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Carregando o elefante

Resumido do excelente livro - Carregando o elefante.  

Vá até a cozinha e pegue um pedaço de pão. Coloque-o sobre a mesa e fique o observando. Como é simples, aparentemente. O pão é um bem que pode ser adquirido por qualquer pessoa. Mesmo o miserável dos miseráveis pode esmolar no farol uma moedinha e, por trinta centavos, comprar um pedaço de pão numa das dezenas de milhares de padarias do País. Ao mesmo tempo, como é precioso.

 Se o leitor fosse colocado no meio da floresta e recebesse a ordem de produzir pão, quem seria capaz de fazê-lo?

 Quem saberia, dentre a vegetação silvestre, encontrar os pés de trigo selvagem?

Quem saberia preparar o solo e plantar a quantidade necessária?

 Quem saberia colher, secar e triturar os grãos, preparar a massa, arranjar fermento e acender o fogo?

 O máximo que a maioria de nós conseguiria fazer seria gastar energia e permanecer de barriga vazia.

Mesmo com cinco, dez ou trinta pessoas ajudando, o resultado seria o mesmo. Nós sabemos fazer projeções em uma planilha de Excel, dirigir veículos ou fazer pagamentos via Internet. No entanto, não sabemos produzir o pão que nos manterá vivos amanhã.

Todos os bens e serviços do planeta contêm algum trabalho. O trabalho é um dos componentes da riqueza.

Na verdade só existe riqueza quando existe inovação. Mesmo no caso de um simples pedaço de pão, ele só pode existir devido às invenções de pessoas ao longo de milhares de anos. Se não houvesse aquele que descobriu a semente, aquele que aprendeu a lidar com o solo ou que conseguisse, pela primeira vez, realizar os processos descritos acima, hoje não haveria pão.

A verdade é que a riqueza nada mais é do que o fruto da genialidade humana e da insistência de homens e mulheres em fazer coisas melhores.

A verdadeira riqueza está emcriarcoisas, é isso que nos distingue dos animais. Os seres humanos só são completos quando eles são capazes de criar.

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 Como seria o País de seus sonhos?

Como seria o Brasil caso você de repente desenvolvesse o poder de mudá-lo a seu bel prazer?

Você preferiria que houvesse educação de graça para todos ou cada um deveria poupar para pagar a escola que quiser?

 Você pagaria mais impostos para o Estado cuidar dos pobres ou pagaria menos, para gerar empregos?

Você preferiria ter aposentadoria obrigatória ou arcaria com suas próprias decisões durante a juventude, poupando quanto você quisesse se você quisesse?

A polícia seria mais dura com o crime e correria o risco de avançar sobre algumas liberdades individuais? Mais igualdade ou mais liberdade?

 Cada povo deve fazer esses questionamentos e decidir como construirá seu futuro. Diferentes respostas para as perguntas acima fizeram surgir diferentes modelos de nação, alguns implantados com mais sucesso e outros com menos. Nós, autores desse texto, fizemos o mesmo e criamos a nossa própria visão do que seria o Brasil ideal para nós.

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Impostos suecos e serviços públicos nigerianos

Pouca gente em sã consciência diria que a situação atual do Brasil é perfeita.

 Alunos das escolas públicas estudam com professores semianalfabetos, tirando as piores notas de Matemática do mundo.

 Hospitais apodrecem sem dinheiro nem médicos, enquanto filas de doentes esperam do lado de fora, alguns morrendo e outros voltando para casa sem atendimento.

 Aposentados da iniciativa privada recebem uma pensão que não compra nem um cafezinho por refeição, enquanto alguns juízes aposentados recebem fortunas maiores que a renda de um presidente de multinacional.

 Nas ruas, a população sobrevive apavorada vinte e quatro horas por dia porque os bandidos contam com a impunidade que reina no país e com o despreparo da polícia.

 As estradas em frangalhos, aeroportos em estado caótico, a justiça que leva uma década para julgar uma disputa comercial, enfim, serviços públicos que não fazem jus a esse nome.

Na outra ponta dessa equação está o leão tributário mais voraz do planeta.

 Um governo que devora uma das proporções mais altas da riqueza do país que já se viu. Esses recursos todos são cobrados por meio de dezenas de tipos de impostos, taxas e contribuições. As regras mudam tão rápido e a cobrança é tão complicada que ninguém sabe realmente se está agindo de acordo com a lei ou não. O que quer que a pessoa faça, ela sempre estará infringindo alguma minúcia da extensa e contraditória legislação, abrindo espaço para os vendedores de facilidades.

 É uma montanha de dinheiro saqueada das empresas e dos trabalhadores e que, após trafegar pelas esquinas da corrupção, transforma-se em...absolutamente nada.

 Os desvios são tão grandes que, apesar de o Estado saquear tanta riqueza e não entregar quase nada em troca,a dívida continua crescendo, ou seja, o problema só tende a se acentuar.

 Assoladas por impostos pesados, juros estratosféricos e regras que mudam do dia para a noite, as empresas brasileiras acabam ficando com altos custos, tornando os produtos e serviços muito mais caros e o desemprego muito maior.

 Uma pessoa comum que trabalha com carteira assinada entregaum terçodo seu salário diretamente ao governo, sob a forma de impostos diretos.

 Outro terçovai embora em forma de impostos sobre os produtos que ele compra, como arroz ou TV.

 O restante ele gasta com serviços privados,os mesmos que o governo deveria entregar gratuitamente a ele em troca dos dois terços do seu dinheiro que foram previamente saqueados.

 É esse o Brasil dos seus sonhos?

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 O público na privada- O papel do Estado.

As coisas quase sempre andam pior numa instituição pública do que numa privada basicamente por quatro motivos: pouca competição, garantia de perpetuação, pouco foco no resultado e baixo nível de controledos processos. Esses motivos serão analisados a seguir:

COMPETIÇÃO: A competição é o principal fator de evolução das empresas.

 Em uma sociedade livre, as companhias lutam entre si para conquistar e manter seus clientes. Isso só pode ser feito por meio de investimentos em melhor qualidade dos processos, dos produtos, das pessoas, o que leva à redução de custos e possibilita à empresa oferecer produtos com menores preços tornando-a mais competitiva. Nessa corrida, a sociedade ganha como um todo, já que a economia agita-se gerando resultados efetivos, como laboratórios criando mais remédios, empresas de construção civil erguendo cada vez mais edifícios de modo cada vez mais eficiente e barato. Tudo para ganhar mais mercado, pois se uma empresa ficar parada, será engolida por suas concorrentes. Nessa luta, só há uma vencedora:a sociedade,que recebe os frutos de toda essa evolução. Para se atingir esse círculo virtuoso só é necessário que existam regras claras e liberdade para competir.

 No caso das atividades públicas, muitas vezes existe um monopólio controlando o setor, ou seja, não há competidores. Prestando bom ou mau serviço, a população é obrigada a usar os serviços públicos, por falta de opções.

 GARANTIA DE SOBREVIVÊNCIA: Empresas públicas não vão à falência.

Mesmo que os serviços sejam péssimos, mesmo que haja competição com empresas da iniciativa privada (como o setor petroquímico — petróleo) e as estatais sofram prejuízos atrás de prejuízos, ainda assim a empresa pública pode contar como socorro do Estado para tapar os rombos e manter a atividade.

Efeito disso é a redução cada vez maior da presença do espírito de melhoria e do senso de urgência de mudança. A sensação de imortalidade reforça a baixa qualidade e a ineficiência dos órgãos públicos.

Essa sensação estende-se aos funcionários públicos que lá trabalham, uma vez que a Constituição os protege contra a demissão.

 Enquanto nos Estados Unidos ou na Inglaterra, por exemplo, os servidores públicos podem ser demitidos a qualquer momento caso apresentem baixo desempenho, no Brasil eles não têm esse risco.

 MERITOCRACIA: Em qualquer empresa existem bons e maus funcionários.

Nas empresas privadas tudo ocorre de forma bastante simples. Geralmente os bons, que se dedicam mais e trabalham melhor, são promovidos quando surgem as oportunidades. Isso funciona como estímulo para todos, eles sabem que se forem dedicados, chegarem no horário, realizarem seu trabalho direito, terão mais chances de reconhecimento por seu mérito e, assim, serem promovidos.

 Já nos órgãos públicos, a situação é diferente. Uma infinidade de regras rígidas define as promoções, baseando-se em fatores como tempo de serviço e realização de cursos. Pouco valor se dá à competência e à dedicação, uma vez que esses são fatores subjetivos e que, portanto, não podem ser levados em conta dentro das regras de impessoalidade dos órgãos públicos.

Além disso, não há um dono, em muitos casos o presidente da empresa está lánãoporque galgou ao cargo, mas porque foi nomeado, porque é próximo ao político que está no poder. O mesmo ocorre com os cargos de confiança à sua volta. Ele próprio nomeia amigos, parentes, pessoas para as quais deve favores, ou das quais já projeta receber favores no futuro.

O Brasil possui atualmente25 mil―cargos de confiança, ou seja, posições de trabalho preenchidas por mera indicação política.

Na Inglaterra existem apenas cem. 

Num ambiente onde o corporativismo vale mais que o mérito, em que o parentesco vale mais que a competência e onde as regras rígidas de promoção valem mais do que a capacidade, qual o estímulo existente para todos os outros funcionários? Para que irão dedicar-se, se isso não fará muita diferença em seus salários e seus cargos no futuro? Pior: quanto melhor desempenharem suas funções, mais os políticos incompetentes que foram nomeados se beneficiarão do seu trabalho, justificando que permaneçam por mais tempo no topo das empresas.

 CORRUPÇÃO: Além da falta de competição, da despreocupação em introduzir inovações para sobreviver e da cultura de valorização dos colaboradores pelo apadrinhamento e não pela competência dos órgãos públicos, há ainda outro agravante que os tornam um perigo para a sociedade: o enorme potencial para roubo e desonestidade. Nas empresas privadas, existem duas partes que podem roubar: o dono ou os funcionários. Imaginar o dono roubando, com raras exceções, não faz sentido, pois ele estaria tirando algo que já lhe pertence. Além disso, ele dedica boa parte de sua energia para que os funcionários não roubem sua empresa. Mesmo no caso de grandes corporações, os acionistas costumam ter um conselho vigilante para impedir fraudes e desvios por parte dos executivos. Claro que existem casos, como Enron e WorldCom, empresas americanas que foram à falência por causa de desvios. Mas esses exemplos tornaram-se notórios justamente por serem exceções, na medida em que o sistema costuma manter um rígido controle sobre as corporações.

Nos órgãos públicos a situação é bem pior. Caso o presidente seja desonesto, ele pode desviar recursos da empresa para seu patrimônio pessoal e, não sendo pego, terá ganhos nada modestos com isso. Mesmo sendo honesto, ainda restam todos os outros funcionários, dentre os quais se encontra uma parcela disposta a roubar. O presidente tem muito menor estímulo para vigiá-los, pois caso desviem recursos da empresa, esses prejuízos não serão seus e sim da sociedade como um todo. Isso faz com que, de modo geral, as empresas públicas sejam muito mais corruptas do que as privadas.

Pagando a conta

Como vimos, a baixa competitividade do setor público, a despreocupação com a sobrevivência, o desestímulo à cultura da premiação com base em mérito e desempenho individual e a corrupção que imperam no setor público fazem com que o nível dos serviços oferecidos pelo estado sejainaceitável.

O problema não seria tão grande se os brasileiros tivessem, hipoteticamente, custo zero com o governo.

 Se um marciano descesse à terra todos os meses e pagasse as contas do governo brasileiro, a situação não seria tão ruim, uma vez que, nesse caso fantasioso, o governo nada entregaria, porém nada custaria também. Se este fosse o caso e a economia não estivesse sendo prejudicada, o problema seria muito menor. As pessoas iriam simplesmente ignorar o poder público, pagar seus hospitais, escolas, transportes e seguranças particulares, utilizando, para isso, a totalidade da riqueza que nessa hipótese, cada um conseguiu produzir.

 No entanto, obviamente sabemos que isso não é realidade.

 Essa máquina pública está sendo financiada pelosaqueda maior parte dos recursos do país.

O setor público absorveu, nos últimos 15 anos, 66,8%da riqueza produzida pelo país. Estudo recente desenvolvido pelo professor Renato Fragelli, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), apresenta estimativas que demonstram que o setor público brasileiro ficou com dois terços de todo o aumento de produção de 1991 até 2006, enquanto o setor privado ficou com apenas 33,2%.

O mesmo estudo demonstrou que enquanto o produto interno bruto (PIB) brasileiro nesse período avançou 44,7%, a carga tributária ampliou-se de 24,4% para 37,5%. Com exceção de Itália e França, duas nações com excelente histórico de serviços públicos, nenhum outro país no mundo cobra tantos impostos.

Todo esse avanço demonstra um fôlego sem tamanho de absorção dos recursos da sociedade. É dinheiroarrancado de quem produze que faz enorme falta na hora de investir, produzir mais, gerar empregos e competir internacionalmente.

O Brasil hoje possui uma das mais altas cargas tributárias do planeta, como se demonstrou acima — pelo estudo de Frangelli —, e ela só vem se ampliando.

Além da cobrança de tributos, a sensação que se tem ao observar o sistema legal brasileiro é de que todas as regras estão voltadas paraatrapalhar aqueles que geram riqueza e para favorecer aqueles que vivem de saquear a riqueza alheia.

Mais adiante veremos como o sistema previdenciário, a legislação penal, a legislação trabalhista e praticamente todas as demais manifestações do Estado têm sistematicamentepunido os que produzem e protegido os demais.

Esse sistema suicida traz como resultado uma economia fraca, aumento do desemprego, da pobreza e enorme desperdício das oportunidades existentes para o país.

Resolver esse problema é o maior desafio do Brasil.

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 "Quando você perceber que para produzir precisa obter a autorização de quem não produz nada.

 Quando comprovar que o dinheiro flui para o estatocrata gerador de despesas e não para o sofrido gerador de riquezas.

 Quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você.

 Quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em auto-sacrifício.

 

 Então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada. ”

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Atualizado em: Qui 28 Jun 2012

Comentários  

#3 ESampaio 06-07-2012 05:27
Obrigado Paulo Jose e Wicos.
#2 wicos 05-07-2012 22:50
BOM TEXTO GOSTEI WICOS
#1 PauloJose 01-07-2012 23:32
MUITO BOM REFLEXIVO.
PARABÉNS!
ABRAÇOS.

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