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Um café com Sophie Scholl

Café Girondino, centro de São Paulo. Pedimos dois cafés, ela resolve experimentar um pão de queijo assim como eu. Sophie Scholl abre um livro olhando alguns pontos e anota as páginas interessantes. Por outro lado, eu solto um sorriso diante da sua atitude e proponho assunto.
- Minha irmã, o Movimento...
- Querido, as atitudes pesam mais que letras impactantes levando todo o pensamento do Movimento Rosa Branca à sala de aula, centros culturais, fomentar crítica em momento apropriado não deixando passar aquilo que está errado. Se quisermos mudar é preciso ação.
- Eu concordo. O que sugere neste sentido?
- É preciso abraçarmos mais bandeiras. O Estado precisa explicar as razões da sua limitada atuação e isto pode começar nas bases onde os problemas são severos e mais visíveis. É difícil mexermos com estruturas do poder, querido! Cabe conscientização para formarmos pilares e daí partirmos para algo mais sólido e real.
Ela segura a xícara, toma um gole de café experimentando um pão de queijo, o ambiente transforma tudo e aquele ar de passado e romântico indica uma São Paulo que não voltará mais. O contraste entre buzinas e o quieto ambiente fotográfico do local é notório com quadros reportando o começo do século XX. Sophie busca no ar o cheiro e o gosto do café! Sugiro de forma elegante:
- Sophie, um site e redes sociais é uma alternativa.
- É um começo! Ficarmos passivos e aceitarmos esta teatralização do poder que não resulta em nada, não é a meta da Rosa Branca. Por quê o Estado ainda permite esta conjuntura destrutiva quase atuando contra o humano? Somos marionetes estatais ou realmente desejamos uma democracia real e atuante? Vejo seu país repetindo mais do mesmo, entende, meu irmão?
- Eu penso na disseminação das ideias promovendo a criação de agentes atuantes.
- Isto! Construção formiguinha, nada adiantando holofotes passageiros! É preciso entender a necessidade dos outros botando alma e coração para um sucesso prático. O ideal é manifestarmos para uma criação de consciência crítica afetando o peso do voto em favor das mudanças estruturais, sem deixarmos de lado os problemas diretos. Você poderia atuar como um diplomata do Movimento, querido!
Calo-me sendo bom ouvinte. Ela tem muito para ensinar e pergunto:
- Tenho capacidade para isto?
- Sim, claro que tem! Eu sou uma professora atarefada e presa ao modelo capitalista, inibindo meu raio de ação. Sinto-me engessada e você dispõe de tempo bem maior, visitando movimentos similares e plantando a semente.
Ela toma o café fazendo uma expressão de convite para que eu abrace a ideia de forma prática. Respira e sente o doce aroma do lugar, o local remete para uma São Paulo ponte entre passado e presente, sorri e diz:
- Você terá apoio levando nossas ideias, abrindo portas e estabelecendo pontes. Há cheiro de Nazismo e Fascismo em solo brasileiro e isto precisa ser contido com vozes que ecoem até as fronteiras e ultrapassem onde novos Hitler estão em formação como nos EUA e Rússia.
- Os fins que interessam: conscientizar para solucionar tendo mentes e mãos dispostas!
- Exatamente! Você tem um legado que precisa ser trabalhado e utilizado para não cairmos na mesmice. Precisamos atuar como um martelo de Nietzsche, sermos um Sócrates com sua maiêutica parindo ideias e visando mudanças.
- Panfletos?
- Folder, redes sociais, rede de contatos para o século XXI, meu querido. O folder é uma forma de contato rápida e explicativa em etapas, sintético e criativo. O site é um complemento e as redes uma forma de dialogar com o público em geral disseminando os ideais e nossas bandeiras.
- Vamos em frente, minha irmã Sophie.
- Preciso ir. Tenho aula.
Ajudo Sophie Scholl a levantar, esta irmã que tenho enorme carinho! Pago a conta enquanto ela sente o aroma do café no ar. Braços dados, saímos rumo ao Metrô São Bento. No caminho, ela diz:
- A passividade é o pior remédio onde o caos começa estabelecer e temos ferramentas! Impeçamos isto.
Na catraca do Metrô eu ganho um beijo no rosto e ela fala:
- Se cuida. Nos vemos a noite, mano!
- Você também, minha irmã.
Seguimos para nossos afazeres. Eu preciso começar a arrumar tempo para atingir os fins sendo atuante do Movimento Rosa Branca na prática. Não era só um café e sim um chamado especial para ações.
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Atualizado em: Ter 29 Abr 2025

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