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Fênix - Parte X
— E aí, como estamos? — Perguntou o médico quando Fernando acordou.
— Sinto-me bem. — Sua voz era fraca.
— Bem, então, eu vou te dar alta!
Assustei-me e chamei o doutor num canto.
— Mas, ele já pode ir para casa?
— O caso dele não tem solução, minha querida. Tudo o que estava ao alcance da medicina, já foi feito. — O médico sorriu gentilmente enquanto se encaminhava à cama de Fernando. — Só posso indicar um tratamento.
— Qual? — Surpreendi-me, afinal ele próprio dissera que nada mais poderia ser feito.
— O paciente tem que ir para casa e receber muito, muito amor e carinho dessa esposa linda. — Ele falou alto, olhando diretamente para Fernando.
— Tudo bem, doutor. O senhor pode ter certeza de que seguirei todas as suas recomendações à risca! — Eu ri com o engano cometido pelo médico, embora um dia, tenha desejado com afinco que aquilo fosse verdade.
No caminho para a minha casa, fiz uma parada breve para que Fernando pudesse recolher alguns de seus pertences pessoais.
— Eu não quero te incomodar! — Ele disse sereno.
— Incomodar-me? — Eu ri. — Você ouviu a indicação do médico: - O medicamento indicado neste caso é muito amor e carinho desta sua linda esposa! — Eu disse imitando a voz do doutor.
— Se é assim, concordo de boa vontade. — Ele deu de ombros, rindo.
— Você não sabe como isso me faz feliz! E pode ter certeza de que vou dedicar-me a você em cada segundo possível. — A veracidade do que eu dizia tomou todo o meu ser, fazendo-me tremer pelo medo que sentia de que aquilo fosse por pouco tempo.
— Não sei como fui capaz de passar tanto tempo longe de uma mulher tão maravilhosa como você. — Ele afagou meus cabelos.
Já em meu lar, preparei meu quarto para hospedá-lo, acomodei suas coisas e o ajudei caminhar até seus novos aposentos.
— O que quer comer? — Perguntei grata por tê-lo por perto.
— Não quero nada. Obrigado!
— Ah! Você vai comer sim. Vou preparar uma sopa! — Eu disse, caminhando em direção à cozinha, enquanto Fernando falava algo sobre não comer.
Minutos mais tarde, voltei trazendo a sopa e o obriguei a tomar tudo.
— Estava ótima! Eu não sei se já te disse isso... Mas, você foi a melhor coisa que me aconteceu em toda a minha vida, minha coisa linda. — Ele segurou minha mão junto ao seu peito e depois a beijou.
— Que bom que você gostou!
— Promete-me uma coisa, meu amor.
— Claro, Fernando!
— Jure-me que você não vai ficar sofrendo por mim quando eu partir. — Ele disse com voz trêmula.
— Desculpe-me, meu anjo. Mas isso eu não posso te prometer.
— Úrsula, eu não posso permitir que você continue assim depois que eu for embora. — Eu e ele chorávamos.
— Pare de falar nisso! Vamos aproveitar nosso tempo juntos e esquecer todo o resto! Por favor! — Implorei.
— Tudo bem, mas saiba que da onde eu estiver eu estarei triste se você estiver. Então, peço que me faça feliz. Lembre-se disso, meu amor!
— Eu lembrarei!
Caminhei ao redor da cama e deitei-me ao lado de Fernando. Colei meu rosto ao seu peito e passei meu braço por sobre sua barriga.
— É tão bom ficar assim. Poder sentir seu cheiro e tocá-lo! — Suspirei.
— Concordo. Ter esse cabelo macio de perfume instigante junto a minha face é maravilhoso, pena que seja tarde demais!
Levantei meu rosto a fim de encará-lo.
— Nunca é tarde demais!
Seus olhos profundos fixos aos meus, prendiam-me e atraíam-me para dentro deles.
Por mais que eu não devesse apegar-me, era impossível evitar. Eu não conseguia, muito menos, desejava tal coisa. Então, um ímpeto de aproximar-me tomou conta de mim.
Fernando desencostou-se da cama, com algum esforço, e laçou minha cintura, trazendo-me para mais perto de si, enquanto minhas mãos enrolavam-se freneticamente em seus cabelos e seus lábios buscavam os meus com urgência demasiada.
Eu não pensava mais em nada, nem sentia a cama abaixo de nós. Tudo o que eu desejara por tanto tempo estava aqui e, agora, a única coisa que eu queria era tê-lo assim para sempre.