person_outline



search

Fênix - Parte XXI

PARTE III - POR FERNANDO

 

Eu não podia acreditar no que acabara de ouvir. Ou não queria acreditar.

Para falar a verdade, eu já havia percebido o jeito com que ele a olhava. Mas, negava-me a aceitar um suposto interesse, até porque eu não havia notado qualquer  sentimento de Úrsula por ele. Eu sabia que ela ignorava tal fato.

Até quando ele manteria seus sentimentos em sigilo? Perguntei-me. Talvez ela já soubesse. Pensei. Ou será que estava esperando eu morrer para consolar a viúva desolada? Seria capaz de aproveitar-se da situação?

Balancei a cabeça desejando que esses pensamentos cruéis fossem jogados para longe. Como eu podia ter ideias tão maléficas? Afinal, meu fim estava próximo  e era algo inevitável. E eu esperava que Úrsula e nosso filho fossem felizes. Eles realmente precisariam de alguém para protegê-los e amá-los. Não deixaria-me ceder ao meu próprio egoísmo. Eu  faria  o que pudesse para assegurar-lhes a felicidade.

Ajeitei-me o melhor que pude e adormeci de pronto.

Tive um sono tranquilo - se assim posso dizer, pois acordar com dores era de costume.

Logo, a enfermeira entrou trazendo uma bandeija. Tenho que dizer que aquilo não tinha um aspecto muito atraente, porém não tinha o gosto tão ruim assim.

Estava finalizando meu café da manhã  quando o Dr. Leandro chegou. Meu estômago embrulhou-se e eu pus a bandeija de lado.

— Bom dia, doutor. — Encarei-o fixamente.

— Bom dia! — Ele disse mais animado do que nunca. Será que havia  acontecido alguma coisa entre eles? Peguei-me pensando e repreendi-me.

"Se aconteceu não é da sua conta!" Convenci-me.

 — Preciso ter uma conversa  com você! — Eu disse sério, esquecendo-me de que ele era o meu médico, porém eu não me importava. Aquilo não era uma conversa entre médico  e paciente, e sim uma conversa entre homens apaixonados pela mesma mulher.

Pin It
Atualizado em: Ter 24 Fev 2015

Curtir no Facebook

Autores.com.br
Curitiba - PR

webmaster@number1.com.br