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CUNHADO DO JUCA

Certa vez, um jovem com os seus 18 anos assistia uma aula do curso de direito na faculdade FMU em São Paulo. Péssimo aluno que era, pertencia à chamada turma do fundão e ali estava junto aos seus colegas tentando ao menos aparentar interesse ao que era dito pelo professor.
Logo nos primeiros minutos de aula um dos colegas que estava ao seu lado o cutucou e disse:
– Ih! Olha lá. Aquele cara gostou de você. Não para de te olhar.
Realmente quando o jovem olhou para o sujeito ele, que estava sentado umas quatro fileiras à frente, estava olhando para trás, na sua direção e quando fez o contato visual esboçou um leve sorriso.
É claro que isso chamou a atenção dos outros colegas próximos que passaram a fazer galhofas daquele jovem, que durante a aula inteira, ouvia os gracejos maldosos:
– Olha lá, o cara tá apaixonado. Veja o sorrisinho dele, gamou mesmo. O cara é viado!
Imaginem aquele jovem, imaturo e em plena fase de autoafirmação da sua masculinidade passar quase um a hora sendo zoado pelos colegas e, o pior, olhar para um sujeito que não parava de encará-lo e sorrir. Foi demais para ele.
Eis que toca o sinal. Nem bem a aula termina e o encolerizado jovem parte para cima do sujeito que o encarou a aula toda e aos gritos desfia um rico reportório de palavrões e não fosse a turma do deixa disso, certamente teria agredido fisicamente aquele assustado sujeito que só sabia dizer:
– Você não é cunhado do Juca?
O jovem enfurecido, que já estava daquele jeito em que os sentidos pouco funcionam simplesmente respondia:
– Cunhado do Juca o caralho! Vai se foder seu viado filho da puta!
Um tempo depois, passado o entrevero, um dos amigos que presenciou a confusão e que era mais próximo do jovem fez a seguinte pergunta:
– Escuta, que grande confusão, né? Mas você não tem um cunhado chamado Juca?
– Tenho, porra, mas o que isso tem a haver com essa briga toda?
– Você não ouviu? O sujeito perguntou umas quatro vezes se você não era o cunhado do Juca? Ele te conhece.
A ficha caiu, o jovem empalideceu e começou a buscar na memória quando e onde teria conhecido o sujeito. Lembrou. O cara era colega de trabalho do seu cunhado Juca na extinta empresa aérea VASP e ambos foram apresentados numa visita feita à companhia de aviação.
– Puta que o pariu! O cara me reconheceu e certamente só queria me cumprimentar. E agora?
O desmemoriado e impulsivo jovem, procurou o sujeito para desculpar-se e colocou a culpa nos colegas pelo lamentável ocorrido. O sujeito, muito aborrecido e indignado ouviu calado o pedido de desculpas e se afastou demonstrando toda o seu inconformismo com aquela situação vexatória.
Nem é preciso dizer que o cunhado Juca ficou sabendo do ocorrido pela boca do indignado colega de trabalho que, com certeza não poupou adjetivos para definir aquele jovem, seu cunhado.

 

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Atualizado em: Qui 9 Mar 2023

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