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Fênix - Parte XVII
Eram sete horas da noite. Eu estava naquele quarto desde a noite anterior tendo saído apenas para ir a minha casa buscar o carro e roupas para Fernando, mas agora ele havia adormecido e não tinha o que fazer. Pensei em passar a noite em meu lar e voltar na manhã seguinte, porém meu coração pedia que eu ficasse. Que não o deixasse sozinho.
Sabia que se Fernando estivesse acordado ele pediria que eu fosse descansar e cuidar do nosso filho. Minha mente gritava para obedecê-lo e aquela dúvida estava me matando.
Passei a mão por meus cabelos e face tentando aliviar a tensão e assim decidir mais facilmente.
— Boa noite! Posso ajudá-la? – Era o Dr. Leandro. Sempre gentil!
Eu sorri.
— Não, obrigada.
— Você me parece bastante confusa. – Ele disse com olhos atentos.
— E estou. – Admiti baixando a cabeça.
— O que está te deixando assim? – Ele sentou-se ao meu lado na beira da cama.
— Eu sinto que devo ir para casa e voltar amanhã. Mas meu coração não deixa. Ele quer que eu fique.
— Então, não o escute! Você precisa de comida de verdade, dormir uma boa noite de sono e cuidar desse garotão. – Ele disse novamente no masculino, colocando a mão sobre minha barriga.
— Eu sei, mas estou tão desanimada... – Eu ainda olhava para sua mão sobre mim.
—Não seja por isso! – Ele levantou meu rosto para que eu o olhasse.
Seus olhos azuis eram acolhedores, tão gentis quanto seu tom de voz. Foi neste momento que percebi como ele era bonito. Sua pele era tão clara quanto o branco de seu jaleco e seu cabelo era de um loiro intenso.
— Meu plantão termina agora. Se você quiser posso te fazer companhia. – Ele ofereceu-se sorridente. – Não se preocupe que se algo acontecer eles vão te ligar.
— Não precisa se incomodar. – Eu disse cansada.
— Não será incomodo algum. Afinal, eu sempre janto sozinho e eu já me cansei disso. – Ele riu. – Falar com as paredes não é muito produtivo... – Ele deu de ombros. – Me chamam de doido. – O Dr. Leandro cochichou para mim e fez uma careta.
Eu ri. Era tão fácil conversar com ele. Seu senso de humor sempre me animava e eu precisava disso para não pensar tanto em Fernando. Sem contar, que há algum tempo eu evitava dirigir durante a noite. Eu sentia medo e começava suar frio. Era desconfortável.
— Tudo bem. Se não for atrapalhá-lo, eu aceito sua companhia. – Aceitei timidamente.
— Espere só um instante! – Ele se encaminhou para porta quase correndo e a bateu com força suficiente para acordar todos os pacientes. De repente abriu-a, colocando a face pela fresta a fim de olhar-me. – Não saia daí! Nem se mexa! – E voltou a batê-la.
Ele era louco! Comportava-se como uma criança. Sacudi a cabeça de um lado ao outro e um sorriso dançou em meus lábios.