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Espelhos da Vida: Reflexões entre a Maternidade e 'O Mundo, e os mundos de Sofia.
À medida que o tempo passa e as experiências da vida se acumulam, frequentemente nos encontramos no cruzamento entre a realidade vivida e as histórias que permeiam nossa existência, seja através dos livros que lemos ou dos filmes que assistimos. Nessa intricada tapeçaria de emoções e conhecimentos, o desafio da comparação entre a vida real e a ficção nos leva a refletir sobre nossas escolhas, princípios e preconceitos. No entanto, é justamente nesses momentos de reflexão que percebemos o poder transformador da arte e da literatura, capazes de mudar perspectivas e abrir nossos olhos para novas realidades. Como mãe, vivi desafios que me confrontaram com meus próprios valores e me fizeram questionar até onde iria para garantir o bem-estar de meu filho. Ao reviver esses momentos através das páginas de "O mundo de Sofia" e das cenas do filme "O outro mundo de Sofia", encontro paralelos que ressoam de maneiras surpreendentes, levando-me a uma introspecção profunda sobre a natureza do amor, do sofrimento e da determinação. Aqui, compartilho essa jornada emocional, traçando conexões entre a ficção e minha própria vida.
Em uma noite serena, com os pensamentos rondando em minha mente, eu, mãe de Alfredo, Wyllyan e Thaynara, rememoro os desafios e as alegrias que vivenciamos juntos. Recordo-me do pequeno Alfredo, com apenas oito dias de vida, dando sinais de sua luta contra a epilepsia. Era uma época de angústia, quando a simples ação de contar os comprimidos que ele tomava diariamente tornava-se um lembrete constante de sua condição. E quando a cirurgia tornou-se necessária, meu coração quase se rompeu ao vê-lo no Hospital de Base de São José do Rio Preto-SP, acreditando e confiando que tudo ficaria bem.
Anos depois, ao me deparar com a história de Sofia, tanto no livro quanto no filme, uma torrente de emoções se desenrolou dentro de mim. As reflexões filosóficas de "O Mundo de Sofia" me levaram a questionar a natureza da existência e a complexidade da vida. Sofia, com suas indagações sobre "Quem é você?" e "Qual a origem do mundo?", despertou em mim perguntas ainda mais profundas: “O que eu teria feito se estivesse no lugar da mãe de Sofia? Teria tido a mesma coragem de lutar contra o sistema por uma solução para meu filho?”
E enquanto "O Mundo de Sofia" questionava a realidade, "O Outro Mundo de Sofia" trouxe à tona o drama da vida real, mostrando o quão longe o amor de uma mãe pode ir. Vendo a luta de Sofia Langenbach e sua família para cultivar maconha como medicamento, refleti sobre minhas próprias convicções. Como alguém que se manifesta diariamente contra as drogas ilícitas, confesso que meu coração ficou em conflito. Mas, colocando-me em seus sapatos, entendi que, como mãe, faríamos qualquer coisa para garantir a melhor qualidade de vida para nossos filhos. Se o destino de Alfredinho tivesse seguido um caminho semelhante, e se a cannabis fosse a única solução, eu teria quebrado todas as barreiras para ajudá-lo.
Ambas as histórias, embora diferentes em suas abordagens, têm em comum a busca incansável por respostas, seja no campo da filosofia ou na realidade concreta. Ambas também destacam a importância de desafiar o status quo, seja por meio de questionamentos filosóficos ou ações práticas.
Hoje, ao olhar para o rosto sereno de meu filho, que não precisa mais de medicação, agradeço por cada batalha travada e cada vitória conquistada. E, ao refletir sobre as histórias de Sofia e a nossa, entendo que a vida é feita de desafios e escolhas, e que o amor de uma mãe é a força motriz que pode superar qualquer obstáculo.
Atualizado em: Qua 23 Ago 2023