- Artigos / Textos
- Postado em
Redução acelerada das bibliotecas públicas
Escrevo aqui faz um tempo e fico estimulado pela quantidade de leitores e leitoras que acessam minhas postagens. Procuro trazer algo interessante, poesias históricas feitas por mim, uma crítica ou ironia. O universo virtual ampliou os horizontes e sinto-me confortável para escrever e ler. Antes do mundo digital, eu era conhecido como um rato de biblioteca, aquela pessoa que não saía deste lugar. Poucos dias atrás, li no UOL, o fechamento de bibliotecas em diversas partes do país, especialmente no estado paulista. Tal estado perdeu grande números destes espaços e isto é preocupante ao meu ver, daí este artigo.
O crescimento da Internet ao longo dos anos e a migração do conteúdo impresso para o digital, inclusive vendas de livros mais baratos que os físicos, criou uma onda de fechamento de bibliotecas públicas e reocupação dos espaços destinados ao leitor e leitora para outros fins. Quem perde com isto? A população em geral. Vale dizer que grande parte destes acervos precisavam de renovação pois estavam obsoletos servindo só como material consultivo histórico. Eu tive este problema na biblioteca do meu bairro ao tentar consultar livros na área de Informática. Decepção pura. A maioria das obras datavam da década de 1990 ou anterior e quase nada atingia o início do século.
Esperava as trocas dos acervos, sua atualização e não o fechamento de vastas quantidades de bibliotecas. Tudo indica que o povo brasileiro está perdendo conhecimento de alguma forma mesmo que seja para consulta histórica. Confesso que hoje gasto mais numa livraria do que pego emprestado algum livro numa biblioteca pública. Se precisar, compro. As obras estão mais atualizadas e tenho para consulta quando desejar. Depender das prefeituras, estados e da União para ficar atualizado em bibliotecas públicas é esperar pela eternidade. O método utilizado pelas esferas públicas foi radical. O pouco acesso pela competição com o celular inteligente acelerou o fim deste "custo".
Recentemente houveram em São Paulo dois eventos voltados ao público leitor. Uma Feira do Livro em frente ao Estádio do Pacaembu e a tradicional Bienal do Livro no Expo Center Norte. Há um público realmente interessado em leitura, nota-se que a população carece destes eventos para procura de lançamentos e novidades no meio. No meu caso, eu só busco livros mais específicos, os chamados técnicos. Obviamente, não haverão tais em bibliotecas públicas com atualizações recentes e caso encontre, agradeça. O público que curte leitura está praticamente sendo obrigado a tirar do bolso para adquirir o saber e isto é muito triste.
Algumas hipóteses podem ser levantadas além da chegada da Internet e do celular que tudo sabe e tudo vê. O alto número de sites como este que escrevo proporcionando leitura gratuita é bom concorrente para as bibliotecas públicas. Outro ponto é a aquisição de pacotes pagos através de livrarias online que por uma mensalidade liberam conteúdo farto em todas as áreas do conhecimento evitando até mesmo a compra de obra específica. Não bastasse tudo isto, existe a comodidade do lar com o celular na mão tendo notícias mais atualizadas e textos revisados, seja gratuitamente ou pago. Isto sem contarmos o PDF que muitas vezes é disponibilizado gratuitamente até para baixar.
Tudo isto seria perfeito caso outra pesquisa, não tão recente que vi, mostrou que só metade da população consegue comprar e manter um celular inteligente. Há neste ponto dupla exclusão do saber: o fechamento da biblioteca pública e o não acesso à informação por falta do aparelho. Nota-se um dano coletivo e social em potencial, ainda mais agravado pelo isolamento da pandemia. Estudantes que precisam de mais informações para recuperarem o tempo das escolas fechadas, sentem-se traídos(as) pelas atitudes radicais das esferas públicas. Reduze-se o universo de leitores e leitoras nesta peculiar situação.
Deve-se lembrar que o povo brasileiro não é chegado em leitura. Tirando a leitura pela profissão técnica ou quando está fazendo algum curso, este universo de amantes da leitura é bem reduzido. Dentre os leitores e leitoras, o maior grupo são aqueles que estão vinculados a alguma religião tornando-se um nicho bem caracterizado com espicificidades no conteúdo. Áreas mais técnicas tem sofrido bastante especialmente pelo preço das obras, a dificuldade na produção delas e um público que só faz a aquisição quando não há alternativa.
A redução da leitura e seus impactos é percebido por mim quando converso com pessoas. Se conheço alguém, quer conversar e falo sobre livros, a conversa abrevia-se. Se a pessoa ouve e cito a palavra História, certamente a conversa parte-se para o fim. Noto que as pessoas estão incultas, sem curiosidade histórica sobre os locais que habitam, detestam conversar sobre Política de forma civilizada e assuntos técnicos nem cogito mais. Percebo a existência da famosa redoma. Eu que tenho o hábito de passear em livrarias, não se assuste, eu vou às livrarias para passear, ver novidades, percebo que os melhores amigos são os livros e não as pessoas. Triste constatação. Se acontece com você, não fique triste. Inúmeras pessoas já falaram na minha cara que não gostam de ler! Como pode isto?
Minha conclusão mostra que estamos criando uma sociedade anti-leitura. O preço disto será alto em breve. As pessoas parecem que leem por obrigação e não satisfação. Não temos uma cultura focada na leitura. O fechamento de bibliotecas públicas só ratifica nosso passado histórico onde esperamos 308 anos para termos o direito de acessos aos livros com a chegada da Família Real ao Brasil em 1808. Aquilo que chegava era clandestino ou muito peculiar e destinado ao alvo certo. Esta mentalidade de pouca leitura, mostra que ainda estamos usando métodos dos tempos coloniais. Quando falo que a filosofia colonialista ainda perdura, baseada no tripé do uso de armas, exploração humana e pouca Educação, ninguém acredita.
Para finalizar, ainda vejo o atraso em cascata. Uma coisa leva para outra. Pouca leitura, pouco estudo, empregos piores, salários mais baixos, sociedade acomodada e controlada! Quem ganha com a falta de leitura? Ninguém! Isto afeta até o meio universitário hoje em dia. Alunos(as) optam por apostilas e até mesmo resumos! Sinceramente, não entendo a sociedade de hoje. Quando ministrei aula, tinha gente que reclamava que era muita leitura que eu fornecia. O fim homeopático das bibliotecas públicas com livros impressos está chegando. Temo pelo pior. Só telas não resolvem o problema ao meu ver. Veremos o que acontece com a nação brasileira. A Economia dirá. Fui.
O crescimento da Internet ao longo dos anos e a migração do conteúdo impresso para o digital, inclusive vendas de livros mais baratos que os físicos, criou uma onda de fechamento de bibliotecas públicas e reocupação dos espaços destinados ao leitor e leitora para outros fins. Quem perde com isto? A população em geral. Vale dizer que grande parte destes acervos precisavam de renovação pois estavam obsoletos servindo só como material consultivo histórico. Eu tive este problema na biblioteca do meu bairro ao tentar consultar livros na área de Informática. Decepção pura. A maioria das obras datavam da década de 1990 ou anterior e quase nada atingia o início do século.
Esperava as trocas dos acervos, sua atualização e não o fechamento de vastas quantidades de bibliotecas. Tudo indica que o povo brasileiro está perdendo conhecimento de alguma forma mesmo que seja para consulta histórica. Confesso que hoje gasto mais numa livraria do que pego emprestado algum livro numa biblioteca pública. Se precisar, compro. As obras estão mais atualizadas e tenho para consulta quando desejar. Depender das prefeituras, estados e da União para ficar atualizado em bibliotecas públicas é esperar pela eternidade. O método utilizado pelas esferas públicas foi radical. O pouco acesso pela competição com o celular inteligente acelerou o fim deste "custo".
Recentemente houveram em São Paulo dois eventos voltados ao público leitor. Uma Feira do Livro em frente ao Estádio do Pacaembu e a tradicional Bienal do Livro no Expo Center Norte. Há um público realmente interessado em leitura, nota-se que a população carece destes eventos para procura de lançamentos e novidades no meio. No meu caso, eu só busco livros mais específicos, os chamados técnicos. Obviamente, não haverão tais em bibliotecas públicas com atualizações recentes e caso encontre, agradeça. O público que curte leitura está praticamente sendo obrigado a tirar do bolso para adquirir o saber e isto é muito triste.
Algumas hipóteses podem ser levantadas além da chegada da Internet e do celular que tudo sabe e tudo vê. O alto número de sites como este que escrevo proporcionando leitura gratuita é bom concorrente para as bibliotecas públicas. Outro ponto é a aquisição de pacotes pagos através de livrarias online que por uma mensalidade liberam conteúdo farto em todas as áreas do conhecimento evitando até mesmo a compra de obra específica. Não bastasse tudo isto, existe a comodidade do lar com o celular na mão tendo notícias mais atualizadas e textos revisados, seja gratuitamente ou pago. Isto sem contarmos o PDF que muitas vezes é disponibilizado gratuitamente até para baixar.
Tudo isto seria perfeito caso outra pesquisa, não tão recente que vi, mostrou que só metade da população consegue comprar e manter um celular inteligente. Há neste ponto dupla exclusão do saber: o fechamento da biblioteca pública e o não acesso à informação por falta do aparelho. Nota-se um dano coletivo e social em potencial, ainda mais agravado pelo isolamento da pandemia. Estudantes que precisam de mais informações para recuperarem o tempo das escolas fechadas, sentem-se traídos(as) pelas atitudes radicais das esferas públicas. Reduze-se o universo de leitores e leitoras nesta peculiar situação.
Deve-se lembrar que o povo brasileiro não é chegado em leitura. Tirando a leitura pela profissão técnica ou quando está fazendo algum curso, este universo de amantes da leitura é bem reduzido. Dentre os leitores e leitoras, o maior grupo são aqueles que estão vinculados a alguma religião tornando-se um nicho bem caracterizado com espicificidades no conteúdo. Áreas mais técnicas tem sofrido bastante especialmente pelo preço das obras, a dificuldade na produção delas e um público que só faz a aquisição quando não há alternativa.
A redução da leitura e seus impactos é percebido por mim quando converso com pessoas. Se conheço alguém, quer conversar e falo sobre livros, a conversa abrevia-se. Se a pessoa ouve e cito a palavra História, certamente a conversa parte-se para o fim. Noto que as pessoas estão incultas, sem curiosidade histórica sobre os locais que habitam, detestam conversar sobre Política de forma civilizada e assuntos técnicos nem cogito mais. Percebo a existência da famosa redoma. Eu que tenho o hábito de passear em livrarias, não se assuste, eu vou às livrarias para passear, ver novidades, percebo que os melhores amigos são os livros e não as pessoas. Triste constatação. Se acontece com você, não fique triste. Inúmeras pessoas já falaram na minha cara que não gostam de ler! Como pode isto?
Minha conclusão mostra que estamos criando uma sociedade anti-leitura. O preço disto será alto em breve. As pessoas parecem que leem por obrigação e não satisfação. Não temos uma cultura focada na leitura. O fechamento de bibliotecas públicas só ratifica nosso passado histórico onde esperamos 308 anos para termos o direito de acessos aos livros com a chegada da Família Real ao Brasil em 1808. Aquilo que chegava era clandestino ou muito peculiar e destinado ao alvo certo. Esta mentalidade de pouca leitura, mostra que ainda estamos usando métodos dos tempos coloniais. Quando falo que a filosofia colonialista ainda perdura, baseada no tripé do uso de armas, exploração humana e pouca Educação, ninguém acredita.
Para finalizar, ainda vejo o atraso em cascata. Uma coisa leva para outra. Pouca leitura, pouco estudo, empregos piores, salários mais baixos, sociedade acomodada e controlada! Quem ganha com a falta de leitura? Ninguém! Isto afeta até o meio universitário hoje em dia. Alunos(as) optam por apostilas e até mesmo resumos! Sinceramente, não entendo a sociedade de hoje. Quando ministrei aula, tinha gente que reclamava que era muita leitura que eu fornecia. O fim homeopático das bibliotecas públicas com livros impressos está chegando. Temo pelo pior. Só telas não resolvem o problema ao meu ver. Veremos o que acontece com a nação brasileira. A Economia dirá. Fui.
Atualizado em: Qua 20 Jul 2022