- Romance
- Postado em
Fênix - Parte XIII
Havia pouco mais de um mês que estávamos morando juntos e a vida seguia tranqüila, embora eu pudesse perceber mudanças bruscas em Fernando. Agora, além de estar cada vez mais magro, ele também estava tendo dificuldade para falar e passava a maior parte do dia dormindo. Enquanto, eu dedicava meu tempo cozinhando para ele e velando seu sono. Ah! E durante os seus cochilos eu reproduzia minhas tristezas em lágrimas.
Eu sofria tanto quanto ele, mas Fernando não demonstrava e eu tentava fazer o mesmo. Eu sentia que ele se fazia de forte nas poucas horas em que passava acordado e eu sabia que aquilo era só para não me preocupar.
Às vezes, quando eu ia preparar sua refeição, eu o ouvia gemendo de dor e aquilo me transtornava, então eu caía em seu jogo e, quando entrava no quarto, mascarava-me com um amplo sorriso e fingia não ter ouvido nada. Ele forçava-se a demonstrar alguma felicidade e quando eu menos esperava, ele já havia adormecido novamente.
Observá-lo dormindo era um martírio, pois era nestas horas que eu mais sentia falta de nossas conversas na varanda nos fins de tarde, das brincadeiras e dos carinhos trocados. Resumindo, eu sentia falta do velho Fernando.
— Olá, meu amor! – Eu disse entrando no quarto com uma bandeja na mão. – Hora do almoço! – Anunciei.
— Às vezes você me trata como se eu fosse uma criança. – Ele riu.
— Que isso! É impressão sua! – Me fingi de ofendida. – Fiz uma salada de macarrão incrível!
— Hummm... O cheiro está delicioso. – Ele respirou fundo, farejando o aroma.
— Então, mãos a obra. – Passei-lhe a bandeja, posicionando-a sobre seu colo.
— Acho que você esqueceu-se de alguma coisa, não?
— Esqueci? – Perguntei-me confusa, pensando o que eu poderia ter esquecido.
Ele assentiu.
— Onde está o seu prato? – Perguntou por fim.
— Ah! É isso?
— Sim.
— Eu estou sem fome. Ultimamente tenho me sentido um pouco estranha.
— Estranha? – Preocupou-se.
— Não é nada demais. Só ando um pouco enjoada. Acho que é por causa do estresse. Sempre me deixa assim.
— Então, tudo bem. – Ele concordou de boa vontade e pôs-se a comer.