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A gripe de mau humor
Que importa se uma pessoa gravemente enferma com a Covid19 se cura através de hidroxicloroquina, força do pensamento, chá de chifre de rinoceronte ou pelas preces do bispo? Individualmente, nada (a não ser para o rinoceronte em questão): a pessoa segue vivendo, sua família não vai chorar sua falta, interações não serão interrompidas, é vida que segue.
Coletivamente, a história é outra. Não é possível testar todas soluções no mesmo paciente ao mesmo tempo e esperar que somente a eficaz o livre da doença (e todas as outras não façam seu coração explodir, por exemplo). É duro mas temos a ferramenta do aprendizado estatístico: às vezes não entendemos completamente como um medicamento funciona mas ele ... bem ... funciona! É o término feliz da história mas esquecemos de honrar as centenas, talvez os milhares de pacientes/cobaias que vieram antes, emprestaram suas vidas para testes (por vezes inúteis) até consolidar o conhecimento e permitir que milhões sejam salvos. Não choramos por eles, não os conhecemos (paciente B.M., T.A., R.R.) mas devemos parcela importante de nossas vidas a eles (estatisticamente). Cada morte da qual se aprende alguma coisa nos deixa um pouco mais seguros.
Mas talvez você acredite que a água sanitária seja mais eficaz, chá de abacate com hortelã, solução de prata com luz ultravioleta, pedras de sal que emitem íons negativos com energia quântica meso encefálica, rituais com cabras mancas? Tudo bem (democraticamente falando); você segue vivo pela mesma razão que nós: pesquisa séria com resultados práticos tem sido feita, gerando descobertas que tem feito nossa vida muito mais fácil, menos dolorosa e mais longeva. Felizmente para você, estamos todos no mesmo e único 'bonde' e não há forma ou real interesse em expulsar você (embora se fosse o caso, o motivo seria claro: insubordinação, mau comportamento, sabotagem, falta de colaboração e de espírito de coletividade).
Atualizado em: Qui 12 Nov 2020