- Artigos / Textos
- Postado em
O FEITIÇO
O FEITIÇO DE KAFKA (Inspirado no livro: A Metamorfose de Franz Kafka)
Sim, isso mesmo, não quis nada com ela. Achei-a estranha.
Suas investidas tornaram-se insuportáveis e me afastei, fugi!
Quando nos encontramos pela última vez ela me disse aos gritos: – Você me paga! Vou transformá-lo em um inseto! É claro que não dei importância à bizarra ameaça mas aquela situação me fez pensar aliviado que havia me livrado de uma mulher completamente insana. Ufa! Passados alguns dias do lamentável episódio, comecei a sentir algumas alterações na minha pele, que coçava e descascava, como se fosse queimadura solar. Achei que eram sintomas de ressecamento devido ao clima ou pouca ingestão de líquidos, mas eu estava enganado.
As coisas só pioraram e outros sintomas apareceram. Tive cólicas descomunais e minha cabeça doía sem parar. Notei nódulos nas costas e pequenos furúnculos purulentos pelo corpo todo.
Chega! Preciso ir ao médico. Após as perguntas costumeiras e um breve exame físico o médico falou.
– O senhor está com erupções cutâneas bastante incomuns. Precisamos investigar melhor.
– E as dores, doutor? – Não sei lhe dizer, não vi nada parecido. Vou pedir exames de sangue, urina e imagens do seu abdômen. Voltei pra casa me sentindo muito mal e frustrado com a falta de um diagnóstico. Tomei um analgésico e fui deitar.
Sim, isso mesmo, não quis nada com ela. Achei-a estranha.
Suas investidas tornaram-se insuportáveis e me afastei, fugi!
Quando nos encontramos pela última vez ela me disse aos gritos: – Você me paga! Vou transformá-lo em um inseto! É claro que não dei importância à bizarra ameaça mas aquela situação me fez pensar aliviado que havia me livrado de uma mulher completamente insana. Ufa! Passados alguns dias do lamentável episódio, comecei a sentir algumas alterações na minha pele, que coçava e descascava, como se fosse queimadura solar. Achei que eram sintomas de ressecamento devido ao clima ou pouca ingestão de líquidos, mas eu estava enganado.
As coisas só pioraram e outros sintomas apareceram. Tive cólicas descomunais e minha cabeça doía sem parar. Notei nódulos nas costas e pequenos furúnculos purulentos pelo corpo todo.
Chega! Preciso ir ao médico. Após as perguntas costumeiras e um breve exame físico o médico falou.
– O senhor está com erupções cutâneas bastante incomuns. Precisamos investigar melhor.
– E as dores, doutor? – Não sei lhe dizer, não vi nada parecido. Vou pedir exames de sangue, urina e imagens do seu abdômen. Voltei pra casa me sentindo muito mal e frustrado com a falta de um diagnóstico. Tomei um analgésico e fui deitar.
Logo que coloquei a cabeça no travesseiro me veio um pensamento assustador: será que aquela mulher tem algo com isso? Impossível! Preciso descansar e voltar a ser racional.
Acordei.
– Onde estou?
– Está tudo tão escuro!
Não sinto mais dores e minha pele não coça mais. Noto que estou no chão do meu quarto e tudo ao meu redor tem proporções enormes. Como é possível?
Vejo um raio de luz penetrando por uma fresta na janela e caminho até lá. Sinto algo nas costas e consigo tocar com um dos meus seis pares de pernas.
Não sinto mais dores e minha pele não coça mais. Noto que estou no chão do meu quarto e tudo ao meu redor tem proporções enormes. Como é possível?
Vejo um raio de luz penetrando por uma fresta na janela e caminho até lá. Sinto algo nas costas e consigo tocar com um dos meus seis pares de pernas.
– O quê?!
– Tenho seis pernas com espinhos!
– Tenho asas e sou marrom!
– Tenho antenas acima dos olhos!
– Socoooorro!
Passo por um par de sapatos que têm o tamanho de um ônibus, me esgueiro por uma cadeira que me parece um arranha-céu. O que está acontecendo?
O desespero toma conta de mim. Ando pra todos os cantos do quarto sem saber o que fazer. Eis que tenho uma ideia: preciso de um espelho! Tenho que ver a minha imagem…
Sigo até o banheiro pelos cantos e subo na parede onde está o espelho. Não estou acreditando nisso, eu consigo subir uma imensa parede vertical sem o menor esforço! Chego ao espelho e o que vejo é simplesmente assustador:
Passo por um par de sapatos que têm o tamanho de um ônibus, me esgueiro por uma cadeira que me parece um arranha-céu. O que está acontecendo?
O desespero toma conta de mim. Ando pra todos os cantos do quarto sem saber o que fazer. Eis que tenho uma ideia: preciso de um espelho! Tenho que ver a minha imagem…
Sigo até o banheiro pelos cantos e subo na parede onde está o espelho. Não estou acreditando nisso, eu consigo subir uma imensa parede vertical sem o menor esforço! Chego ao espelho e o que vejo é simplesmente assustador:
– SOU UMA BARATA!
Fico paralisado, catatônico, olho para a minha imagem refletida e vejo detalhes repugnantes e assustadores da criatura em que me transformei. O que será de mim?
Atualizado em: Sex 9 Dez 2022