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A SOGRA GAGÁ
Dizem que essa história é verdadeira, mas não me comprometam! Os nomes dos personagens e os lugares são fictícios, portanto, se a carapuça servir a alguém, é mera coincidência. Em janeiro, dona Cornélia passava férias com os filhos na casa de praia no Guarujá e aos finais de semana seu marido, doutor Libertino, deixava São Paulo e descia a serra para se encontrar com a família. Ocorre que durante os dias em que ficava sozinho, ele, além de advogar, cultivava alguns hábitos notívagos, com preferência àquelas aventuras com certas mulheres que, digamos, estão sempre disponíveis. Era sexta-feira à noite e, como de costume, Dr. Libertino resolveu ir à caça. Saiu de casa com destino certo, pois não queria “errar o bote”, então, foi a uma boate localizada na “boca do lixo”, no centro de São Paulo, que atendia perfeitamente suas “necessidades”. Curtiu os shows de “strep tease”, dançou um pouco, e lá pelas tantas escolheu uma “acompanhante” e, após os obrigatórios “drinks” pagos à profissional, saíram em busca de um motel. Pronto, tudo muito rápido e objetivo, pois a noite daquela jovem era longa e o Dr. Libertino, iria direto da sua “pulada de cerca” para o Guarujá, onde passaria o fim de semana com a família. A noite foi boa e o sábado amanhecia sob um lindo céu azul. Dr. Libertino estava bem humorado e conduzia o seu veículo pela Rodovia dos Imigrantes cantarolando as músicas que ouvia no rádio. Chegou ao Guarujá e, a algumas quadras antes da sua casa estacionou o carro e deu uma checada na aparência. Fez um exame detalhado diante do espelho, onde conferiu o cabelo, rosto, roupas, cheiros, procurou manchas indesejáveis, etc., etc.. Constatou que estava tudo em ordem e pensou: querida, lá vou eu. Já na frente de sua casa, buzinou para que abrissem o portão e logo surgiram sua esposa e sogra, dizendo para não guardar o veículo, pois queriam ir ao supermercado. Dona Cornélia ajudou sua mãe, dona Encrenca, entrar no banco traseiro e acomodou-se ao lado do marido, isso é claro após uma calorosa e entusiasmada recepção, afinal, havia cinco dias que não via o “maridão”. O estacionamento do supermercado, pra variar, estava cheio. Dr. Libertino seguia lentamente procurando uma vaga, quando ao baixar um pouco os olhos notou a ponta de um sapato feminino sob o banco da frente. A casa caiu! Frio na barriga, pânico, desespero, Dr.Libertino não acreditou no que via. Pensava: aquela “vadia” fez aquilo de propósito, deixou o sapato ali para acabar com o seu casamento. Era a prova da traição. Se a sua mulher visse o sapato ou esbarrasse nele, seria o fim. Precisava agir rápido! O plano foi desviar a atenção da mulher e da sogra para o lado direito do carro. Parece que ali tem uma vaga, não é mesmo? Olha aquela mulher vai sair! Será que aquele carro está saindo? Nesse instante, num movimento rápido e preciso, alcançou o sapato e arremessou com toda a força pela janela do seu lado. Pronto! Estou salvo! Sai-me bem. Ah! Aquela prostituta me paga! Enfim a vaga. Dr. Libertino estacionou e dona Cornélia desceu para ajudar a mãe a desembarcar. Dona Encrenca nada de descer. Mãe, abra a porta, por que está demorando? Dona Encrenca disse: não acho meu outro pé do sapato! Acho que foi parar embaixo do banco! Dona Cornélia olhou sob o banco e não achando nada olhou para o marido com aquela expressão de quem não está entendendo nada e disse: mãe, não tem nada aqui, não acredito que você saiu de casa apenas um pé calçado! Dona Encrenca esbravejou: Tenho certeza que calcei os dois pés do sapato, pensa que estou “gagá”? Nesse momento Dr.Libertino olhou para a mulher e fez sinal para que ela não dissesse mais nada e após a sogra desistir de ir às compras disse baixinho à mulher: pobrezinha, ta gagá. Compre uma sandália pra ela.
Atualizado em: Qua 4 Jan 2023