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MEU AMOR
Casei-me em janeiro de 1.988 e acredito ter sido esta uma das melhores coisas que me aconteceu. Tenho dois filhos maravilhosos, Camila (nascida em 1988)e Danilo (nascido em 1991), que representam a minha maior riqueza. Minha família está constituída sobre uma base sólida e duradoura: o amor recíproco. Este, sempre foi o guardião da nossa união e tem nos dado a força necessária para vencermos todas as adversidades. Não acredito em destino, por isso, prefiro apenas narrar os fatos, para que o leitor tire suas próprias conclusões. Em outubro de 1.986, madrugada de domingo, numa discoteca existente na pequena e bela Cidade de Iguape, situada no litoral sul do Estado de São Paulo, conheci minha mulher. Ela estava sentada com umas amigas perto da pista de danças, quando me aproximei para sentar ao seu lado. A escuridão somada à minha miopia não permitiram que, de longe, eu vislumbrasse seu rosto, de modo que contei com um pouco de intuição e outro tanto de sorte para encontrar o meu futuro amor. Quando consegui ver o seu semblante, pude perceber tratar-se de uma garota bonita e atraente, com traços orientais, que me fizeram lembrar imediatamente do que meu saudoso pai me disse algumas vezes, sobre uma mestiça que trabalhava no banco em que tinha conta, que o impressionara pela sua graça e meiguice. Toda vez que ele era atendido pela “mesticinha”, dizia brincando: -- “um dia vou te apresentar ao meu filho. Ele não é tão bonito quanto o pai, mas é um bom partido”. Meu pai falou algumas vezes que eu precisava conhecer a “mesticinha” que trabalhava no banco, “ela é uma graça!”, ele dizia. Sem ter a certeza de que a pessoa a meu lado era justamente aquela que meu pai se referia, resolvi arriscar e investir nessa idéia para iniciar uma conversa. E não é que deu certo! Ataquei de senhor sabe tudo, dizendo o seu nome e o lugar onde trabalhava. Não deu outra. Acertei na mosca. A curiosidade daquela jovem foi enorme e sem dúvida abriu caminho para o relacionamento maravilhoso. Aumentei sua ansiedade omitindo como havia descoberto seu nome e sua profissão, e valorizei essas informações contando que há algum tempo eu a observava. Uma mentirinha que fez bem ao seu ego e à minha estratégia de sedução. Realmente parece que nossos caminhos já estavam traçados. Tudo bem que Iguape é uma Cidade pequena, mas foi muita coincidência, num lugar lotado, no escuro, eu sentar justamente ao lado daquela garota que meu pai já conhecia, e que, por ter se encantado com ela, desejou que seu filho a conhecesse. Saímos da discoteca, e fomos a uma lanchonete onde não bebi nem comi nada porque não tinha um só centavo no bolso. Se não me falha a memória minha mulher comeu um misto quente e tomou uma coca-cola, e evidentemente pagou a conta. Mesmo constrangido falei de forma divertida que estava “duro” e que não poderia pagar o lanche. Levei-a para sua casa após namorarmos um pouquinho no carro. Na tarde deste domingo inesquecível apresentei-a ao meu pai. Foi uma alegria e grande surpresa para ambos. Minha mulher não podia crer que meu pai, era justamente aquele cliente brincalhão do banco, que vivia dizendo que iria apresentar-lhe o filho. Meu pai, por sua vez, não podia imaginar que o filho encontraria e namoraria aquela jovem mestiça que o atendia no banco. Quem diria? Meu amado pai acabou sendo o cupido deste grande amor. Será que estava escrito? Após esses anos todos de muito amor, estamos juntos, firmes e dispostos a desfrutar dessa união pelo tempo que for possível. Como disse o poeta: “que seja eterno, enquanto dure”.
Atualizado em: Qua 4 Jan 2023