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Fênix - Parte XI
Passávamos os dias abraçados, trocando mimos e beijos e a cada dia que amanhecia eu tinha mais certeza do que nunca de que o amava. Entretanto, Fernando estava definhando a cada minuto que passava, envelhecendo anos em dias e eu sentia que estava perdendo-o. Ele estava sofrendo e eu sofria por saber disso, mesmo sem deixar transparecer, eu sabia que ele se sentia mal por eu estar vendo-o daquele jeito. Então, procurava ofertar-lhe mais momentos agradáveis o possível.
Era sábado. O sol brilhava brando, quando Fernando surpreendeu-me.
— Se eu te fizer um pedido você o realiza? — Perguntou ele.
Seu rosto era pálido e possuía olheiras que mais pareciam hematomas.
— Se eu puder...
— Tenho certeza de que você pode, até porque, é algo bem simples.
— Diga! — Eu disse esperando que ele falasse logo.
— Quero que me leve a um lugar.
— Qual? Você sabe que não pode ir muito longe. — Notifiquei.
— Eu agüento, só, por favor, me leve! — Insistiu.
— Está bem. — Concordei por fim, esperando que nada de mal acontecesse.
— Ajude-me a entrar no carro que eu te mostro o caminho! — Ele disse como se fosse uma criança feliz, ganhando o seu tão desejado brinquedo.
Durante todo o percurso, ele deu-me as coordenadas e já estávamos muito longe de casa. De repente, observei que havíamos deixado o centro da cidade e arrependi-me de ter aceitado levá-lo a um lugar que eu nem sabia qual era.
— Você não acha que estamos muito longe? — Perguntei preocupada.
— Por favor, prossiga. — Disse ele.
Pensei por um instante e decidi fazer a sua vontade, afinal eu não sabia se ainda poderia fazer uma próxima coisa por ele.
— Obrigado. — Ele disse ao perceber minha reflexão. — Entre na segunda rua à esquerda. — Ele disse após ficar algum tempo em silêncio.
Deparei-me com uma estrada de terra cercada por árvores altas com copas brilhando a luz do dia.
—Você tem certeza de que estamos no caminho certo? — Perguntei.
— Eu poderia vir aqui com os olhos vendados que ainda assim eu estaria no caminho exato. — Ele parecia perdido em algum devaneio, tendo os olhos presos a estrada à nossa frente.
Percebi, naquele momento, o quanto aquele lugar deveria ser importante para ele e senti que fazia a coisa certa.
Chegamos ao ponto indicado.
— Pare aqui! — Ordenou.
— Aqui? Nesse lugar não tem nada! — Eu disse estacionando o carro.
— Tem sim. E afirmo que você vai se surpreender.
Olhei ao redor, mas tudo o que existia ali eram árvores. Nada mais que isso!
— Venha! — Ele disse abrindo a porta do veículo.
— Vamos lá, não é? Já cheguei até aqui mesmo!
O ar puro que beijava o nosso rosto era extremamente atraente, então o deixei me guiar.
Apesar das dificuldades respiratórias e do andar vagaroso, Fernando tinha pressa.
— Para onde você vai?! — Ele só podia estar louco, embrenhando-se naquele mato.
— Siga-me e pare de conversa!
Ele movia-se com segurança, dava para notar o quão familiarizado com aquele lugar ele estava. Ali, parecia ser uma mata fechada, até que encontramos uma trilha.
— Estamos perto, vamos mais rápido! — Ele disse puxando-me pela mão, com o entusiasmo a flor da pele.