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Diários de caça - Capítulo 20 – Hibernação
E lá estava eu, preso naquele quarto de hospital, por conta de um acontecimento que era, ao mesmo tempo, preocupante e constrangedor.
Meu velho e bom amigo, companheiro de tantas horas e motivo de orgulho, estava totalmente enfaixado. A dor enfim tinha passado, mas provavelmente era por conta dos analgésicos. Os reparos haviam sido um sucesso, mas eu não conseguia evitar a ânsia de vômito causada pela preocupação de que meu velho amigo jamais seria o mesmo depois daquilo.
- E então, como está o guerreiro? - Dr Oliveira, médico residente do hospital em que estou internado, veio - Sente-se melhor agora?
Ele falava de meu pau em terceira pessoa e já soltou mais piadas com a situação do que sou capaz de me lembrar. Gostava dele, era novo e cheio de bom humor.
Me zoou no momento em que entrei, o que de certa forma ajudou a me tranquilizar, uma vez que parecia abrandar minhas circunstâncias.
- Sem dores hoje, Doutor - informei.
- Bom. - ele tirou meu lençol e mandou eu tirar a camisola. Fiquei nu, com exceção do tapa sexo ridículo feito de ataduras.
Ele analisou e então informou;
- Vou ter um diagnóstico melhor quando a enfermeira trocar os curativos, mas devo dizer, numa análise prévia, que você não tem com o que se procurar. Não se assuste quando o vir. Vai estar feio - alertou - mas voltará ao normal. Eu garanto. E na pior das hipóteses, se não gostar, podemos cortar fora. Mudança de gênero está em moda - e piscou.
Eu ri do gracejo.
- Quando pensei que seu estoque de piadas havia terminado - comentei.
- Acabou. Mas o enfermeiro do turno da noite me deu outras piadas ótimas de paus fraturados.
- Bom pra você.
- Bem, vou seguindo. Daqui a pouco a enfermeira trará seu remédio. Descanse
- E eu lá tenho outra coisa pra fazer?
As três semanas de recuperação se seguiram de forma agonizante. Realmente, ficar trancado não era pro tipo de pessoa como eu. Eu ficava facilmente irritadiço e tinha de me segurar para não descontar na equipe médica. Eu tinha certeza que uma boa gozada ia me ajudar a aliviar a tensão. Mas nem me masturbar eu poderia.
Vocês devem estar se perguntando: mas o que diabos eu havia arrumado para minha vida?
Pois bem. Vocês acreditam em Karma? Eu não, mas não poderia descartar a hipótese.
Tudo começou em minha estada em Fortaleza. Mais uma vez, cuidando da arquitetura da rede de hotéis de minha rica e esbanjadora patrocinadora.
O bairro em que fiquei naquela temporada era ótimo. Vizinhança agradável, ruas com pouco trânsito, ideal para família. Havia uns dois homens casados e enrustidos que iam até minha casa na surdina levar aquela gozada patenteada no rabo. Enfim, eu poderia me acostumar.
Só tinha um probleminha. O local era próximo de uma igreja de Testemunhas de Jeová, que seguiam o antigo rito de tentar a catequese das almas pagãs como a minha. Eu os descobri da pior forma, numa manhã de feriado em que eu precisava dormir até mais tarde.
Escuto chamarem e, ao olhar pela janela, percebo dois homens bem vestidos. Preocupado, praguejei, mas me arrumei rápido e fui ver o que queriam.
O maior erro de minha vida. Os dois eram insistentes. Eu tentava me desvencilhar deles, mas não me davam sequer tempo para respirar. Inspirados pelo espírito da conversão.
Teve um momento em que minha raiva era tão grande que eu tive de soltar.
- Senhores. Eu e meus demônios estamos ótimos, obrigado. Agora se não se importam, eu fiz serão no trabalho a noite toda e preciso muito da benção do sono. Adeus
Não preciso nem dizer que minha mãe me passou um sermão daqueles por fazer esse gracejo, quando, em minha mais ingênua inocência, lhe contei essa história achando que ia ter alguma graça para ela.
- Com Deus, não se brinca. Ele castiga.
Se o que se sucedeu depois pode ser chamado de praga de mãe, não sei. Mas tenho que admitir que eu abusei da paciência da divindade nesse período. Fazer o que. A insistência daqueles pregadores me irritava.
Normalmente, eram sempre dois homens que vinham até minha casa. Um mais velho, e um garoto. Na maioria das vezes eu os ignorava. As vezes, quando estava afim de afrontar, os ia atender só de cueca. O que normalmente os fazia sair rapidamente. Mas não importava o que eu fazia, eles sempre voltavam.
Eu era um antibactericida e eles os 0,01% de bactérias sobreviventes.
Até que numa manhã em que acordei especialmente cedo, saio eu para correr e na volta passo na padaria para levar meu pão. Chegando em casa, dou com o garoto em meu portão.
- Luke Skywalker veio sozinho, hoje? Onde esta Obi Wan? - brinquei e ele riu do gracejo.
Era um garoto bonito, afinal. Magro, feições delicadas. Naquele dia eu estava especialmente de bom humor. Acredito que fruto da noite anterior em que eu brinquei bastante com um casal de namorados, realizando um sonho antigo que nutri desde os tempos de Bianca e Oscar, em minha terra natal.
- Hoje ele não veio. Não tem se sentido bem. Então estou representando. Embora imagine que você já vá me enxotar.
Não havia maldade ou resignação em sua voz. Apenas a constatação de alguém acostumado a levar portas na cara.
Se foi condolência, ou apenas satanás soprando gracejos em meu ouvido esquerdo, eu não sei. Mas naquela manhã, o convidei a entrar.
Mesmo surpreso, ele aceitou. Ofereci o café que eu já tinha feito antes de correr e nos sentamos.
- Cara, vou ser bem honesto contigo, minha mãe já tentou me levar aos braços da fé há muito tempo e nunca deu certo.
- Entendo. Mas talvez você só não tenha achado o lugar certo... - e pensou, sem saber como me chamar
- Me chamo, Fábio - informei
- Prazer, Fábio. Me chamo André.
- Prazer. Bem, vamos lá então. O que sua igreja pensa de homossexuais? - resolvi atacar logo, já que estava de bom humor e paciência.
- Bem, não tem nenhum problema. Estamos aqui para ajudar a todos. Independente de seus desvios.
- Desvios? - inquiri. Percebi que ele usou as palavras erradas. mas antes de me irritar com aquilo, devo admitir que achei engraçado o ver gaguejar.
- Desculpe, não usei bem as palavras. - apressou-se. Estava claro que era Obi Wan quem tinha o dom da oratória e o Luke ali estava arrependido de ter vindo sozinho. De fato, acreditava ser rejeitado e não precisaria entrar em um debate.
- Tudo bem. Compreendo. Minha única dúvida é: de acordo com vocês, eu vou para o inferno por me deitar com outros homens?
- Claro que não. Sempre a tempo para perdão.
- Então eu deveria pedir perdão?
Ele mais uma vez engoliu.
- Não é isso. Sempre temos de pedir perdão, pois por mais virtuosos que somos, sempre podemos melhorar.
- Claro. Concordo. Mas a respeito de me deitar com outro homem. Eu teria de parar se quisesse comprar meu ingresso par ao céu.
- Olha... Não quero dizer isso
- Quer dizer o que então?
Gente, aquilo estava mais divertido do que eu podia imaginar. Ver o garoto tremer na base daquele jeito me fez ganhar o dia.
- Você deve concordar que esse não é o tipo de relação comum na natureza.
- Discordo. Homossexualidade existe em praticamente qualquer espécie na natureza. Mas a única que cria caso com isso é a nossa.
- Mas não gera filhos.
- Sim. Então, em sua visão, casamento serve apenas para gerar filhos. Então alguém estéril por exemplo não deveria se casar? Ou então, pais que perderam o filho deveriam se divorciar. Talvez depois que criassem os filhos, então o casamento perde o sentido, já que a missão foi cumprida e tanto faz se continuam juntos ou não.
- Você está deturbando o que falei - defendeu-se.
- Estou? - inquiri. Tinha de agradecer a Dom Pedro pelas aulas de oratória.
- Apenas digo que podemos mudar nossas escolhas.
- E você acha que eu me sentir atraído por outros homens é apenas uma questão de escolhas? Deixa eu te contar uma coisa, eu cresci em uma cidade opressora e posso dizer com certeza que ninguém em sã consciência escolheria ser olhado pelos outros como degenerado. Então, caro amigo, não, não é uma escolha. Se fosse, mais fácil seria seguir a maré.
Meu tom devia estar se alterando, pois eu senti medo nele e eu sabia bem como eu conseguia ser intimidador quando queria.
- Só digo que... - tentou articular.
- O que você sabe sobre isso, por acaso? - o interrompi.
- Eu só...
- Muito fácil pra alguém de fora se colocar em um pedestal e...
- Digo apenas que eu me curei.
Soltou de repente, como alguém que emerge depois de horas no fundo da água.
Admito que aquilo me pegou de surpresa. Acho que eu tinha tomado tanto ranço dele e de seu companheiro, que o garoto ali tinha passado totalmente despercebido do meu faro.
- Então você é... - comecei
- Fui - corrigiu e eu ri.
- Foi? Deixou de gostar então?
- Sim - respondeu com convicção.
- Consegue agora transar com mulheres, ou sempre curtiu?
- Eu nunca transei com uma mulher.
- Ué, mas então.
- Eu sou solteiro
- Ah sim - o álibi perfeito, pensei. - e nunca teve vontade?
- Não. O desejo virá quando eu estiver com minha futura esposa.
- Sim, claro. Bobeira minha - ironizei - Mas e homens. Nunca mais sentiu desejo?
- N... Não - a voz vacilou e eu senti a mentira ali.
- Não mesmo?
- Nunca mais me deitei com nenhum homem - corrigiu, com maior convicção, fugindo assim ao cerne da questão.
Resolvido que era hora de afrouxar a pressão, dando-lhe maior confiança. Sem perceber, eu já estava articulando minhas táticas de caça. Satanás devia estar aprontando das suas em minha cabeça.
- Devo admitir que estou impressionado - respondi, falsamente humilde - mas não saberia dizer se consigo.
- Mas claro que consegue - ele se inclinou para frente, disposto a aproveitar aquela trégua e um aparente recuo meu.
- Mas diz aí... Com todo o respeito - e o olhei de cima a baixo - você é um garoto muito bonito. Nossa... Como consegue. Aposto que os caras ainda ficam doidos pra te comer.
Ele riu, ficando vermelho. Daquele jeito encabulado, porém disfarçadamente lisonjeado.
- Isso sempre vai acontecer. Você não pode esperar que todos respeitem sua escolha.
- Eu imagino - e o fitei novamente, antes de desviar o olhar, como quem não quer ser pego no flagra.
- O que? - se distraiu
- Nada - fingi resignação e me posicionei de forma a esconder um aparente volume. Eu não estava de pau duro, mas queria que ele pudesse crer em tal possibilidade.
Percebi que André tentou ver o que eu escondia, mas sem sucesso. Então, recobrando a seriedade, concluiu:
- Mas como eu ia dizendo... Cabe a nós resistir a tentação. Como um vício.
- Hum... - e fiz cara de decepção.
- O que foi? - se impressionou com minha súbita mudança de humor.
- Nada - cruzei as pernas.
- Pode falar.
Eu ri com um pouco de sarcasmo, então me levantei de uma vez.
- Foi mal, deixa eu só trocar de roupa rapidinho. Esqueci que estava todo suado agora pouco.
- T... Tudo bem.
Saí e me troquei no quarto. Demorei mais tempo propositalmente. Não imaginava que ele fosse se trair e tentar me bisbilhotar. Nem aquele garoto devia ser tão burro, mas o deixar ansioso não faria o menor mal.
Botei então uma samba canção, sem cueca por baixo, e uma camiseta.
Voltei e lhe ofereci outra caneca de café, que ele aceitou, dando uma leve sacada em meu volume que balançava dentro daquele tecido fino. Eu ainda não estava excitado, mas meu órgão era capaz de se fazer mostrar naquela roupa sem grandes esforços.
Olhei pra ele de novo, com certa pena. Ele mais uma vez ficou receoso diante de minhas encaradas.
- Então, o que você ia dizendo? - o convidei a continuar, já sem o menor ânimo.
- Na verdade, era você quem ia me dizer o que está pensando.
- Nada demais - fiz pouco caso
- Por favor. Pode se abrir comigo - insistiu e aquele jeitinho de garoto me deu uma vontade ainda mais louca de fuder aquele cu.
- André, é o seguinte. Acho legal você ter se encontrado e tal... Só acho... Sem querer ofender... Que você está se enganando.
- Como assim? - tentou parecer com desdém, mas era claro que minha acusação o deixou desconfortável.
- Você não se "curou", coisa alguma - fiz questão de fazer o sinal de aspas com os dedos enquanto falava. - você só está se negando. Você sente tesão em homens, só escolheu não realizar.
- Mas isso é praticamente a mesma coisa.
Enfim ele tinha admitido. Mesmo sem perceber.
A hora do bote estava chegando mais rápido do que supus. O pobre ratinho não fazia ideia da serpente que estava se enroscando ao seu redor
- Você falou de vício. Não que eu concorde com a comparação, mas vamos seguir seu raciocínio por aí. Vou te dar um exemplo. Eu tive um tio com problemas de alcoolismo. Ele lutava o tempo todo contra o vicio. Em determinados momentos, acreditávamos que ele tinha superado, mas era só ele por um gole na boca que logo voltava. E ainda pior.
Percebi que agora eu tinha sua completa atenção.
- Foi ele mesmo quem me disse uma vez, que o desejo nunca o abandonou. - continuei - E que ele só saberia se estava verdadeiramente curado quando fosse capaz de colocar o primeiro gole na boca e então parar. Até lá, tudo não passava de negação.
- Ele conseguiu?
- Claro. Demorou. Lógico. Mas conseguiu. Hoje ele bebe uma cervejinha uma vez ou nunca com os amigos no bar e é completamente capaz de parar a hora que quiser.
Bebemos o café e percebi que minhas palavras o estavam pondo para refletir.
- Posso te fazer uma pergunta? Pessoal. - questionei.
- Pode.
- Você é... Digo, "era". Passivo ou ativo?
Ele ficou logo vermelho.
- Se não quiser responder, beleza. Estou apenas querendo entender como você conseguiu. Admito que ainda não estou convencido, mas pela primeira vez estou tentando a entender e, quem sabe, dar uma chance
A esperança da catequese o encheu de coragem. Afinal, ele encarava aquilo como uma espécie de missão divina e eu sabia que aquela isca iria funcionar.
- Eu era passivo.
Ponderei a informação em silêncio. Deixando ele ficar ainda mais ansioso.
- Pra você deve ser ainda mais difícil, não é? - mostrei-me solicito - Digo... Você sentia um prazer que só um homem pode te proporcionar.
Não respondeu, sem vontade de admitir.
- Eu, por exemplo, sou bissexual. E exclusivamente ativo - comecei a narrar, sem prestar atenção nele. Como se falasse para mim mesmo e ignorasse sua presença - Então, pra mim não seria uma total abnegação restringir meu cardápio. Afinal - e ri - fuder é fuder, não é? Tá, há diferenças. Pegar um homem e uma mulher exige métodos diferentes. A mulher é, em geral mais delicada, gosta de mais carinhos. Você tem mais controles para manusear antes de deixar no ponto. O homem não, é mais bruto, mais simples. Você pode pegar de jeito e fuder com vontade, sabe? - e soquei a palma da mão para simbolizar.
Nesse instante, olhei para ele e o garoto só faltava babar.
- Desculpa. Estou sento desrespeitoso. - me apressei em corrigir a postura.
Sentei mais relaxado, meu pau já estava quase duro e saia um pouco pela passagem da perna
Ele notou, mas não me avisou.
- Vai ser difícil. Acho que não vou conseguir - ri.
- Claro... Claro que vai.
Ele já não conseguia sequer pensar antes de falar. Estava respirando como se o ar fosse rarefeito.
- Agora abre o jogo. Só pra nós dois. No sigilo. - e o encarei enquanto puxava a barra do meu short e mostrava meu amigo - O que você sente ao ver?
Imediatamente ele ficou tenso e desviou o olhar.
- Viu? Negação. - constatei - Homens ficam pelados na frente de outros o tempo todo. Nos vestiários, por exemplo. Podem trocar de roupa na frente um do outro sem problemas, uma vez que não tem desejo. Se você não consegue nem olhar sem ficar assim, acho que ainda tem um longo caminho pela frente.
O coitado enfim encarou seu desafio. Aquilo era tortura, como apresentar um prato de comida para alguém em jejum. Mas eu não estava nem um pouco solidário naquela manhã.
Levantei e fui até seu lado, no outro sofá. Sentei e peguei sua mão.
- Vamos testar essa sua força de vontade.
A resistência foi tão pífia que acredito que ele sequer tentou. Levei sua mão e fiz seus dedos envolverem meu órgão que chagava a pulsar de tanta excitação.
Ele encarava o desfio de olhar para meu pau com coragem. Lutando para disfarçar a cara de fome que tal imagem o inspirava.
Puxou bem a pele, desnudando a cabeça. Então, num rompante, largou.
Conseguiu sair, mas as marcas da batalha o tornaram presa fácil para os ataques que se seguiriam. A presa já estava agonizando. Era só abater. Entretanto, permitindo-me brincar mais com a comida, resolvi lhe dar crédito.
- Nossa. Realmente você conseguiu - parabenizei, sem saber se estava sendo convincente ou claramente debochado. - você está bem?
- Sim, sim - e se abanava com a blusa - Acho melhor eu ir
- Já? Mas pensei que ia me apresentar a sua fé - e indiquei os inúmeros panfletos com famílias felizes, brincando com animais selvagens, em suas ilustração do que seria o Shangrilá prometido.
- Sim. Sim.
- Eu estava realmente querendo ouvir. Mas cá entre nós, prefiro você ao Obi Wan. - admiti - Ele me parece sisudo, sabe? Não me inspira simpatia. Não vou querer convidar ele pra entrar. Por isso deixei você, pois veio sozinho. Fica mais. Estou quase convencido.
Obviamente ele não cairia naquela lorota, mas também eu não precisava o enganar, apenas oferecer artifícios para que o ajudasse a enganar a si mesmo.
Apoiei-me no encosto do sofá com o cotovelos e o encarei, como um aluno dedicado a aprender
Ele então respirou fundo e começou a falar. Mas era óbvio que, por mais que tivesse decorado todo aquele discurso de cabo a rabo, não era capaz de articular as palavras com precisão. Ainda mais naquelas circunstâncias. Mas seguiu em frente, mesmo sem dizer coisa com coisa, a todo o momento parecia murchar diante de meu olhar, que o encarava como se pudesse ver além de suas roupas e sua pele.
- Você está me deixando sem graça. - informou, quando resolveu retribuir o olhar
- Desculpe - e alisei seu rosto - É que você tem um rosto agradável.
- O... Obrigado.
- Ainda difícil de acreditar, que essa boquinha aí está sem beijar ninguém a tanto tempo.
Ele riu, sem jeito.
-Vou pegar mais café - anunciei, mas ao invés de me levantar, apenas inclinei meu corpo por cima dele, pegando a cafeteira na mesinha do lado do sofá.
Quando voltei com a garrafa, nossos rostos ficaram bem próximos. Lhe dei um beijo suave na boca. Apenas um leve roçar.
- Desculpa - pedi
Mas ele nada respondeu. Era a hora. Sem me afastar, deixando-nos tão próximos até que fossemos capazes de sentir os hálitos de café um do outro, comecei a narrar:
- Sabe. As vezes o meu tio pensava em desistir, cada vez que fraquejava. Mas o convencemos a não. Afinal, aquilo fazia parte do processo. Pois o que seria uma vitória sem as quedas do percurso? Não era o fato de ele perder o controle uma vez ou outra que significava uma derrota. Era apenas um passo, depois de outro.
- Aham - sussurrou, hipnotizado.
Lhe dei outro beijo.
Minha mão alisou sua perna, subindo até chegar ao botão de sua calça e o abrir. Ele segurou minha mão, mas eu o olhei sério e disse:
- Deixa - a autoridade de minha voz foi tudo que ele precisava. Largou e eu abri sua calça.
Depois me posicionei melhor no sofá, ficando de frente para ele e o enlaçando com minhas pernas. O trouxe para meu colo e introduzi uma mão por trás, adentrando a calça e a cueca, localizando rapidamente o caminho entre as nádegas e o buraquinho. André arfou quando circundei o orifício com a ponta do dedo. Com a outra mão, abri sua camisa e lhe chupei o peito. Ele agarrou minha cabeça, enfiando as mãos em garra em meus cabelos. Gemeu baixinho. Um gemido preso e choroso
Meu velho e bom amigo, companheiro de tantas horas e motivo de orgulho, estava totalmente enfaixado. A dor enfim tinha passado, mas provavelmente era por conta dos analgésicos. Os reparos haviam sido um sucesso, mas eu não conseguia evitar a ânsia de vômito causada pela preocupação de que meu velho amigo jamais seria o mesmo depois daquilo.
- E então, como está o guerreiro? - Dr Oliveira, médico residente do hospital em que estou internado, veio - Sente-se melhor agora?
Ele falava de meu pau em terceira pessoa e já soltou mais piadas com a situação do que sou capaz de me lembrar. Gostava dele, era novo e cheio de bom humor.
Me zoou no momento em que entrei, o que de certa forma ajudou a me tranquilizar, uma vez que parecia abrandar minhas circunstâncias.
- Sem dores hoje, Doutor - informei.
- Bom. - ele tirou meu lençol e mandou eu tirar a camisola. Fiquei nu, com exceção do tapa sexo ridículo feito de ataduras.
Ele analisou e então informou;
- Vou ter um diagnóstico melhor quando a enfermeira trocar os curativos, mas devo dizer, numa análise prévia, que você não tem com o que se procurar. Não se assuste quando o vir. Vai estar feio - alertou - mas voltará ao normal. Eu garanto. E na pior das hipóteses, se não gostar, podemos cortar fora. Mudança de gênero está em moda - e piscou.
Eu ri do gracejo.
- Quando pensei que seu estoque de piadas havia terminado - comentei.
- Acabou. Mas o enfermeiro do turno da noite me deu outras piadas ótimas de paus fraturados.
- Bom pra você.
- Bem, vou seguindo. Daqui a pouco a enfermeira trará seu remédio. Descanse
- E eu lá tenho outra coisa pra fazer?
As três semanas de recuperação se seguiram de forma agonizante. Realmente, ficar trancado não era pro tipo de pessoa como eu. Eu ficava facilmente irritadiço e tinha de me segurar para não descontar na equipe médica. Eu tinha certeza que uma boa gozada ia me ajudar a aliviar a tensão. Mas nem me masturbar eu poderia.
Vocês devem estar se perguntando: mas o que diabos eu havia arrumado para minha vida?
Pois bem. Vocês acreditam em Karma? Eu não, mas não poderia descartar a hipótese.
Tudo começou em minha estada em Fortaleza. Mais uma vez, cuidando da arquitetura da rede de hotéis de minha rica e esbanjadora patrocinadora.
O bairro em que fiquei naquela temporada era ótimo. Vizinhança agradável, ruas com pouco trânsito, ideal para família. Havia uns dois homens casados e enrustidos que iam até minha casa na surdina levar aquela gozada patenteada no rabo. Enfim, eu poderia me acostumar.
Só tinha um probleminha. O local era próximo de uma igreja de Testemunhas de Jeová, que seguiam o antigo rito de tentar a catequese das almas pagãs como a minha. Eu os descobri da pior forma, numa manhã de feriado em que eu precisava dormir até mais tarde.
Escuto chamarem e, ao olhar pela janela, percebo dois homens bem vestidos. Preocupado, praguejei, mas me arrumei rápido e fui ver o que queriam.
O maior erro de minha vida. Os dois eram insistentes. Eu tentava me desvencilhar deles, mas não me davam sequer tempo para respirar. Inspirados pelo espírito da conversão.
Teve um momento em que minha raiva era tão grande que eu tive de soltar.
- Senhores. Eu e meus demônios estamos ótimos, obrigado. Agora se não se importam, eu fiz serão no trabalho a noite toda e preciso muito da benção do sono. Adeus
Não preciso nem dizer que minha mãe me passou um sermão daqueles por fazer esse gracejo, quando, em minha mais ingênua inocência, lhe contei essa história achando que ia ter alguma graça para ela.
- Com Deus, não se brinca. Ele castiga.
Se o que se sucedeu depois pode ser chamado de praga de mãe, não sei. Mas tenho que admitir que eu abusei da paciência da divindade nesse período. Fazer o que. A insistência daqueles pregadores me irritava.
Normalmente, eram sempre dois homens que vinham até minha casa. Um mais velho, e um garoto. Na maioria das vezes eu os ignorava. As vezes, quando estava afim de afrontar, os ia atender só de cueca. O que normalmente os fazia sair rapidamente. Mas não importava o que eu fazia, eles sempre voltavam.
Eu era um antibactericida e eles os 0,01% de bactérias sobreviventes.
Até que numa manhã em que acordei especialmente cedo, saio eu para correr e na volta passo na padaria para levar meu pão. Chegando em casa, dou com o garoto em meu portão.
- Luke Skywalker veio sozinho, hoje? Onde esta Obi Wan? - brinquei e ele riu do gracejo.
Era um garoto bonito, afinal. Magro, feições delicadas. Naquele dia eu estava especialmente de bom humor. Acredito que fruto da noite anterior em que eu brinquei bastante com um casal de namorados, realizando um sonho antigo que nutri desde os tempos de Bianca e Oscar, em minha terra natal.
- Hoje ele não veio. Não tem se sentido bem. Então estou representando. Embora imagine que você já vá me enxotar.
Não havia maldade ou resignação em sua voz. Apenas a constatação de alguém acostumado a levar portas na cara.
Se foi condolência, ou apenas satanás soprando gracejos em meu ouvido esquerdo, eu não sei. Mas naquela manhã, o convidei a entrar.
Mesmo surpreso, ele aceitou. Ofereci o café que eu já tinha feito antes de correr e nos sentamos.
- Cara, vou ser bem honesto contigo, minha mãe já tentou me levar aos braços da fé há muito tempo e nunca deu certo.
- Entendo. Mas talvez você só não tenha achado o lugar certo... - e pensou, sem saber como me chamar
- Me chamo, Fábio - informei
- Prazer, Fábio. Me chamo André.
- Prazer. Bem, vamos lá então. O que sua igreja pensa de homossexuais? - resolvi atacar logo, já que estava de bom humor e paciência.
- Bem, não tem nenhum problema. Estamos aqui para ajudar a todos. Independente de seus desvios.
- Desvios? - inquiri. Percebi que ele usou as palavras erradas. mas antes de me irritar com aquilo, devo admitir que achei engraçado o ver gaguejar.
- Desculpe, não usei bem as palavras. - apressou-se. Estava claro que era Obi Wan quem tinha o dom da oratória e o Luke ali estava arrependido de ter vindo sozinho. De fato, acreditava ser rejeitado e não precisaria entrar em um debate.
- Tudo bem. Compreendo. Minha única dúvida é: de acordo com vocês, eu vou para o inferno por me deitar com outros homens?
- Claro que não. Sempre a tempo para perdão.
- Então eu deveria pedir perdão?
Ele mais uma vez engoliu.
- Não é isso. Sempre temos de pedir perdão, pois por mais virtuosos que somos, sempre podemos melhorar.
- Claro. Concordo. Mas a respeito de me deitar com outro homem. Eu teria de parar se quisesse comprar meu ingresso par ao céu.
- Olha... Não quero dizer isso
- Quer dizer o que então?
Gente, aquilo estava mais divertido do que eu podia imaginar. Ver o garoto tremer na base daquele jeito me fez ganhar o dia.
- Você deve concordar que esse não é o tipo de relação comum na natureza.
- Discordo. Homossexualidade existe em praticamente qualquer espécie na natureza. Mas a única que cria caso com isso é a nossa.
- Mas não gera filhos.
- Sim. Então, em sua visão, casamento serve apenas para gerar filhos. Então alguém estéril por exemplo não deveria se casar? Ou então, pais que perderam o filho deveriam se divorciar. Talvez depois que criassem os filhos, então o casamento perde o sentido, já que a missão foi cumprida e tanto faz se continuam juntos ou não.
- Você está deturbando o que falei - defendeu-se.
- Estou? - inquiri. Tinha de agradecer a Dom Pedro pelas aulas de oratória.
- Apenas digo que podemos mudar nossas escolhas.
- E você acha que eu me sentir atraído por outros homens é apenas uma questão de escolhas? Deixa eu te contar uma coisa, eu cresci em uma cidade opressora e posso dizer com certeza que ninguém em sã consciência escolheria ser olhado pelos outros como degenerado. Então, caro amigo, não, não é uma escolha. Se fosse, mais fácil seria seguir a maré.
Meu tom devia estar se alterando, pois eu senti medo nele e eu sabia bem como eu conseguia ser intimidador quando queria.
- Só digo que... - tentou articular.
- O que você sabe sobre isso, por acaso? - o interrompi.
- Eu só...
- Muito fácil pra alguém de fora se colocar em um pedestal e...
- Digo apenas que eu me curei.
Soltou de repente, como alguém que emerge depois de horas no fundo da água.
Admito que aquilo me pegou de surpresa. Acho que eu tinha tomado tanto ranço dele e de seu companheiro, que o garoto ali tinha passado totalmente despercebido do meu faro.
- Então você é... - comecei
- Fui - corrigiu e eu ri.
- Foi? Deixou de gostar então?
- Sim - respondeu com convicção.
- Consegue agora transar com mulheres, ou sempre curtiu?
- Eu nunca transei com uma mulher.
- Ué, mas então.
- Eu sou solteiro
- Ah sim - o álibi perfeito, pensei. - e nunca teve vontade?
- Não. O desejo virá quando eu estiver com minha futura esposa.
- Sim, claro. Bobeira minha - ironizei - Mas e homens. Nunca mais sentiu desejo?
- N... Não - a voz vacilou e eu senti a mentira ali.
- Não mesmo?
- Nunca mais me deitei com nenhum homem - corrigiu, com maior convicção, fugindo assim ao cerne da questão.
Resolvido que era hora de afrouxar a pressão, dando-lhe maior confiança. Sem perceber, eu já estava articulando minhas táticas de caça. Satanás devia estar aprontando das suas em minha cabeça.
- Devo admitir que estou impressionado - respondi, falsamente humilde - mas não saberia dizer se consigo.
- Mas claro que consegue - ele se inclinou para frente, disposto a aproveitar aquela trégua e um aparente recuo meu.
- Mas diz aí... Com todo o respeito - e o olhei de cima a baixo - você é um garoto muito bonito. Nossa... Como consegue. Aposto que os caras ainda ficam doidos pra te comer.
Ele riu, ficando vermelho. Daquele jeito encabulado, porém disfarçadamente lisonjeado.
- Isso sempre vai acontecer. Você não pode esperar que todos respeitem sua escolha.
- Eu imagino - e o fitei novamente, antes de desviar o olhar, como quem não quer ser pego no flagra.
- O que? - se distraiu
- Nada - fingi resignação e me posicionei de forma a esconder um aparente volume. Eu não estava de pau duro, mas queria que ele pudesse crer em tal possibilidade.
Percebi que André tentou ver o que eu escondia, mas sem sucesso. Então, recobrando a seriedade, concluiu:
- Mas como eu ia dizendo... Cabe a nós resistir a tentação. Como um vício.
- Hum... - e fiz cara de decepção.
- O que foi? - se impressionou com minha súbita mudança de humor.
- Nada - cruzei as pernas.
- Pode falar.
Eu ri com um pouco de sarcasmo, então me levantei de uma vez.
- Foi mal, deixa eu só trocar de roupa rapidinho. Esqueci que estava todo suado agora pouco.
- T... Tudo bem.
Saí e me troquei no quarto. Demorei mais tempo propositalmente. Não imaginava que ele fosse se trair e tentar me bisbilhotar. Nem aquele garoto devia ser tão burro, mas o deixar ansioso não faria o menor mal.
Botei então uma samba canção, sem cueca por baixo, e uma camiseta.
Voltei e lhe ofereci outra caneca de café, que ele aceitou, dando uma leve sacada em meu volume que balançava dentro daquele tecido fino. Eu ainda não estava excitado, mas meu órgão era capaz de se fazer mostrar naquela roupa sem grandes esforços.
Olhei pra ele de novo, com certa pena. Ele mais uma vez ficou receoso diante de minhas encaradas.
- Então, o que você ia dizendo? - o convidei a continuar, já sem o menor ânimo.
- Na verdade, era você quem ia me dizer o que está pensando.
- Nada demais - fiz pouco caso
- Por favor. Pode se abrir comigo - insistiu e aquele jeitinho de garoto me deu uma vontade ainda mais louca de fuder aquele cu.
- André, é o seguinte. Acho legal você ter se encontrado e tal... Só acho... Sem querer ofender... Que você está se enganando.
- Como assim? - tentou parecer com desdém, mas era claro que minha acusação o deixou desconfortável.
- Você não se "curou", coisa alguma - fiz questão de fazer o sinal de aspas com os dedos enquanto falava. - você só está se negando. Você sente tesão em homens, só escolheu não realizar.
- Mas isso é praticamente a mesma coisa.
Enfim ele tinha admitido. Mesmo sem perceber.
A hora do bote estava chegando mais rápido do que supus. O pobre ratinho não fazia ideia da serpente que estava se enroscando ao seu redor
- Você falou de vício. Não que eu concorde com a comparação, mas vamos seguir seu raciocínio por aí. Vou te dar um exemplo. Eu tive um tio com problemas de alcoolismo. Ele lutava o tempo todo contra o vicio. Em determinados momentos, acreditávamos que ele tinha superado, mas era só ele por um gole na boca que logo voltava. E ainda pior.
Percebi que agora eu tinha sua completa atenção.
- Foi ele mesmo quem me disse uma vez, que o desejo nunca o abandonou. - continuei - E que ele só saberia se estava verdadeiramente curado quando fosse capaz de colocar o primeiro gole na boca e então parar. Até lá, tudo não passava de negação.
- Ele conseguiu?
- Claro. Demorou. Lógico. Mas conseguiu. Hoje ele bebe uma cervejinha uma vez ou nunca com os amigos no bar e é completamente capaz de parar a hora que quiser.
Bebemos o café e percebi que minhas palavras o estavam pondo para refletir.
- Posso te fazer uma pergunta? Pessoal. - questionei.
- Pode.
- Você é... Digo, "era". Passivo ou ativo?
Ele ficou logo vermelho.
- Se não quiser responder, beleza. Estou apenas querendo entender como você conseguiu. Admito que ainda não estou convencido, mas pela primeira vez estou tentando a entender e, quem sabe, dar uma chance
A esperança da catequese o encheu de coragem. Afinal, ele encarava aquilo como uma espécie de missão divina e eu sabia que aquela isca iria funcionar.
- Eu era passivo.
Ponderei a informação em silêncio. Deixando ele ficar ainda mais ansioso.
- Pra você deve ser ainda mais difícil, não é? - mostrei-me solicito - Digo... Você sentia um prazer que só um homem pode te proporcionar.
Não respondeu, sem vontade de admitir.
- Eu, por exemplo, sou bissexual. E exclusivamente ativo - comecei a narrar, sem prestar atenção nele. Como se falasse para mim mesmo e ignorasse sua presença - Então, pra mim não seria uma total abnegação restringir meu cardápio. Afinal - e ri - fuder é fuder, não é? Tá, há diferenças. Pegar um homem e uma mulher exige métodos diferentes. A mulher é, em geral mais delicada, gosta de mais carinhos. Você tem mais controles para manusear antes de deixar no ponto. O homem não, é mais bruto, mais simples. Você pode pegar de jeito e fuder com vontade, sabe? - e soquei a palma da mão para simbolizar.
Nesse instante, olhei para ele e o garoto só faltava babar.
- Desculpa. Estou sento desrespeitoso. - me apressei em corrigir a postura.
Sentei mais relaxado, meu pau já estava quase duro e saia um pouco pela passagem da perna
Ele notou, mas não me avisou.
- Vai ser difícil. Acho que não vou conseguir - ri.
- Claro... Claro que vai.
Ele já não conseguia sequer pensar antes de falar. Estava respirando como se o ar fosse rarefeito.
- Agora abre o jogo. Só pra nós dois. No sigilo. - e o encarei enquanto puxava a barra do meu short e mostrava meu amigo - O que você sente ao ver?
Imediatamente ele ficou tenso e desviou o olhar.
- Viu? Negação. - constatei - Homens ficam pelados na frente de outros o tempo todo. Nos vestiários, por exemplo. Podem trocar de roupa na frente um do outro sem problemas, uma vez que não tem desejo. Se você não consegue nem olhar sem ficar assim, acho que ainda tem um longo caminho pela frente.
O coitado enfim encarou seu desafio. Aquilo era tortura, como apresentar um prato de comida para alguém em jejum. Mas eu não estava nem um pouco solidário naquela manhã.
Levantei e fui até seu lado, no outro sofá. Sentei e peguei sua mão.
- Vamos testar essa sua força de vontade.
A resistência foi tão pífia que acredito que ele sequer tentou. Levei sua mão e fiz seus dedos envolverem meu órgão que chagava a pulsar de tanta excitação.
Ele encarava o desfio de olhar para meu pau com coragem. Lutando para disfarçar a cara de fome que tal imagem o inspirava.
Puxou bem a pele, desnudando a cabeça. Então, num rompante, largou.
Conseguiu sair, mas as marcas da batalha o tornaram presa fácil para os ataques que se seguiriam. A presa já estava agonizando. Era só abater. Entretanto, permitindo-me brincar mais com a comida, resolvi lhe dar crédito.
- Nossa. Realmente você conseguiu - parabenizei, sem saber se estava sendo convincente ou claramente debochado. - você está bem?
- Sim, sim - e se abanava com a blusa - Acho melhor eu ir
- Já? Mas pensei que ia me apresentar a sua fé - e indiquei os inúmeros panfletos com famílias felizes, brincando com animais selvagens, em suas ilustração do que seria o Shangrilá prometido.
- Sim. Sim.
- Eu estava realmente querendo ouvir. Mas cá entre nós, prefiro você ao Obi Wan. - admiti - Ele me parece sisudo, sabe? Não me inspira simpatia. Não vou querer convidar ele pra entrar. Por isso deixei você, pois veio sozinho. Fica mais. Estou quase convencido.
Obviamente ele não cairia naquela lorota, mas também eu não precisava o enganar, apenas oferecer artifícios para que o ajudasse a enganar a si mesmo.
Apoiei-me no encosto do sofá com o cotovelos e o encarei, como um aluno dedicado a aprender
Ele então respirou fundo e começou a falar. Mas era óbvio que, por mais que tivesse decorado todo aquele discurso de cabo a rabo, não era capaz de articular as palavras com precisão. Ainda mais naquelas circunstâncias. Mas seguiu em frente, mesmo sem dizer coisa com coisa, a todo o momento parecia murchar diante de meu olhar, que o encarava como se pudesse ver além de suas roupas e sua pele.
- Você está me deixando sem graça. - informou, quando resolveu retribuir o olhar
- Desculpe - e alisei seu rosto - É que você tem um rosto agradável.
- O... Obrigado.
- Ainda difícil de acreditar, que essa boquinha aí está sem beijar ninguém a tanto tempo.
Ele riu, sem jeito.
-Vou pegar mais café - anunciei, mas ao invés de me levantar, apenas inclinei meu corpo por cima dele, pegando a cafeteira na mesinha do lado do sofá.
Quando voltei com a garrafa, nossos rostos ficaram bem próximos. Lhe dei um beijo suave na boca. Apenas um leve roçar.
- Desculpa - pedi
Mas ele nada respondeu. Era a hora. Sem me afastar, deixando-nos tão próximos até que fossemos capazes de sentir os hálitos de café um do outro, comecei a narrar:
- Sabe. As vezes o meu tio pensava em desistir, cada vez que fraquejava. Mas o convencemos a não. Afinal, aquilo fazia parte do processo. Pois o que seria uma vitória sem as quedas do percurso? Não era o fato de ele perder o controle uma vez ou outra que significava uma derrota. Era apenas um passo, depois de outro.
- Aham - sussurrou, hipnotizado.
Lhe dei outro beijo.
Minha mão alisou sua perna, subindo até chegar ao botão de sua calça e o abrir. Ele segurou minha mão, mas eu o olhei sério e disse:
- Deixa - a autoridade de minha voz foi tudo que ele precisava. Largou e eu abri sua calça.
Depois me posicionei melhor no sofá, ficando de frente para ele e o enlaçando com minhas pernas. O trouxe para meu colo e introduzi uma mão por trás, adentrando a calça e a cueca, localizando rapidamente o caminho entre as nádegas e o buraquinho. André arfou quando circundei o orifício com a ponta do dedo. Com a outra mão, abri sua camisa e lhe chupei o peito. Ele agarrou minha cabeça, enfiando as mãos em garra em meus cabelos. Gemeu baixinho. Um gemido preso e choroso
Mordi seu peito e ele deu um silvo. Sua bunda já estava desnuda e seu pau duro estava pra fora. Era bem-dotado para seu tamanho pequeno.
O anel piscava e já deixava a primeira falange entrar sem problemas.
- Gostoso - sussurrei - moleque gostoso, você. Sabe que é um pecado um cuzinho desses ficar casto.
- Eu não queria….
- Shiii - e o beijei - Fazemos o seguinte: amanhã você volta para seu projeto. Hoje, você é minha putinha. Ok? Encare isso como uma dieta e hoje, meu amigo, é seu dia de lixo. Tudo bem?
Ele fez um biquinho, respondendo com um sim dengoso.
Tirei sua blusa e depois sua calça. Os sapatos saíram no processo e a cueca foi despida logo depois. Sobrou apenas as meias. O ergui do sofá no colo, pernas enlaçadas em minha cintura, arriei meu short e encaixei na entrada. Com a ajuda da gravidade, enterrei meu órgão em seu corpo pequeno. Ele trincou os dentes e fechou os olhos, enquanto eu entrava seco em seu corpo
Se aquele cu estava fechado para negócios por muito tempo, eu não sabia. Mas que com certeza ele foi muito usado antes de tal decisão, isso era um fato. Até eu me surpreendi com a facilidade que um pau do tamanho do meu tivesse entrado com tão pouca resistência.
- Puto - e lhe dei um tapa na cara - já deu muito esse cu, não é?
Sorri.
Ele não respondeu, gemendo enquanto se segurava em mim. O peguei e o fiz quicar, em pé mesmo. André era leve e fácil de manusear.
- Vou judiar de você, garoto. Ah se vou - avisei, vendo ele me olhar numa ansiedade que deixava claro que minhas ameaças pouco o assustavam. Apesar de ele tentar fazer parecer que sim
- Por favor. Faz tempo que eu não….
Levou outro tapa na cara para se calar. O levei para meu quarto e o joguei na cama. O fiz ficar de quatro e meti a língua em seu ânus. Chupei com vontade, enfiando toda a língua.
André pegou um travesseiro e enfiou na cara para evitar o som dos próprios gemidos.
Ajeitei-me e levantei. Terminei de tirar minha roupa e aproveitei e arranquei suas meias
Encaixei e, segurando em seus ombros, enfiei tudo de uma vez. A imagem de um pau tão grande atacar de forma tão brutal uma bunda tão pequena era sexy em sua faceta mais visceral, mais selvagem.
Fodi com vontade, tesão e, também, um pouco de raiva. Como se descontasse nele não só a punição por aquele preconceito idiota que ele guardava, mas também por todas as manhãs de sono perdidas com suas visitas de catequese.
Fodi com vontade, mantendo-o bem preso em minhas mãos. Meu pau saia e entrava, acertando sempre na mosca quando retornava a sumir em seu corpo.
Arranquei seu travesseiro e puxei seus cabelos
- Geme, puta. Geme.
O rosto vermelho de dor e prazer me deixava louco. Ele gemia agudo, quase um miado.
Dei mais uns três tapas em sua bunda, o último deixando as marcas de meus dedos em sua nádega.
Passei a mão em seu pau e, apesar de mole, o senti melado
- Gostando, né? Vai ter de rezar muito pra mudar quem você é.
O peguei e o girei na cama, como um boneco.
O pus de barriga pra cima, pegando suas penas e deixando de lado, em posição fetal, meti mais, me lançando por cima dele para meu rosto ficar colado ao seu.
- Gosta disso, né? Admite. Fica nesse papinho escroto de cura. Mas você só se engana. É um puto e vai ser um puto. Desses que gostam de alguém pegando com vontade, com força.
Enfiei o mais fundo que consegui, fazendo ele se envergar.
Ele não era capaz de responder. Apenas gemia, lutando para não fazer barulho. Essa preocupação não era partilhada por mim.
Beijei sua boca e depois lhe dei outro tapa. Mais um beijo e mais um tapa. Olhei em seus olhos e sorri.
- Gostando?
Ele não respondeu e levou outro tapa.
- Fala. Gostando, puto?
Mas ele não falava. Não sei se com medo de mim ou dele mesmo.
Não lhe dei um segundo de descanso. Metendo sem dó ou pausa.
Eu suava em bicas, mais do que em qualquer corrida.
Tirei o pau mais uma vez e me surpreendi com o quão fundo havia ficado seu canal. Um buraco dilatado, que contraia. Enfiei mais uma vez a língua, chupando tudo.
André gemia, segurando minha cabeça, puxando como se não quisesse que eu parasse.
Quando terminei, sorri de novo e o encarei
- Gostoso - falei, deixando-o sem graça.
Sentei então na cama e mandei:
- Vem, quica.
O pus no colo e o fiz sentar.
- Vai. Tua vez de ralar Arranca teu leite
Ele obedeceu. Sentando e subindo.
- Rápido - ordenei
E ele foi
- Mais rápido - gritei e lhe dei outro tapa.
O garoto estava usando todas as energias para me satisfazer. Tal situação me deixou eufórico, pois quanto mais eu o apertava, mais ele cedia. Fazer aquele beato agir como uma meretriz barata despertava o que havia de mais sórdido em mim.
E foi aí, senhoras e senhores, que ocorreu o acontecimento. Apesar de toda a ação ter se desenrolado em questão de segundos, sou capaz de ver toda a cena em câmera lenta.
Ele quicando, o momento em que meu pau escapa, ficando exposto, ereto como um mastro pra cima. Então ele volta, descendo com tudo, conforme seguia minhas ordens. Eu percebo o perigo, tento avisar, mas já é tarde. Um impacto e estava eu dando entrada no hospital, tenso para saber o que seria de meu amiguinho ali embaixo. E, consequentemente, de péssimo humor.
Agora, passando toda a raiva e medo iniciais, percebo que aquele período me permitiu refletir. Não adiantava arrumar culpados para aquilo que foi claramente um acidente. Não havia divindade vingativa ou karma. Não era culpa da aporrinhação daqueles seguidores da igreja a qual sequer sei o nome. Eu próprio havia me deixado levar. Estava tão afoito em poder judiar de um rabo de forma tão intensa que acabei provocando.
Enfim, acho que aquilo era um sinal para eu me acalmar. Assim como o urso sabia quando era hora de parar e hibernar para tempos melhores. Acho que eu precisava sossegar e, quem sabe, até crescer como ser humano.
E foi num desses momentos de reflexão que o doutor Oliveira chegou.
- Então, como anda meu paciente mais animado?
- Um raio de sol em uma manhã nublada - respondi, tentando disfarçar o mau humor. Olhei o relógio - São quase 23h, não sabia que haveria passagem médica agora.
- Na verdade não. O fato é que vou sair do hospital essa semana. Minha residência enfim acaba e eu vou assumir no concurso que passei.
- Que bom - o felicitei
- Pois é. Então, resolvi dar uma última olhada em meus pacientes. Minha escala acaba daqui a pouco.
Ele tirou a coberta e olhou.
- O que acha? A fim de dar uma espiada agora ou prefere deixar pra amanhã, com a enfermeira? Acredito que amanhã vamos te liberar para ir pra casa.
- Sério? - fiquei radiante com a expectativa. - podemos ver agora, por favor
Ele então foi tirando os curativos e eu na dúvida se queria ou não ver. A cada esparadrapo removido, o medo e a ansiedade despontavam.
- Olha só. A recuperação está excelente - parabenizou
Então olhei e de fato estava menos grotesco do que imaginei. Estava inchado e roxo em alguns pontos, mas inteiro e reto, como deveria ser.
- Que alívio. Essa coloração…. - arrisquei
- Não se preocupe. Em duas semanas, no mais tardar, ele volta. Você talvez precise tomar remédio para dor em noites frias, mas nada demais. Conseguirá seguir com o tratamento em casa
- Que bom
- Só tenho uma má notícia - brincou, parecendo se divertir com a tensão causada - ele não vai ficar tão grosso assim quando se recuperar.
Demorei pra entender a piada e então ri, como não ria em muito tempo.
- Tudo bem. Meu amigo aqui já é grosso o bastante. Não mudaria nada nele.
- Percebi - e continuou a avaliar, puxou a pele, tateou. Até mesmo o saco ele avaliou, eu não sabia porque
Devia ser a falta de toque humano, ou a enfim certeza de que ele ficaria bem, mas fiquei tão excitado com aquele toque que estava difícil até de respirar.
- Desculpe - pedi, enfim.
- Isso aqui? - e pegou meu pau, mostrando - fica tranquilo. Normal.
- Ok - arfei. Devia ser impressão minha, mas eu começava a sentir maldade em seu toque
- Diz ai, sentindo alguma dor? - perguntou enquanto o tateada e puxava a pele, um movimento que se assemelhava muito com masturbação.
- Tranquilo - arfei.
- Desculpe. Deve ser difícil pra você, não é? Prometo que já estou acabando. - sorriu, enquanto me deixava louco de tesão.
Ele então olhou de um lado para o outro, notando o silêncio do hospital aquelas horas.
- Olha, o que eu vou sugerir agora pode ser pouco ortodoxo, então…. seria legal não comentar com o hospital. Mas acho que seria bom testarmos ele pra tirarmos as dúvidas. O que acha?
Eu demorei para entender que ele estava sugerindo o que eu achava estar sugerindo.
- Bem…. O senhor é o médico - dei de ombros
- Teremos de ser rápidos - avisou.
- Não se preocupe, doutor. Do jeito que estou, vai ser incrivelmente rápido.
Ele sorriu, mostrando uma cara de safado que eu jamais teria imaginado nele. Realmente, meu faro devia estar enferrujando, pois já era o segundo que eu deixava escapar.
Ele desceu o rosto e começou a me chupar. O espasmo foi violento e eu tive de morder a mão para não fazer barulho.
Bem, acho que minha hibernação enfim tinha acabado. E eu achando que finalmente evoluiria espiritualmente... Bem, eu tentei...
Atualizado em: Seg 6 Fev 2023