaro, Izabel Soares de Moraes, José Delibo, João Perujo, Maria Marcolina, Brazilina Carneiro Moura, José Correa Gomes, Benedito Orlando Batistussi, Cecília Amaral Abreu, Ernestina Marques Bordini (a Dona Tininha), Benedito Cândido, José Soares Cardoso, Ulysses de Souza Carvalho, José de Almeida Rezende, Benedito Daniel, Ubirajara Luiz Malavoglia, Nayr Cunha, Maria Theodora Simões Gomes Rêgo, Mário Ribeiro de Araújo, Nicolau Achê, Victório Anunzio Brigatto, Frebônia Cotrera Pileggi, Lino Engracia de Oliveira, Nelson Rospantini, Américo Orlandi, Angelo Antônio Massaro, Vicente Mendes Mondim Filho (o “Seu Mondim”), Adelino Tamburus, Salvador Trovato, Adelmio Castaldelli, Cândido Pinto da Silva Vallada, Maria da Conceição Bedorim, Encarnação Ruiz Rizzo e Geraldo Balieiro.
Apenas alguns “Para não esquecer...”
E tentando, em oração, se lembrar de tantos outros anônimos que continuam plantando a semente da Doutrina Espírita de Jesus no solo de Ribeirão Preto e do Brasil.
Agradecimentos ao amigo Gilberto Silva e à autora Fernanda Ripamonte por nos proporcionarem o acesso à obra.
Atualizado em: Seg 16 Out 2023