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Carta a ela

Querida...,
Creio que nunca soube escrever uma carta de amor. Definitivamente, venho tentando dia após dia chegar no tom perfeito, nas palavras que farão o coração retumbar coma leveza e profundidade que as palavras podem causar. Mas sempre acredito estar longe da perfeição, isso se justifica pelo fato de escrever aqui, na internet, sem alma, sem a devida veneração que as escritas a mão podem causar.
Gostaria que soubesse que estou bem, em primeiro lugar. Sempre estive na verdade, mesmo não conseguindo compreender os meus sentimentos internos. Recentemente comecei a fazer acompanhamento terapêutico e, acredite se quiser, tenho me libertado de alguns fatos que me impediam pensar com clareza a respeito do que vivi um dia. A nostalgia causa a platonice sentimental nas pessoas; é incrível perceber como nossas memórias mudam para aquilo que nossa alma sempre desejou como verdade, por mais falso que seja.
Viver não é simples, tão pouco confortável. Mas algumas pessoas em nosso caminho nos tranquilizam e entregam uma paz por meio da veias e amarras do que chamamos de amor. Sentimento complexo, inexplicável, na sua totalidade. Primordialmente essencial a vida, causa devaneios e alegrias em doses cavalares e marcam a carne como uma cicatriz, impossível de repará-la, guardamos essas conosco para eternidade, são um pedaço de nossas histórias.
Aprendo cada dia mais sobre o amor e cada vez fica mais claro que amar é ter sintonia com aqueles que um dia teve laços físicos e emocionais. Mais que isso. É ter compaixão para entender qual que é o caminho que cada um segue a partir da brusca ruptura e amar cada passo novo que seja dado, desejando, sempre, o melhor dos acasos para quem se amou. De fato, é complicado se entregar ao sentimento de distância e concordar com o destino para que um dia ele prepare as coincidências para um novo ser florir.
Difícil é entender o quanto nós temos culpa no fim de um ciclo que hoje olhamos com saudades cadavéricas. Veja, como profissão advogo pelo bem-estar e, por mais difícil que seja, entendo, não soube encarar a nova vida que te aguardava. Hoje, com olhos treinados por tantas lágrimas maduras derramadas, entendo, devo esperar pelo seu melhor e pelo meu! Até porque, se um dia do futuro nos aguarda, temos que ter aprendido o suficiente para encarar a vida de forma equilibrada e, somente assim, será possível enxergarmos aquilo que nunca vimos. O amor transcendental, talvez? Ou tão somente olhar nos olhos um do outro e saber que fomos passageiros que esqueceram de descer na estação correta.
Talvez esteja sonhando, mas se o não estiver, garanto, estive aprisionado em celas e grades intransponíveis, pois nunca me senti liberto para voar novamente. Se um dia se sentir um tanto quanto prisioneira de si mesma, lembre-se: essas grades tem uma chave poderosa de difícil acesso, mas nos traz de volta a uma realidade de desejos e vontade. Não a encontrei ainda, mas quando te encontrar quero ter certeza que livre estou em busca daquilo que não sei.
Novamente, não me ative ao sentimento amor. Talvez o potencial de escrever uma carta de amor tenha ficado nas séries primárias, onde era simples perguntar: Você gosta de mim? Sim ou não. Mas a vida nos entrega complexidade para desvendar. Hoje, escrevo sobre sentir, o que é mais poderoso que aquele menino de 9 anos de idade, mas não deixa de ser uma busca incansável pelo seu gostar.
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Atualizado em: Sáb 16 Fev 2019

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