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Crepúsculo das Estrelas (3) - Parte 1

Crepúsculo das Estrelas (3ª parte - e última - da Trilogia das Estrelas)

Capítulo 1: O Planeta Proibido

O universo sempre atraiu a curiosidade do homem. Era, e ainda é, uma busca para entender as leis que o regem. Enquanto não souber a respeito de tudo, não haverá descanso. É uma busca eterna, mas ele nunca se cansa. E também não aprende. Quanto mais longe ele for, mais demorada a volta será. Já se passaram muitos, muitos anos, desde que vários eventos mexeram e remexeram com a Terra e sua humanidade. Felizmente, graças aos esforços de uma linhagem familiar, todos hoje têm seu espaço garantido e seguro. "Segurança". Essa era uma palavra que muitos ouviam, mas não a aplicavam. O decorrer dos anos havia mostrado que era assim. Sempre após um período cíclico, algo tornava a acontecer. Alguma força sempre desequilibrava as leis universais, e era necessário que alguém tomasse providências. Mas, a pergunta que permanecia no ar era sempre a mesma: "quando será o próximo ciclo?". Se todos parassem para pensar, veriam que sempre alguém na época do ciclo destrutivo estava à postos para combater a ameaça. Isso não seria coincidência demais para ser verdade ou arranjado ao acaso? Mas, como sempre alguém dava um jeito e a paz voltava a reinar inevitavelmente, com o passar dos anos, também deixaram de analisar essa possibilidade. Sempre haveria um salvador disponível. Será mesmo? Em todos esses milênios, um único planeta permanecia imutável e "fora" dos eventos. De alguma forma, ele sempre fora deixado de lado, tanto por conquistadores, alienígenas e seres de outras dimensões. Era um planeta muito bonito. Possuía paisagens celestiais com gramados extensos de relva baixa. Havia muitos lagos límpidos e com muita vida marinha. Árvores enormes enfeitavam vários parques naturais. Pássaros de todos os tipos e raros sobrevoavam as pequenas montanhas que refletiam o glorioso nascer do sol. Nas montanhas mais altas, havia neve, neve tão branca quanto o espectro da reunião de todas as cores. O oceano límpido refletia claramente os céus cintilantes azuis, com poucas nuvens esparsas e limpas. A brisa mantinha o constante movimento suave das árvores. Sua atmosfera era formada pela reunião de vários gases puros, criando um ambiente apropriado de oxigênio. Esse; era o planeta-santuário Vega. O único planeta intocado pelos eventos sucessivos. Havia uma energia especial atuando ali. E que logo iria despertar a curiosidade de alguns. Ninguém, nem mesmo os mais poderosos, se atreviam a chegar perto desse complexo cheio de vida. Mas, se algum acidente ocorresse, não haveria como evitar conhecê-lo. E, foi exatamente isso o que aconteceu... Não era uma nave grande, mas era suficiente para apenas um tripulante. Seu nome era Calisto. Não estava em seus planos cair justamente ali, mas um problema mecânico havia afetado o piloto automático da nave, que rumava para o Espaço Porto de Setor Sigma. As pontes espaciais estavam completamente finalizadas, e os espaços portos eram as estações de reabastecimento das naves, que constantemente realizavam longas viagens, mas serviam também como centro de compras e fornecia outras utilidades para quem aportasse ali. A nave, apesar de seu problema, fez uma descida suave. Algumas relvas perto do lago principal ficaram amassadas, devido ao peso da nave. Ao encostar-se ao chão, seus motores foram automaticamente desligados, e os reparos internos começaram a funcionar. Calisto desceu, retirou seu capacete e pode respirar o ar puro não encontrado em nenhum outro lugar a não ser em Vega. Seu uniforme era parecido com qual seu avô havia usado. Era todo preto com listras de cor lilás, e possuía um enorme "v" em seu peito, nos mesmos tons.
- Pode se transformar Thor, o planeta não contém nenhuma forma de vida hostil.
- Calisto.
- Sim, senhorita Calisto.
- Thor. Thor era um robô avançado de uma nova linhagem de naves. A tecnologia havia avançado tanto, que tornara possível fabricar naves com inteligência artificial que podiam se transformar. Suas asas triangulares encolheram, revelando braços internos. Seus potentes foguetes foram desligados e em seguida dobraram-se para baixo, o qual revelou apoios terrestres, que poderiam ser chamados de pés. A parte frontal, o bico da nave, abaixou em direção de seu peito, revelando uma face triangular e uma viseira completa, sem divisórias. Perto de Calisto, era um novo ser de tamanho exagerado. Comparando-se à altura de um prédio, equivaleria a mais ou menos três andares. Mas isso fazia com que Calisto ficasse segura. Thor e Calisto começaram a registrar leituras do ambiente onde haviam caído. Era estranho, mas parecia um planeta desabitado... por humanos. Calisto viu uma pequena pena de tons brilhantes cair sobre seu ombro. Era diferente de tudo que já havia visto. Comparou-a com os pássaros locais, mas não encontrou seu dono.
- Thor, dê uma olhada nisso, por favor.
- Deseja que eu analise suas estruturas internas, senhorita Calisto?
- Se possível sim.
- A constituição atômica de seus núcleos é de um tipo que jamais encontraríamos nessa galáxia. É formada por uma áurea invisível que mantém as moléculas unidas, de modo uniforme para imitar uma pena. Estou procurando em meus bancos de dados algo relativamente parecido, mas não encontrei ainda. Parece ser formada por uma energia vinda de outra esfera universal.
- Como assim?
- A pena é uma forma de vida que desprendeu-se de uma forma portadora, ainda maior.
- Um pássaro?
- Não. "Outra" coisa.
- Outra coisa?
- A senhorita já leu nos arquivos estelares sobre o que aconteceu "realmente" na Guerra Estelar Neotregamana?
- Não estou recordando. Diga-me.
- Os registros nos dizem que, após um descendente da família Neo Isaiah ter entrado em contato com Vega, a guerra terminou simplesmente num instante. E, segundo relatos do humano chamado Oliver Prime, uma pena como essa que estamos vendo, foi a única pista do que realmente havia acontecido. "Alguém" muito poderoso havia acabado com a guerra. Alguém que possuía asas...
- Impressionante. Então o que acabamos de achar pode ter a mesma origem, ou seja, vinda desse guerreiro ou "mensageiro" da paz?
- Sim.
- Como estão seus reparos internos?
- Ainda levará 24 horas para todos os circuitos se reestabelecerem.
- Tudo bem. Enquanto isso, vamos aproveitar a paisagem, e ver se encontramos pistas desse "mensageiro". Calisto e Thor caminharam lado a lado pela planície verdejante que se estendia à sua frente. Mas não sabiam que estavam sendo observados ao longe pelos guardiões do santuário...

No planeta militar Excelsior...
- Capitão! Calisto ainda não voltou de sua missão. As últimas transmissões enviadas da nave nos indicam que ela se encontra no Setor Sigma, em um planeta desconhecido. Devemos mandar uma equipe de busca?
- O motivo da nave estar avariada foi enviado junto com esse relatório?
- Não capitão. Mas tudo indica que foi um ataque hostil.
- Então acione a equipe de busca Bravo, e preparem-se para qualquer retaliação.

Em Vega...

Uma voz poderosa ecoou pelo jardim...
- O QUE DESEJAM VINDO AQUI?
- Quem disse isso?
- SOU O GUARDIÃO, UM DOS ELI-TRONS.
- Viemos parar aqui por acaso. Minha nave foi atingida. Você disse que é um Eli-Tron. O que é isso?
- GOSTARIA MESMO DE SABER? VOCÊ É A ÚNICA HUMANA QUE JÁ PISOU AQUI ALÉM DE DOIS VIAJANTES ANTIGOS.
- Sim. Minha nave está se reparando e tenho ainda muito tempo. Mas, por que você não aparece?
- VOCÊ NÃO PARECE TER MEDO DE MIM. DEVE SER CARACTERÍSTICA DE SUA LINHAGEM.
- O que tem minha linhagem?
- AH, OS DA FAMÍLIA "NEO ISAIAH" SÃO MUITO ESPECIAIS PARA NÓS. BEM, VOU ME APRESENTAR. Uma leve brisa tocou o rosto de Calisto, e em seguida, dos céus, uma criatura alada desceu. Tinha a aparência de um homem, mas possuía três pares de asas em suas costas. Sua vestimenta era branca e ao seu redor havia um áurea que brilhava.
- NÓS SOMOS OS "ELI-TRONS", RESPONSÁVEIS PELA PAZ DO UNIVERSO. SE OS "NEOTRONS" SÃO A FORÇA DESTRUIDORA DO COSMOS, NÓS SOMOS A FORÇA CRIADORA. E AINDA HÁ OS "PROTEUS", QUE MANTÉM OS DOIS LADOS EQUILIBRADOS, MAS NUNCA ENTRAMOS EM CONTATO COM ELES.
- Por quê?
- PODERÍAMOS SER SUGADOS PELA SUA FORÇA E UMA QUEBRA DO CONTINUUM ESPAÇO-TEMPO OCORRERIA, TRANSFORMANDO TUDO EM APENAS UM ÚNICO ÁTOMO. POR ISSO, NENHUM DE NÓS TEM CONTATO DIRETO UNS COM OUTROS.
- E como fazem isso?
- ATRAVÉS DE SERES COMO VOCÊS. MAS, MUITOS ABUSAM DESSA LIBERDADE, TAIS COMO OS NEOTRONS.
- Isso não seria controlar os humanos como se fosse peões num jogo de xadrez?
- NÃO. TODOS TÊM LIVRE-ARBÍTRIO, E APENAS NOTAMOS QUE A SUA LINHAGEM TEM UMA DISPOSIÇÃO INTERNA VOLTADA PARA A ORGANIZAÇÃO. SOMENTE AJUDAMOS ESSA INTENÇÃO. ALIÁS, HAVIA DUAS FAMÍLIAS ESPECIAIS NO COMEÇO DOS TEMPOS, MAS SOMENTE A SUA LINHAGEM SE VOLTOU PARA O OBJETIVO CORRETO.
- E quem era a outra?
- A FAMÍLIA DE CAIM. "MISPATCH BABILON".
- Pelos relatos, nunca houve contato direto com vocês. Ninguém tinha coragem de explorar esse planeta. Por que estão me permitindo conversar, e conhecer melhor esse sistema biológico?
- PORQUE É CHEGADA A HORA. O "PHENÔMENON E.S." ESTÁ SE MOVENDO.
- Phenômenon E.S.? O que é isso?
- VOCÊ SABE...

No planeta militar Aspen1...
- Senhor! Notamos movimento exterior do planeta Excelsior.
- Alguma movimentação suspeita?
- Sim. Interceptamos uma mensagem que nos informa que estão se dirigindo para o planeta Vega.
- Planeta Vega? O santuário? Será que descobriram algo lá?
- Não sabemos, mas pode ser uma vantagem estratégica militar. Devemos segui-los?
- Sim. Mande uma equipe.

Em Vega...
- NESTE INSTANTE, UM EVENTO IRÁ OCORRER E COLOCARÁ NOVAMENTE A HUMANIDADE DE DOIS LADOS DIFERENTES. ISSO ERA INEVITÁVEL.
- Que evento?
- SUA CHEGADA ATÉ AQUI. ISSO DESENCADEARÁ UMA GUERRA POLÍTICA PELA POSSE DESTE PLANETA. E TUDO SE INICIARÁ COM UMA SIMPLES EQUIPE DE RESGATE.
- Qual?
- A SUA.
- E não tem jeito de evitarmos isso?
- A GUERRA ACONTECERÁ DE QUALQUER JEITO. MAS VOCÊ PODERÁ NOS AJUDAR A RECONSTRUIR O FUTURO... NOVAMENTE. AQUI SERÁ UM REFÚGIO PARA A HUMANIDADE E O PROJETO ORIGINAL SERÁ REESTABELECIDO. NÃO HAVERÁ TECNOLOGIAS QUE USEM A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL. FOI POR CAUSA DE UMA DELAS, QUE TODOS OS EVENTOS SUBSEQUENTES À HUMANIDADE OCORRERAM E PERDEMOS O CONTROLE.
- Como posso ajudar?
- UNINDO-SE À NÓS.

Arredores de Vega...

 Uma pequena frota de naves adentrou o espaço aéreo do Setor Sigma. Possuíam alguns intrumentos antigos, tais como radares, mas outros, como flashes de dna, poderiam encontram qualquer pessoa cadastrada no sistema por milhares de quilômetros. Suas naves eram prateadas, com bicos finos e dois grandes foguetes nas laterais, com um símbolo de uma nebulosa. Mas, ao longe, outra frota apareceu. Eram naves totalmente pretas, com formato parecido, mas com o símbolo de uma galáxia.
- Hunter Alpha! O que naves de Aspen1 fazem aqui?
- Não sei Hunter Beta. Vamos pedir um relatório para Excelsior. (...) - Excelsior! Excelsior! Há naves de Aspen1 na região! Relatório por favor! - Temos uma suposição de que Aspen1 achou algo de importante no planeta Vega. Pode ser algo que venha a ser uma vantagem estratégica militar no futuro. Fiquem de olho.
- Mas, capitão! Estamos em nave de reconhecimento e não de conflitos! - Mandaremos reforços! Por enquanto assumam "alerta amarelo"; desligando! - Estamos fritos! (...) - Avistando naves prateadas de Excelsior. O que devemos fazer?
- Não entrem em modo hostil por enquanto. Apenas observem. Aspen1 desligando!

Em Vega...
- TEM CERTEZA DISSO? NÓS LHE DEMOS LIVRE-ARBÍTRIO. PODERÁ DESISTIR. NÃO GARANTIMOS QUE VOLTARÁ AO NORMAL.
- Não tenho, mas, pela história humana sei que não conseguimos nos guiar sozinhos. Já tenho experiência nesse campo.
- VOCÊ ESTÁ AQUI PARA LEVAR O PROTÓTIPO NÃO É?
- ...
- VOCÊ TEM CERTEZA QUE SABE O QUE ESTÁ FAZENDO?
- Não.
- ISSO APENAS ENJAULARÁ O ESPÍRITO DESCOBRIDOR DOS HUMANOS, MAS NÃO O EXTINGUIRÁ. Enquanto isso, no espaço exterior, uma espécie de tempestade temporal se formava. Era uma onda de energia de cores espectrais que atravessava qualquer forma de matéria conhecida e a tornava diferente. Não se sabia de onde vinha, mas estava se aproximando do Setor Sigma.
- O PHENÔMENON E.S. ESTÁ SE APROXIMANDO. NÃO TEMOS MUITO TEMPO. Lá fora...
- Os reforços chegaram! - Nave Estelar da frota Excelsior. A espera fora relativamente curta enquanto as naves de Excelsior atravessam o campo do não-espaço, que era uma espécie de porta para onde se desejava ir. Distorcia tudo ao redor, mas era eficiente. Um redemoinho se formou atrás das naves de reconhecimento. Era verde, mas poderia apresentar várias cores, dependendo da localização em que era utilizado. Em torno de cem naves apareceram, esperando ansiosamente e atentamente a qualquer comando de ataque vindo do planeta militar.
- Muito bem. Para requisitarem suporte dessa espécie, eles planejam algo. Preparem-se para qualquer retaliação. Todos aos seus postos! - Nave Estelar da frota Aspen1. De uma visão externa se observava dois grandes agrupamentos de naves preparando-se para contra-atacar. Vega reluzia ao meio do inadiável combate. A frota de Aspen1 virou suas naves em direção ao planeta. A frota de Excelsior fez o mesmo.

Vega...
- VOCÊ JÁ SE PERGUNTOU O QUE SIGNIFICAVA AQUELE ECLIPSE QUE DUROU DURANTE ANOS?
- Não. Achávamos que era um fenômeno natural, devido a tantos acontecimentos.
- TRATA-SE DE UM ORGANISMO VIVO. DURANTE TODOS ESSES ANOS, ELE APENAS ESTAVA CONSUMINDO ENERGIA QUE PRECISAVA PARA OPERAR EM MODO TOTAL. A SOMBRA, O ECLIPSE, ERA OCASIONADA POR ELE. NÃO HÁ OUTRA ESTRELA COM TANTA ENERGIA NESSA GALÁXIA, DO QUE O SOL. MAS, AGORA ELE ESTÁ PRONTO PARA AGIR.
- E o que ele fará?
- JÁ FEZ.
- A onda que se aproxima?
- SIM.
- Mas isso não quer dizer que regrediremos a um estado anti-tecnologia? Sei que já fizemos muitas coisas erradas, mas sem ela, não estaríamos onde estamos hoje.
- EXATAMENTE.
- Me desculpe, mas não consigo concordar com você.
- É PARA O BEM DA HUMANIDADE.
- Eu sei. Mas não posso deixar você destruir o que construímos com suor e dificuldades. Todos os povos são auto-suficientes, construímos a ponte espacial que era um sonho de meu avô, chegamos a um estado da genética que nunca tínhamos chegado antes e ainda por cima estamos espalhados pelo universo. E não esqueça que há formas de vida artificiais pensantes que são seres vivos também. Esqueceu-se de Terra2, Animecha e por que não, Aereon?
- OS AEREANOS SÃO MUTANTES, OS SECTERRESTRES SÃO APENAS ROBÔS E ANIMECHA FORA CRIADO PARA PROPÓSITOS DE NATUREZA DESTRUTIVA.
- Mas quantos deles já nos ajudaram? Não consegue compreender?
- COMPREENDO BEM E ENTENDO SUA COMPAIXÃO. MAS ESTÁ NA HORA DA EXECUÇÃO DE UMA LIMPEZA. NÃO SE PREOCUPE. NINGUÉM IRÁ SE MACHUCAR. O PHENÔMENON E.S. ESTÁ CHEGANDO.
- Não! Calisto observou atentamente enquanto o céu de Vega mudava de cor para tons prateados misturados com uma confusão de cores...
- Thor! - Já estou indo senhorita Calisto! As tropas atentamente observaram uma onda estelar gigantesca aproximando-se das frotas. Todos os olhares se concentraram no fenômeno e nem houve tempo de reação. A onda havia chegado. Sacudiu violentamente as naves, que começaram a desaparecer aos poucos, pedaço a pedaço. A onda grudava nas naves como se fosse uma espécie de gelatina. Quando se derretia, levava as carcaças consigo.A onda foi crescendo... No espaço porto próximo, um alerta foi emitido. Todos evacuaram a tempo de ver ao longe a imensa massa estelar engolir por completo a ponte espacial do Setor Sigma. Mas ela não parou... Todo o Setor Sigma foi atingido pelo que o guardião chamava de Phenômenon E.S. Depois disso, se dirigiu para os outros sistemas e setores que o homem, ou a máquina, haviam construído. E novamente, seguiu seu caminho... (...)

Capítulo 2: A queda de um Império

Passou-se dez anos após estes acontecimentos. A Terra voltou a ser um planeta produtivo e natural. Terra2, Animecha e Aereon sofreram as conseqüências da onda e tornaram-se planetas desertos, mas, novamente, cheios de vida natural. Terra2 apresentava uma estrutura similar a da Terra. As densas florestas de Animecha voltaram a crescer. A mata azulada e vermelha de Aereon floresceu. Nos setores exteriores havia ocorrido o mesmo. O sistema biológico dos planetas havia sido restabelecido. Mas a um grande custo: nada da tecnologia antiga sobrevivera ao fenômeno. E Ramsus fora desintegrado no processo. Era uma cena um tanto quanto exótica. Ao redor de matas, florestas, grandes campos da Terra, encontravam-se soterradas ou caídas, várias cidades que um dia tinham sido conhecidas como "metrópoles voadoras", grandes discos populacionais com enormes prédios em seu interior e cúpulas de vôo. Sobrara muito pouco ou quase nada da tecnologia antiga. A humanidade agora se virava como nos tempos contemporâneos. Não havia mais robôs para fazerem os serviços pesados e muito menos naves de grandes escalas que permitissem viagens aos setores exteriores. Mas o mais estranho é que ninguém tinha mais aquela vontade de inovar. Apenas usavam o que estava disponível e tudo de maneira mais natural possível. Projetos foram deixados de lado, expedições foram canceladas e a ciência tecnológica deixou de existir. Somente a biológica permanecia. Ainda havia alguns registros do passado recente em algumas bibliotecas, mas poucos davam atenção. Sua vontade superior havia deixado de existir. Mas não era algo ruim. O povo vivia bem, não havia guerras, não havia livros que cuidassem de tudo, não havia alienígenas, não havia distúrbios. A paz, finalmente, reinava... De uma maneira diferente, mas reinava... Alguns conhecimentos antigos eram passados nas aulas para os mais jovens, mas muitos encaravam como uma matéria chata de ser estudada. Viviam muito melhor agora do que antigamente. Neste instante uma professora estudava com seus alunos um livro antigo que continha um nome muito importante: "YHWH". E outro livro, mostrava eventos antigos e algumas lendas e histórias passadas durante a era dourada. Dois alunos ouviam atentamente a uma dessas histórias passadas de geração para geração. "Há registros de que a humanidade havia construído uma ponte espacial que interligava todos os planetas de uma forma antes jamais vista. Parecia que nada mais os iria segurar. Até que, num fatídico dia, aos redores do planeta Vega, um grande fenômeno aconteceu. Mas, dizem que, se esse fenômeno não acontecesse, hoje estaríamos numa interminável guerra entre duas grandes facções políticas. Perdemos toda tecnologia, mas em troca ganhamos paz." - E nada mais restou dessa época?
- Arthem.
- Não.
- professora.
- Tem certeza professora?
- Mithra.
- Bem, alguns escritos mencionam que alguns dias antes do fenômeno, uma expedição solitária, composta apenas por uma mulher e um robô protótipo desceram acidentalmente no planeta santuário. Esse planeta tem algo realmente especial, estranho. E segundo alguns poucos registros que sobraram das milícias, essa mulher estava sabendo que o fenômeno estava para ocorrer. Essa nova tecnologia que ela carregava com ela, possuía algo que poderia nos salvar. Só não sabemos o que era e muito menos do quê nos salvaria.
- Mas estamos em paz, não estamos? O que poderia tê-la preocupado tanto?
- Arthem.
- Seria legal descobrirmos isso. Vamos pesquisar! - Mithra.
- Ah, crianças... Como é bom tê-las por perto. Tão sonhadoras... tão inocentes... Não se preocupam com nada. Elas ainda não entenderam que foi por causa dessa corajosa mulher que hoje estamos aqui, e em paz...
- pensou, enquanto via os jovens correrem pelos gramados. Ao fundo, uma pequena nave agrônoma esperava seu tripulante voltar com suprimentos. Não muito longe dali, os jovens que conversavam com a professora observavam atentamente para onde a nave se dirigiria. Ia exatamente para o planeta Vega, colher produtos hidropônicos. O planeta era notável em prover frutos para toda a galáxia. E como a natureza fluía perfeitamente ali, produzia frutos extremamente perfeitos e saudáveis. Muitas naves iam e vinham com seus incríveis produtos. Arthem e Mithra observaram para ver se não havia ninguém olhando, e entraram escondidos no compartimento interno da nave, como clandestinos. Iriam ver o que Vega tinha de tão especial. O navegador acabava de voltar com algumas caixas vazias. Colocou-as para dentro, fechou as portas laterais, ligou os motores... E a nave partiu... O tripulante nem desconfiou de sua carga extra, visto que carregava constantemente muitas coisas pesadas. Portanto, nem conferiu. Partiu imediatamente para buscar mais suprimentos em Vega. Por ser um planeta próximo da Terra, não demorou muito. Em Vega, a nave fez um pouso suave. Era sempre uma paisagem admirável vista pelos olhos humanos. Arthem e Mithra aproveitaram a distração, e desceram. Por um bom tempo ficaram fitando a paisagem ao redor, mas logo decidiram seguir pelo gramado central.
- Arthem! Vamos ver o que tem por aqui! - Sim, mas não podemos nos afastar muito. Deram alguns passos em direção ao lago central, mas logo pararam. Havia marcas estranhas no chão ao redor. Arthem notou que já estavam bem afastados da nave, mas ignorou isso. Mithra pisou mais forte para ver se o chão era seguro. Esse foi o seu erro. Ele começou a rachar em volta, formando um circulo. Mithra olhou para Arthem e num instante o chão cedeu. Os dois caíram pelo escorregador de terra recém formado. Como estava ali há anos, formara-se uma espécie de túnel. A descida foi rápida e logo chegaram ao solo.
- O que foi isso?
- O chão cedeu.
- Aonde viemos parar?
- Parece ser uma caverna. E há alguma coisa logo ali na frente. Arthem e Mithra observaram atentamente um esquife de gelo, que prendia certa criatura já por anos. Era enorme. E ao seu lado em uma pequena câmara de gelo, que poderia ser classificada como criogênica, mantinha um corpo bem conhecido. Era uma mulher.
- Arthem, o que é isso?
- Uma mulher com roupa de espaciais.
- Espacial? De verdade? Aqueles que ouvimos falar nas histórias e que são nossos antepassados?
- Esses mesmos. Precisamos alertar nossa professora a respeito dessa descoberta. E já! - Mas como vamos sair daqui?
- Boa pergunta.
- E se acordarmos ela?
- Está maluca?
- Mas ela é igual a nós, não vejo diferença.
- Tá. Também é nossa única opção... Arthem e Mithra afastaram-se um pouco após apertar alguns botões na câmara criogênica de Calisto. Um forte barulho de gelo se quebrando foi ouvido. Logo toda a caverna estava encoberta por um nevoeiro causado pela liberação da câmara de inércia. A porta oval se abriu e Calisto caiu ao chão. Aos poucos recuperou a consciência. Olhou em volta e viu os dois jovens à sua frente.
- Onde... estou?
- Calisto.
- Numa caverna. Nós libertamos você. Minha irmã insistiu que a libertássemos, mas, por favor, não nos mate.
- Arthem.
- Matar? Você deve estar brincando... não sou esse tipo de pessoa.
- Ouvimos muitas histórias dos Espaciais e nunca conhecemos um tão de perto.
- "Espaciais"?
- Sim, você é um deles não?
- Bem... acho que sim.
- Diga, que monstro é aquele que estava junto com você?
- Thor? O robô?
- Robô? O que é isso?
- Eu acho que vocês não entenderam. Esperem um momento. Calisto foi até o esquife da nave-robô e digitou a criptografia que havia sido programada por ela anos atrás. O gelo se desprendeu. A câmara maior se abriu aos olhos curiosos de Arthem e Mithra. Algumas luzes piscaram e o robô novamente pôde andar. Seus passos ainda era um pouco rústicos. Disparou um facho de luz em direção às crianças e analisou as suas formas de vida. Logo examinou atentamente a mulher que estava ao seu lado.
- Senhorita Calisto! Tive medo que a criogenia a prejudicasse, mas foi o único jeito que encontrei no momento crítico.
- Fez muito bem Thor. Só resta saber agora o que houve e quanto tempo ficamos desacordados.
- Na verdade... queríamos ajuda para sair daqui.
- Mithra.
- Thor, ainda consegue se transformar?
- Sim. Para surpreender ainda mais os jovens, o gigantesco robô que estava em sua frente acabara de se transformar em uma nave.
- Venham! É seguro! Todos embarcaram no que seria a parte frontal do tronco do robô e se acomodaram nas poltronas. Os foguetes estavam um pouco congelados, mas Thor conseguiu dar potência suficiente para um impulso certeiro, que os tirou de dentro da caverna.
- O planeta continua igual. Desde a última vez que estive aqui.
- Calisto.
- Aquele é nosso planeta.
- Mithra.
- A Terra?
- Calisto.
- "Terra"? Não, nós a chamamos de NT112007.
- Arthem. Pelo restante da viagem, Calisto ficou em silêncio, observando o espaço exterior e como estava diferente desde a última vez que havia visto. Não havia mais ponte espacial, não havia esquadras, não havia espaço portos. Não havia limites territoriais, e todos os planetas ao redor pareciam cheios de vida natural.
- O que o eli-tron nos disse era verdade. Parece que todos os planetas voltaram a ter vida.
- pensou. A nave atravessou calmamente a atmosfera terrestre, pousando logo em seguida ao lado do que antigamente era uma cidade voadora. Seu nome era Airland Vector, uma grande centro comercial, que agora jazia por terra, tendo metade de sua estrutura enterrada no gramado fértilrra, tendo metade de sua estrutura enterrada no gramado fagora jazia po da ao lado do que antigamente era uma cidade voador. A aterrisagem fora suave. O robô então, pôde se transformar novamente. Muitos curiosos saíram de seus apartamentos para ver o que era aquela máquina que estava em sua frente agora, neste momento. A professora, que ainda estava por ali, se surpreendeu ao ver uma Espacial pela primeira vez em muitos anos.
- Você veio de onde?
- As crianças me acharam. Eu fiquei congelada por algum tempo. Aliás, em que ano estamos?
- Estamos em 10 F.E. (Fenômeno Estelar).
- Já se passaram dez anos? Tudo isso? E nada estranho aconteceu nesse período?
- Não. Ao longe, surgiam as pessoas mais velhas da cidade, que por terem uma idade avançada, eram muito respeitadas devido à sua experiência e sabedoria acumulada durante os anos de vida. Apesar da época de paz, formavam um Conselho, para manter a ordem natural em todo o momento, e se fosse necessário, o que era raro, em circunstâncias que pudessem mudar o ciclo natural do dia-a-dia.
- Desculpe-nos moça, mas teremos que prender seu amigo mecânico para nossa própria segurança.
- Mas ele é inofensivo! - Nós temos conhecimento do que máquinas como essa fizeram no passado e não queremos correr o mesmo risco.
- Tudo bem senhorita Calisto. Meus sensores de emoção indicam "precaução" e não "violência". Ficamos desacordados durante dez anos, e esse mundo já não é mais o mesmo que conhecíamos.
- Thor.
- Eu sei. Mas tão logo eu tenha certeza de que está na hora de colocar o plano original em ação, darei um jeito de libertá-lo.
- A senhorita acredita que acontecerá nesse período?
- Segundo a visão que eu tive, a qualquer momento... As mãos do robô foram presas por uma espécie de cipó nativo, mas que era muito forte. Foi levado calmamente para o hangar da cidade que jazia pelo chão. Era o único lugar em que um ser mecânico daquele tamanho caberia. Esses hangares antigamente serviam para pousos e decolagens de naves de combate. Calisto ficou sozinha por um instante, mas lembrou que tinha seus pequenos amigos por perto.
- Você parece estar preocupada com alguma coisa, minha jovem. Não há com o que se preocupar. Aquela sua época de guerras e conflitos diários acabou. Procure relaxar e aprender como o mundo mudou nesses dez anos. Seja bem-vinda à nova sociedade.
- professora.
- Obrigada... Mas, aquele agradecimento foi apenas um momentâneo espaço de tempo em que Calisto deixou de se preocupar com o que realmente a intrigava.

No Espaço Exterior...

O universo conhecido estivera sempre em expansão, mas, segundo alguns especialistas, há ciclos em que ele começa a se contrair. Isso pode levar bilhões de anos para ocorrer, mas quando ocorre, novos sistemas surgem. O acúmulo de massa estelar acaba por criar, num processo lento, novos planetas. Até mesmo devido a explosão de uma estrela, novos objetos do universo conhecido surgem. Não há nada que brilhe mais do que uma explosão estelar. Poderá durar anos até que atinja um sistema complexo de vida. Mas, uma coisa é certa. Um dia veremos seu brilho. E muitas de suas partículas espalhadas pelo universo durante sua morte, nos atingirão... Durante dez anos após o fenômeno que destruiu todo tipo de tecnologia conhecida e criada pelo homem, o Setor Sigma e outros sistemas planetários, vivem sem comunicação, mas em paz. Foi um preço alto a se pagar, mas era o único jeito de impedir outras guerras que viessem a ter o mesmo efeito daquelas que entraram para a história, onde se não fosse pela bravura e coragem de um conhecida linhagem familiar, teria sido muito pior. Mas, no espaço exterior, após tantos anos, o fenômeno que fora expelido há dez anos atrás chegava ao seu destino. Este local, conhecido por ser o berço, ou local de nascimento das estrelas, sofria neste instante, a passagem da onda anti-tecnologia. O mais estranho, é que ao chegar próximo das nebulosas, toda a onda dispersada foi absorvida. Se pudesse ser ouvido da Terra, o barulho que se seguiu, poderia ter sido comparado à cem mil relâmpagos caindo no mesmo lugar e no mesmo instante. Algo estava acontecendo. Era como se alguma coisa monstruosa tivesse despertado de seu sono. Rapidamente, o que era impossível pelos padrões conhecidos, uma das nebulosas começou a se retorcer. Os gases, as nuvens ao redor, o material estelar e poeira, uniram-se em uma fusão atômica, para dar origem não a uma estrela, mas sim, um corpo celeste... Um monolito de proporções gigantescas iniciou sua viagem ao espaço conhecido. Se pudesse ser medido em escalas humanas, seu tamanho equivaleria à dez planetas Júpiter fundidos num só. Se seu destino fosse medido com uma linha reta, o correto seria dizer que ele estava à caminho de um mundo bem conhecido...

Na Terra...

Após ter tomado um banho e trocado de roupas, Calisto já se sentia mais confortável e menos diferente de todos os outros. Havia comido muitas iguarias e frutas que não haviam em sua época. A maioria vinha do planeta Vega, enquanto outra eram cultivadas na nova fauna e flora da Terra. Aproveitou o momento de descontração e foi ao encontro das crianças que a haviam encontrado, que agora brincavam no jardim central. Ao fundo estavam monumentos gigantes caídos, mas que a lembravam de suas origens. Um deles era uma estátua de um homem com roupas majestosas segurando um livro em sua mão esquerda e apontando para o céu com sua mão direita. Tinha dez metros de altura, e se ela se lembrava bem, pertencia ao período em que iniciou-se a construção da ponte estelar. Mas, como era mesmo o nome dele? "Azel", lembrou em um flash de memória. Mas agora era uma estátua enterrada no chão, sem sua parte debaixo, que possivelmente tivesse sido destruída junto, numa posição lateral, mas que ainda mantinha seu braço esticado para o céu. As crianças se aproximaram.
- O que é isso em seu pulso?
- Arthem.
- Curioso! - Mithra.
- Um relógio de coordenadas temporais. Isso nos ajudava a saber onde estávamos e em que época. Mas, ele já não me serve mais. Pode ficar com ele.
- Calisto.
- Olha só! É incrível! - Arthem Arthem observava atentamente os seis discos que ficavam girando sem parar dentro de um círculo concêntrico, onde haviam números digitais. Marcava minutos, horas, dias, meses, anos e o sistema planetário em que se encontrava. Mas, Calisto deu um salto para trás ao ver que o relógio neste instante, havia parado numa sequência de números que nunca antes tinha visto. Os ponteiros marcavam: "Minutos=00:00/Hora=00:00/Dia=0000/Mês=0000/Ano=0000/Sistema=SOLAR". Era exatamente a mesma cena que havia visto em uma de suas visões. Já havia começado. Não sabia o quê, mas já estava a caminho...

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Atualizado em: Seg 3 Dez 2007

Comentários  

#4 Victor Oliveira 04-12-2007 05:35
Eu sei que minhas histórias são mais simples e "adolescentes", mas agradeço à todos que estão lendo. Espero que estejam gostando. Não sabem como fico feliz em ver que mais de 1 pessoa a leu...
#3 Victor Oliveira 04-12-2007 05:35
Eu sei que minhas histórias são mais simples e "adolescentes", mas agradeço à todos que estão lendo. Espero que estejam gostando. Não sabem como fico feliz em ver que mais de 1 pessoa a leu...
#2 Victor Oliveira 04-12-2007 05:35
Eu sei que minhas histórias são mais simples e "adolescentes", mas agradeço à todos que estão lendo. Espero que estejam gostando. Não sabem como fico feliz em ver que mais de 1 pessoa a leu...
#1 Victor Oliveira 04-12-2007 05:35
Eu sei que minhas histórias são mais simples e "adolescentes", mas agradeço à todos que estão lendo. Espero que estejam gostando. Não sabem como fico feliz em ver que mais de 1 pessoa a leu...

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