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Meu caro Poe

Meu caro Poe, encontro paz lendo seus contos. 
Admiro seu modo de escrita, sombrio, impactante, profundo e... divertido. Sim, divertido.
O modo que escreve me inspira e às vezes me concede maldições, tais como Medo e Insônia.
Mas isso não é ruim, significa boa coisa. Me envolvo facilmente lendo o que escreve.
Às vezes pergunto para assombrações que me visitam em forma de corvos espectrais:
"Ó tu que das noturnas plagas
Vens embora a cabeça nua tragas,
Sem topete, não és ave medrosa,

Diz os teus nomes senhoriais;

Como te chamas tu na grande noite umbrosa?"
E, em resposta, as ouço dizer:
"Nunca mais."
Mas eu não as temo, pois sei que Nunca mais. Nunca mais as verei novamente, assim como nunca mais irei me ver.

Passo madrugadas ouvindo miados desesperados nas paredes, me perguntando se algum gato estará nelas, vagando em forma de alma, para me atormentar.


Não sei, querido Poe, se quando imagino meu enterro prematuro estou apenas imaginando, sonhando, pois é sempre tão real... Acordo sempre gritando... Demoro muito para perceber que está... tudo bem...? 

E meu coração começa a bater tão alto e forte que me sufoca! Mas admito... Não aguentava mais olhar pela porta, com apenas um faixo de luz, iluminando o branco de algo que, secretamente, me concedia calafrios.
E, sem dúvidas, meu coração é revelador, por bater tão forte desse jeito. Devo tomar cuidado, a culpa poderá matar-me...
Jamais voltarei a perder a cabeça com apostas, elas só trazem confusão ao Diabo, acho que sabe disso... 
Mas não pude deixar de tentar pular aquela roleta, Edgar, era tentador mostrar o que eu era capaz de fazer. Acho que sabe exatamente o que quero dizer.
Eu estou cansada, Edgar, cansada de me esconder com máscaras neste teatro todo, enquanto o mundo desaba lá fora. A Máscara da Morte Rubra me envolveu em um desespero que quis sentir, confesso. 
Eraum belo cavalheiro, dançou comigo por toda a noite, enquanto bebíamos o melhor e mais saboroso vinho naqueles salões, cada qual com uma cor diferente. Foi a melhor festa que tive o desprazer de comparecer. E também foi a última... 
Agradeço a você, Edgar, por me conceder tantos sentimentos diferentes enquanto leio seus contos. 
Acredito que foram várias experiências impactantes, concorda?
Mesmo assim, continuarei a lê-los e tê-los em minha presença para sempre. 
Ou então seria... Nunca mais...?

"Palavras não têm poder de impressionar a mente sem o requintado horror da realidade." - Edgar Allan Poe

Referências e trechos dos contos e poemas:
O Corvo; O Gato Preto; Nunca Aposte sua Cabeça com o Diabo; A Máscara da Morte Rubra; O Coração Revelador.
Todos escritos por Edgar Allan Poe.
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Atualizado em: Seg 8 Mar 2021

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