- Artigos / Textos
- Postado em
QUALIDADES E DEFEITOS
Todos nós somos seres imperfeitos, repletos de defeitos. É claro que a definição de um defeito é subjetiva, pois vivemos numa sociedade pluralista com culturas e hábitos diferentes. Da mesma forma possuímos inúmeras qualidades, que também são definidas subjetivamente.
Nem sempre uma característica tida como um defeito pode ser prejudicial à pessoa, assim como uma suposta qualidade pode trazer complicações a quem a tem.
Vou tentar me explicar. Podemos dizer que uma pessoa que presta demasiada atenção na vida alheia tem um defeito. Existem até termos populares para designar quem tem esse comportamento (mexeriqueira, fofoqueira, abelhuda, etc.). Parece-nos, a princípio, que tal comportamento é socialmente reprovável, negativo. No entanto, imaginemos a seguinte situação: uma mulher está sendo vítima de violência doméstica ou até mesmo de um possível feminicídio é salva por uma vizinha que percebe o perigo e chama a polícia. Graças ao comportamento tido como um defeito a vida daquela mulher foi preservada.
Por outro lado, um comportamento tido como uma qualidade, pode trazer dissabores. Vejamos essa situação: temos os chamados comportamentos socialmente aceitos que se inserem nas regras da boa convivência social. Creio que uma pessoa que procura ser bem informada e atenta aos acontecimentos tem uma qualidade. Por conta disso pode expressar a sua opinião com base na sua visão de mundo. Ocorre que nem sempre as pessoas aceitam ou gostam de posicionamentos ou opiniões divergentes ou mesmo conseguem debater um assunto sem encolerizarem-se. Eis aí uma possível qualidade que pode trazer problemas e desavenças.
Somos seres complexos e difíceis. Conviver para mim é realmente uma tarefa difícil da qual reconheço a minha inaptidão. Acabo de reconhecer um defeito meu? Pode ser que sim. Vou mudar? Acho improvável.