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ESCRITORES: DEUSES OU DEMÔNIOS?
Somos escritores porque somos desajustados, assim pensam alguns. Talvez eles tenham razão! Não nos adequamos a qualquer coisa; não nos deixamos ser enganados, a menos que queiramos... Nossos olhos, diferentemente da maioria, ainda que isso transpareça arrogância, enxergam também no escuro e são capazes de ver os maiores horrores cometidos pela Humanidade. Espelhos de nossa alma, os olhos refletem os nossos mais íntimos e não menos vorazes desejos - aqueles que não desbravamos por temer as conseqüências!
Para alguns, somos demiurgos - deuses das letras; para outros, demônios desbravadores de identidades alheias, criaturas com a boca no mundo, irreprimíveis, por que não "malucos belezas" - como diria Raul Seixas? Já para uma meia dúzia, chatos de galocha, que não têm o que fazer. E talvez não tenhamos mesmo, por isso escrevemos... Escrevemos para desabafar o nosso amor pela VIDA, para criticar os poderosos de plantão, aqueles que se fingem de ovelhas, quando são verdadeiros lobos atrás da carnificina, comprando, manipulando e adulterando o presente, o passado e, por que não, o futuro de centenas de inocentes?
Denunciamos as coisas erradas, transformamos mitos em realidade, verdades veladas em mentiras reais, porque, para nós, o medo é estímulo, quando deveria ser uma repulsa, e abre-nos um universo quase indecifrável, só acessível àqueles que nada têm a perder... Aliás, até tem... Mas o que seria? Se soubéssemos, seríamos deuses, não escritores. Uma coisa é certa: as palavras, os seres misteriosos que povoam o imaginário vernacular, mandam que escrevamos; como espíritos, apossam-nos, revelando o destino de vidas alheias, histórias que surgem do nada, vazios que se completam, almas que se reencontram, fantasias que nunca deixaram de ser realidades... Em transe, apenas obedecemos, enquanto as palavras - essas palavras - mandam! Como num jogo de xadrez, elas são as senhoras da verdade, aquelas que endeusam ou assassinam pelo simples prazer de dizer ao mundo que são as únicas que MANDAM, que determinam o xeque-mate. Imunes a qualquer controle ou sentença exterior, às vezes transformam seus hospedeiros em heróis; quando não, em vilões... E isso, ao invés de nos assustar, eleva-nos ao êxtase - o mais profundo deleite metafísico!
Somos escritores angustiados, deuses enclausurados em uma masmorra, cuja chave - jamais vista, está em poder de um senhor conhecido por "dom", que, quase sempre não compreendemos, mas amamos quando nos possui e nos conduz à frente do computador... É a partir daí que passamos da condição de bisonhos mortais para audaciosos criadores de ilusão; possuídos por uma força milhares de vezes maior do que a nossa, damos luz a figuras irradiantes, com histórias distintas e epílogos nem sempre felizes, que beiram, às vezes, à surrealidade! Nesse momento, percebemos quão valiosa é a falsa sensação da onipotência - inerente a todo escritor!
O que seria de nós se não escrevêssemos? Nem deuses, nem demônios; seres vazios, destituídos de corpo e alma... Porque se olharmos bem, as letras são a nossa segunda morada, cuja essência atrai e repele, brilha e espanta, numa dança inquietante de frases, orações, parágrafos e páginas inteiras, como bem define Gabriel - protagonista nefasto de "o Desbravador de Identidades", novela interativa deste escritor, em uma de suas maiores aventuras ao alucinante mundo da poesia introspectiva: "... o homem é capaz de sentir os mesmos prazeres, ou talvez maiores, se estiver, de fato, hipnotizado pelas palavras, pois o que se está em xeque, o tempo todo, é o alcance da satisfação intelectual... Satisfação que se alcança apenas por meio da embriaguez lexical ou por meio do acesso de um leitor aos seus manuscritos..."
Para alguns, somos demiurgos - deuses das letras; para outros, demônios desbravadores de identidades alheias, criaturas com a boca no mundo, irreprimíveis, por que não "malucos belezas" - como diria Raul Seixas? Já para uma meia dúzia, chatos de galocha, que não têm o que fazer. E talvez não tenhamos mesmo, por isso escrevemos... Escrevemos para desabafar o nosso amor pela VIDA, para criticar os poderosos de plantão, aqueles que se fingem de ovelhas, quando são verdadeiros lobos atrás da carnificina, comprando, manipulando e adulterando o presente, o passado e, por que não, o futuro de centenas de inocentes?
Denunciamos as coisas erradas, transformamos mitos em realidade, verdades veladas em mentiras reais, porque, para nós, o medo é estímulo, quando deveria ser uma repulsa, e abre-nos um universo quase indecifrável, só acessível àqueles que nada têm a perder... Aliás, até tem... Mas o que seria? Se soubéssemos, seríamos deuses, não escritores. Uma coisa é certa: as palavras, os seres misteriosos que povoam o imaginário vernacular, mandam que escrevamos; como espíritos, apossam-nos, revelando o destino de vidas alheias, histórias que surgem do nada, vazios que se completam, almas que se reencontram, fantasias que nunca deixaram de ser realidades... Em transe, apenas obedecemos, enquanto as palavras - essas palavras - mandam! Como num jogo de xadrez, elas são as senhoras da verdade, aquelas que endeusam ou assassinam pelo simples prazer de dizer ao mundo que são as únicas que MANDAM, que determinam o xeque-mate. Imunes a qualquer controle ou sentença exterior, às vezes transformam seus hospedeiros em heróis; quando não, em vilões... E isso, ao invés de nos assustar, eleva-nos ao êxtase - o mais profundo deleite metafísico!
Somos escritores angustiados, deuses enclausurados em uma masmorra, cuja chave - jamais vista, está em poder de um senhor conhecido por "dom", que, quase sempre não compreendemos, mas amamos quando nos possui e nos conduz à frente do computador... É a partir daí que passamos da condição de bisonhos mortais para audaciosos criadores de ilusão; possuídos por uma força milhares de vezes maior do que a nossa, damos luz a figuras irradiantes, com histórias distintas e epílogos nem sempre felizes, que beiram, às vezes, à surrealidade! Nesse momento, percebemos quão valiosa é a falsa sensação da onipotência - inerente a todo escritor!
O que seria de nós se não escrevêssemos? Nem deuses, nem demônios; seres vazios, destituídos de corpo e alma... Porque se olharmos bem, as letras são a nossa segunda morada, cuja essência atrai e repele, brilha e espanta, numa dança inquietante de frases, orações, parágrafos e páginas inteiras, como bem define Gabriel - protagonista nefasto de "o Desbravador de Identidades", novela interativa deste escritor, em uma de suas maiores aventuras ao alucinante mundo da poesia introspectiva: "... o homem é capaz de sentir os mesmos prazeres, ou talvez maiores, se estiver, de fato, hipnotizado pelas palavras, pois o que se está em xeque, o tempo todo, é o alcance da satisfação intelectual... Satisfação que se alcança apenas por meio da embriaguez lexical ou por meio do acesso de um leitor aos seus manuscritos..."
Atualizado em: Seg 28 Jul 2008