person_outline



search

Bolsonaro reedita Getúlio Vargas

A História deseja repertir-se em solo brasileiro. O ano de 1930 foi quente no Brasil. Após perder as eleições para Júlio Prestes, Getúlio Vargas não reconheceria o resultado e deu um golpe de Estado antes mesmo do eleito tomar posse. Não contente, em 1937 deu novo golpe mantendo-se no poder e implantando uma ditadura forte que foi chamada historicamente de Estado Novo durando até 1945. Foram quase 15 anos que o Brasil ficou refém de Getúlio.

Estamos em 2022 e tudo indica que Bolsonaro tem lido muito Getúlio Vargas e sua forma de continuar no poder. Enquanto o ditador da década de 30 tratou de segurar-se no poder via aprovação da CLT (demorou 11 anos para reconhecer direitos trabalhistas já exigidos desde 1917), dizendo-se "pais dos pobres" (na verdade era a mãe dos ricos), neste 2022, Bolsonaro tenta segurar-se com o Auxílio Brasil. São cenários e motivações diferentes sendo a mesma dinâmica: tomar e ficar no poder.

Golpismo não é novidade no Brasil. Devemos lembrar que o Império caiu diante de um golpe em 1889, tivemos os dois de Getúlio, o outro foi em 1964. Isto mostra que somos historicamente frágeis em relação ao processo democrático e pessoas que almejam o poder não estão nem aí para a população ou o resultado das urnas. Neste 2022, nosso atual Presidente, está convicto que irá continuar no cargo por mais 4 anos, eleito democraticamente ou não.

Na prática, Bolsonaro quer monarquizar internamente a República. Sabe bem que a "Coroa" cabe aos seus filhos, impor uma ditadura através de uma polícia política armada e fiscalizatória com medo e terror, usando pessoas fanatizadas pelo sonho da "volta ao período da ditadura". Quem defende isto, sabe que viveu sobre sangue de cadáveres e desaparecidos(as). Períodos sombrios que ninguém quer mais de volta.

Uma parte desinformada da sociedade brasileira acredita que Bolsonaro cumprirá a atual Constituição de 1988. Engana-se. Uma ditadura hoje não trabalha com a midiática cena de tanques e nem soldados armados nas ruas. Ela controlará redes sociais, sites, cancelará concessões de emissoras de televisão, jornais, direitos de exercícios profissionais alegando "pelo bem do Estado".

A compra de tecnologia para fins não determinados de vigilância das redes sociais pelas Forças Armadas é suspeitíssima e chamou a atenção nos últimos dias. Interferência de militares no processo eleitoral aumentam ainda mais os sinais de golpismo. Por fim, o 7 de Setembro de 2022 corre o risco de tornar-se um ato pró-ditadura ou mesmo um golpe de Estado criando o "paradoxo da Independência" em seu Bicentenário.

Assusta a passividade popular em concordar com tudo isto. Uma vez ameaçado um golpe de Estado ou ficar criando discursos para tal, seria motivo justo para a população sair às ruas e pedir seu impedimento imediato. É preciso lembrar que esperar para tirar nas urnas pode ser um gravíssimo erro. Quem ameaça golpe não saíra pelo voto das urnas e muito menos respeitará o pleito eleitoral.

Tudo indica que existe uma parcela da população que não gosta de Democracia e nem liberdade. Havendo uma possível tentativa de golpe que haverá, torço para que a massa popular tome ações para a derrubada de Bolsonaro. Ainda que seja eleito democraticamente, há riscos de golpe futuro em favor de seus rebentos. Getúlio parece ter saído do inferno e sua alma tomou o corpo de Bolsonaro. Abram os olhos.
Pin It
Atualizado em: Qua 10 Ago 2022

Deixe seu comentário
É preciso estar "logado".

Curtir no Facebook

Autores.com.br
Curitiba - PR

webmaster@number1.com.br