- Policial
- Postado em
Psicopata - Prólogo
O cheiro de sangue. O doce aroma do liquido vermelho. Uma essência que inebriava seus sentidos, entorpecia seus pensamentos. Ah...os momentos que antecipam o derramamento do precioso afrodisíaco sempre eram prazerosos, sempre se deleitava com o pânico, o pavor estampado nos olhos de suas vitimas, o suor frio que as envolvia, o desespero e pedidos de piedade. Nada poderia ser mais instigante.
Lá estava, mais uma vez. Durante anos, sonhava e fantasiava seus deliciosos assassinatos. Mais logo isso não era mais suficiente. Precisava provar, realizar suas fantasias, ter em seus braços um corpo ensangüentado e sem vida.
Rapidamente, matar se tornou um vicio, uma droga. Não podia viver sem. Viciado cada vez mais, ansiando por uma nova vitima, um novo jogo, mais uma noite lotada de prazer entre suas mutilações.
Ah! Quão delicioso era a primeira penetração do punhal, o primeiro jato de sangue que escorria daquela garota. As lagrimas, os gemidos abafados pela mordaça, a dor evidente que ela sentiu. Mais um corte, lambeu o doce sangue de saia da ferida, enquanto se inclinava em direção as pernas da jovem e começava a decepar seus dedos, deixando o osso branco a mostra, sob uma camada carmesim.
Cortava, cortava, lentamente, prolongando o sofrimento da vitima e sua alegria. Nada podia ser mais prazeroso, o corpo logo se reduzia a um monte de carne fatiada, uma massa quase inumana. Ah, que maravilha.
Por aquela noite, já era o suficiente. Aspirou mais uma vez o perfume do sangue, contemplou a deliciosa cena e fugiu, sabendo que logo a policia chegaria para encontrar mais uma de suas obras-primas.
XXX
Nicole não se sentia bem aquela manhã. Cólicas, bem no dia das provas finais. A garota ajeitou os rebeldes cabelos ruivos, que sempre teimavam em cair sobre seus olhos. Lançou mais um ultimo olhar critico a seu reflexo, e depois rumou para a escola.
Aos 16 anos, era uma jovem de traços bonitos e um tanto misteriosos. Os cabelos ruivos lisos compridos, de um vermelho berrante, mas estranhamente natural. Seus olhos azuis tinham um brilho inteligente mais frio ao mesmo tempo, olhos que poderiam ser tornar cruéis caso fosse necessário. Com apenas um metro e cinqüenta e sete de altura, passava uma imagem delicada, feminina, mas séria e compenetrada. O tipo de pessoa capaz de tudo para alcançar seus objetivos, porém, que era gentil e solidaria. Assim era Nicole Willians.
Após as provas, saiu desanimada do colégio. Não esperava tirar notas baixas, as matérias escolares não eram um problema, mas alguma coisa lhe parecia extremamente errada. Talvez fosse a ausência de sua melhor amiga Ana, que estranhamente não respondia seus telefonemas há dois dias, talvez algo errado simplesmente estivesse no ar. Inquieta, resolveu visitar seu pai no trabalho. Foi quando seu mundo veio abaixo.
Seu pai, Antony, era o único medico legista da pequena cidade em que viviam. Normalmente, não costumava ter um volume alto de trabalho, Sheffield era uma cidade pacata, mas há três meses uma onda de assassinatos vinha deixando seus moradores assustados. Sete adolescente haviam sido torturadas até a morte, alguns corpos tão barbaramente feridos que se tornaram irreconhecíveis. Não havia suspeitos, a policia não conseguia pistas, e as mortes não cessavam.
Entrou no prédio do instituo medico legal pela porta dos fundos. Era hora do almoço, seu pai provavelmente estaria na cantina, bom garfo como era.
Seu caminho rumo ao refeitório foi barrado quando uma ambulância chegou às pressas, um corpo coberto por plástico negro retirado do veiculo.
-Nicole- a secretaria de seu pai, Lucy, não parecia feliz- o que faz aqui, menina?
-Vim almoçar com meu pai.
-Ah, sinto muito, querida, mas estamos com problemas, ele provavelmente não- parou subitamente quando o delegado entrou, irritado e gritando. Seu pai logo apareceu e inicio-se uma longa e calorosa discussão entre eles, e pode deduzir apenas que mais um assassinato havia ocorrido.
-Filha- abatido, seu pai virou-se para ela, forçando um sorriso.- Veio almoçar comigo? Sinto muito, mas tenho que terminar isso primeiro.
-Eu espero. Não tenho mais aulas hoje, foi dia de meio período por causa das provas.-respondeu, mas então esbarrou num dos homens que estavam carregando o corpo para a sala de autópsia. O corpo caiu ao chão, a cobertura de plástico escorregou, revelando uma face mutilada e ensangüentada.
Nicole gritou, desmaiando em seguida. Ali, no pescoço daquele cadáver, estava o colar que dera a Ana em seu aniversario de sete anos: uma bailarina de cristal, onde estava gravado “ amigas para sempre”. Aquele corpo, aquela coisa era, não, fora sua melhor amiga. E agora, não era nada mais que um pedaço mutilado de carne.