person_outline



search

Jornadas (arcos) do HERÓI, do MENTOR, do VILÃO e do ANTI-HERÓI

Há quatro arcos (que na verdade são dois) que se cruzam numa história de ficção ou de cunho mitológico. A famingerada jornada do herói, que começa com um personagem incompleto e simplório, que passa por desafios e uma luta essencial e mitológica para retornar como um personagem completo e admirável, não é o único arco a ser pensado. Uma boa dica para quando forem criar um mentor (mestre, eremita, sábio, etc) é colocar ele como um herói que já passou por sua jornada. Isso nem sempre é usado, mas quando é, fica muito bom. Obi Wan Kenobi, Jiraiya (Naruto), dentre outros, são bons exemplos. Pois então, vejamos como funciona (e por que funciona melhor do que não ter esse elemento).

A jornada do herói, que já expliquei em texto anterior, se inicia com um personagem simplório e ingênuo, ou simplesmente alguém aparentemente incapaz de cumprir uma missão que lhe será oferecida. Ele então conhece e passa a ser treinado pelo mentor. Esse mentor pode ou não morrer após esse treinamento (ou ao final dele), e em geral ele é assassinado pelo VILÃO. Então, o herói entra em seu ciclo final de formação de caráter, que culminará em vencer o vilão. Pois bem, um mentor pode ser simplesmente alguém sábio e misterioso, mas também pode ter uma história profunda. E, como o objetivo dele é treinar alguém para ser tão bom ou melhor do que ele, por que não a história pregressa dele ser exatamente ter sido um herói? 

Por isso, eu defendo que um bom mentor foi o herói de outrora. Em outras palavras, o ciclo do herói é apenas metade de sua vida, terminando em glória. E sabemos que a vida não termina em glória, mas sim em morte. E é aqui que entra o vilão. Mas, quem é o vilão? Algo que torna mais interessante o vilão é que ele matar o mentor não seja um assassinato qualquer, mas sim algo que mexa com ele. Afinal, quando o herói for bater nele, ele precisa se lembrar do motivo de estar apanhando. Por isso, duas boas possibilidades são: 

1- O vilão é alguém conhecido do mentor. De preferência muito próximo. Um bom background é colocá-lo como alguém que era bom, assim como o mentor, e que se corrompeu de alguma maneira. 
2- O vilão era um bom candidato a herói que se corrompeu. Aqui ele pode ter sido um colega (treinado junto, companheiro de jornada, etc) do mentor ou pupilo dele. Eu particularmente prefiro essa ultima.

O arco fica assim:
- Mundo Cotidiano
- Chamado 
- Recusa do chamado
- Encontro com o Mentor
- Travessia
- Provações
- Iniciação (provável encontro com o vilão)
- Estrada de provas
- Encontro com a deusa
- Tentação (possível morte do mentor)
- Encontro com o pai
- Apoteóse
- A grande conquista
- Retorno (recusa de retorno, voo mágico, travessia de volta, etc.)
- Senhor de dois mundos (e Liberdade)

Aqui termina o ciclo do herói, onde ele é, diferente de um ser incapaz do início, um ser perfeito e acima de seu mentor. E, por que não, um mentor em potencial! Segue o seguinte arco: 

- Oráculo: algum oráculo dá ao herói a profecia de que outro mal virá no futuro, um mal que ele será incapaz de combater, ele deve buscar um sucessor.
- Busca pelo sucessor: o sucessor é alguém que será maior que ele. É um ser destinado a salvar o mundo. Ele procura alguém digno. 
- Primeiro pupilo: o herói encontra alguém que é melhor do que ele foi no passado. Primeira falha, pois é um personagem já com influências externas. 
- Primeiro treinamento: como o pupilo tem certas capacidades que ele não tinha no passado, o herói (agora mentor) passa a apenas melhorá-lo e dar o caminho das pedras para ele vir a ser o herói.
- Deu erro: ao invés de se tornar um herói, o pupilo torna-se anti-herói, saindo do controle do mentor (ou o mentor acha que o trabalho está pronto e deixa o garoto sucessor por conta própria a espera do novo vilão). Eis que o pupilo passa a buscar poder por outros meios. Aqui as falhas no treinamento tornam-se visíveis. 
- Menino da profecia: mesmo sem procurar, o herói (agora mentor) encontra o verdadeiro futuro herói. Era o destino. Ele é incapaz, fraco e cheio de defeitos. Precisa ser ensinado do zero. (ENCONTRO COM O MENTOR do arco do Herói).
- Novo vilão: mentor percebe que seu primeiro pupilo se tornou o tal mal do futuro. Ele sente-se responsável por esse mal. Treina o novo pupilo (dessa vez da maneira certa) descartando o que fez de errado com o primeiro. 
- Morte: o mentor tenta enfrentar o vilão em um momento de crise onde o novo herói ainda não tem poder para tal. O vilão mata o mentor. (TENTAÇÃO, do arco do Héroi). 

Em breve pretendo abordar o arco do VILÃO. O ANTI-HERÓI é um caso aparte. Até breve.
Pin It
Atualizado em: Qua 6 Maio 2020

Deixe seu comentário
É preciso estar "logado".

Curtir no Facebook

Autores.com.br
Curitiba - PR

webmaster@number1.com.br