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Confidência de um ibiaense
Duas coisas que eu gostaria muito que as pessoas considerassem: a primeira é que eu existo, "oi, gente, estou aqui"; a segunda é que eu não sentirei o mundo como elas sentem. Mas não, na vida o que mais ocorre é o contrário, a maioria das pessoas consideram apenas a própria existência, muitas vezes de maneira até exagerada, e exigem que se sinta o que elas sentem em relação a tudo. Nos medem pela régua delas. Alguns anos vivi em Ibiá. Principalmente nasci em Ibiá. Por isso minha tristeza é alegre, vaidosa. Dez por cento de desenvolvimento nas ruas. Noventa por cento de vaidade nas almas. A vontade de ser considerado, que me paralisa a calma, vem de Ibiá, de seus sábados aleluia, pós sexta-feiras da paixão. E esse hábito de sofrer, que tanto me diverte, é doce herança ibiaense. De Ibiá trouxe excessos diversos, que as vezes transbordam e podem ferir. Este orgulho, essa cabeça semi baixa, essa tendência em rir de quase tudo e essa necessidade de prosear. Hoje sou funcionário público e de Ibiá guardo lembranças.