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Fênix - Parte XVI
Duas horas e meia depois Fernando despertou.
— Meu amor! – Corri para abraçá-lo. Eu me sentia muito mais aliviada agora que ele havia aberto os olhos.
— Oi, meu anjo! – Sua voz baixa soou como um sussurro.
— Como você está se sentindo?
— Bem. – Ri. Ele sempre dizia a mesma coisa.
— Tenho novidades! – Eu falei alto demais.
Ele não falou nada, apenas franziu o cenho de curiosidade.
Eu segurei sua mão direita, a acariciei e a posicionei sobre minha barriga deslizando-a gentilmente de um lado ao outro.
— Parabéns, papai! – Eu disse por fim. Mas era dispensável, pois seus olhos já haviam ficado marejados.
— Não foi um sonho? – Ele perguntou incrédulo.
— Por muito tempo foi, mas hoje não! Hoje é real. Eu já o sinto crescer aqui dentro. – Meus olhos também estavam úmidos e minha voz embargada.
Ele sorria, porém de um instante para o outro seu rosto tornou-se frio quase sombrio.
— O que foi?
— Eu estou feliz. – Ele sacudiu a cabeça e buscou pelo ar antes de prosseguir. – Mas, como será a vida do nosso filho sem um pai? – Fiquei feliz por ele também enfatizar o “nosso”.
— Ele vai ter um pai! – Eu disse abismada.
— Você entendeu... – Ele fechou a cara. – Já imaginou quando nosso filho estiver na escola e os pais de seus coleguinhas forem buscá-los? Você acha que ele não vai sentir falta? Ou quando um amiguinho perguntar por seu pai? O que ele vai responder? Você já pensou como serão os sentimentos dele em relação a ter um pai? – Eu sabia o que ele queria dizer e isso me entristecia da mesma maneira.
— Não pense nisso! Olha, eu sei que a sua presença vai fazer falta, mas eu sei que ele vai se orgulhar de ser seu filho e de saber o quanto você lutou para vê-lo crescer nem que seja apenas dentro de mim. – Outra lágrima teimosa escorregou de meus olhos.
— Sinto tanto por não poder ficar por mais tempo. – Suas mãos tremiam.
— Eu sei que você vai lutar para ficar o maior tempo possível e eu e seu filho estaremos aqui para te dar apoio quando você pensar em se entregar. – Dei uma pausa. – Precisamos escolher nomes... – Mudei de assunto, dando uma risada, enquanto enxugava o rosto.
— Já? – Surpreendeu-se.
— Lógico! Quero que você me ajude a escolher. Menina ou menino?
— Menino. – Ele disse sem pensar duas vezes. Devia ser sua preferência. – Tem alguma ideia?
— Tenho sim e, por mim, já está escolhido.
— Então deixo você escolher se for menino. E se for uma menina?
— Não tenho nenhuma sugestão.
— Que tal Júlia?
— Forte, mas muito comum.
— Hum... Carolina?
— Não é justo! É o nome da sua mãe, a minha ficaria com ciúme. – Bati o pé.
— Tudo bem. E Christine?
Sorri com a ideia.
— Doce, suave, mas imponente. Gostei.
— Pode ser? – Ele perguntou feliz, tornando-se mais animado agora.
— É claro! Eu amei! Então está escolhido! – Eu estava realmente feliz com tudo isso.
— E se for o nosso garotão? – Ele perguntou curioso esticando-se para alisar minha barriga.
— Fernando! – Eu sorri maliciosamente.
Eu não podia escolher outro nome senão o do homem que eu amava. Era uma homenagem, entretanto também era uma lembrança. Afinal eu continuaria tendo um Fernando em minha vida.
— No que você está pensando? – Fernando disse retirando-me de meus devaneios.
— Em nada. – Menti fitando-o sem conseguir encarar seus olhos.
— Você está triste. – Aquilo não era uma pergunta. Ele estava convicto.
— Não! Eu... Não... Estou. – Gaguejei. Eu era péssima atriz.
— Eu te conheço, meu anjo. E eu sei como você está se sentindo, pois eu sinto o mesmo. – Ele esticou seu dedo indicador colocando-o sob meu queixo, fazendo-me mirar aqueles olhos que tanto me encantavam.
— Quero que ele pareça contigo. Que tenha os seus olhos. – Eu disse sem conseguir desviar minha atenção dele.
— Eu quero que ele tenha traços da sua personalidade. Como a sua força, sua inteligência e, sobretudo, a sua dedicação a tudo que se propõe fazer. – Ele acarinhou meu cabelo, desceu pela lateral do meu rosto e pairou a mão sobre minha barriga. – Você acha que vai ser o quê?
— Eu penso que será menino. – Seus olhos brilharam.
— Sério?! – Ele se sobressaltou.
— Sério. – Confirmei com um leve aceno de cabeça.
— Dizem que intuição de mãe não falha. – Ele disse rindo, parecendo não pensar em qualquer outra coisa que não fosse em nós.
— Espero que eles estejam certos.