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MINHAS PROFISSÕES

Nas minhas “andanças”, com 46 anos bem vividos e quase tio-avô, já fui bancário, advogado e, atualmente, exerço minha terceira profissão. É curioso notar que não as planejei, elas simplesmente surgiram em minha vida como uma opção momentânea, conveniente às minhas necessidades, ou seja, foram circunstanciais. Mesmo a advocacia, para a qual tive que me formar em direito e ser aprovado em exame da Ordem dos Advogados, não foi especialmente planejada. À época da decisão acerca do vestibular para o curso de Direito, contava com apenas 17 anos e minha mente imatura, como não poderia deixar de ser, estava povoada de idéias e, principalmente, dúvidas. O tempo passou – esta é uma realidade inexorável – e cá estou, há três anos desempenhando um novo e cativante papel nesta nossa complexa sociedade. Diz um ditado chinês: “o homem que fizer o que ama, não trabalhará um só dia em sua existência”. A sabedoria chinesa é incontestável, pois tudo que se faz com “amor”, é prazeroso e consequentemente não é trabalho (literalmente falando), mas sim diversão, passatempo. Não aprecio dizer que amo o que faço, pois reservo este sentimento às pessoas que me são caras e não às convenções humanas, mas gosto do que estou fazendo e digo que estou em paz com esta minha escolha. Penso também que o ciclo não está encerrado e que novos eventos surgem (sujeitinho inquieto), mas estou convicto, por enquanto, que uma nova profissão, se vier, deverá ter íntima conexão com a atual, ou mais especificamente, estará na mesma área de atuação. Sei que você, que não me conhece, já deve estar impaciente com essa conversa e curioso em saber: afinal, qual a profissão desse chato? Peço mais um pouquinho da sua atenção, pois antes, quero falar um pouco sobre ela. Inicialmente digo que é uma atividade riquíssima em variáveis, bastante intensa quanto ao cenário onde é exercida e operacionalmente não admite rotina. Trabalhar nesta profissão é ter a certeza de que um dia jamais será igual ao outro. Se lida com uma gama enorme de interesses e isto também a torna um tanto quanto imprevisível. Vivem-se momentos de muito prazer e alegria e compartilham-se angústias e sofrimentos intensos. Estes contrastes dividem a tênue linha acerca dos valores humanos. Transforma-se de herói a carrasco na velocidade da luz! Muitos nos colocam a pecha de desonestos, haja vista que alguns dão motivos para tal, outros, especialmente aqueles que necessitam dos nossos préstimos, nos dão a exata ideia da nossa importância:somos imprescindíveis. É uma profissão perigosa, não só devido à banalização da violência, mas também pelo local onde a exercemos. Voltar para casa ileso é para se comemorar. Jamais contei isso a alguém, mas criei o hábito de me despedir da minha mulher com três beijos dados na mão e soprados ao vento para que os leve à pessoa amada. Faço isso quando estou saindo de casa para o trabalho e a intenção é a seguinte: se aquele for o nosso último momento juntos, a imagem que fique seja terna. Quero ser lembrado como um cara feliz que sabia demonstrar o seu afeto. Exercer minha profissão atual causa certa preocupação aos meus familiares, mas também os faz sentir orgulho pelo que sou. Por final, tudo isso torna minha profissão envolvente, especialmente quando exercida dentro dos estritos limites para os quais foi criada. Assim, vou “levando a vida”, pois não compactuo com o conselho dado pelo famoso sambista para “deixar a vida me levar”, mas isso é outra história. Ah! Minha profissão?! Ta bom, lá vai: sou...
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Atualizado em: Qua 4 Jan 2023

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