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Apocalipsus
I
Cenário apocalíptico, céu escarlate demoníaco, uma cidade destruída repleta de monstros de todos os tipos e tamanhos. Pessoas estão sendo mutiladas e estraçalhadas como animais, deixando as ruas cheias de sangue e tripas. Aviões caem dos céus, destruindo edifícios e explodindo nas ruas. Criaturas que deveriam estar extintas a milhares de anos surgem de crateras e cospem fogo, incendiando tudo a sua volta.
No telhado de um edifício, um rapaz de pelo menos uns 20 anos segura a porta com as costas. É possível ouvir do lado de dentro que algo está tentando sair. O rapaz chora, está todo cagado, ofegante e hiperventilado. Será que ele está assim por medo de ser morto ou pelo fato de estar se masturbando compulsivamente?
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Meu nome é Augusto, e como vocês podem ver eu estou batendo uma enquanto seguro uma porta impedindo que um bando de monstros saia e me estraçalhe. Sei que pode parecer estranho alguém chorar enquanto bate uma, mas no momento estou sentindo temor por ser trucidado e tesão pela foto da Kate Upton.
Após eu terminar estou pensando seriamente em me jogar do prédio. Não aguento mais ficar nesse inferno na Terra e estou chapado o suficiente para não sentir tanta dor quando colidir no concreto cheio de ossos e tripas.
Mas como cheguei a esse ponto?
Como o mundo chegou nessa merda?
Vamos voltar um pouco no tempo; dia 27, quarta – feira, estou no metrô a caminho de uma casa noturna chamada “Lady Underground”, um lugar que eu havia descoberto após pesquisar no Google “baladas new wave”.
Me planejei três semanas antes de ir, e quando finalmente chegou o dia eu estava muito nervoso e ansioso do que poderia acontecer assim que chegasse lá.
Ao chegar lá entrego com a mão tremendo meu ingresso previamente comprado e meu RG. O cara da porta olha pro meu documento, depois olha pra minha cara e faz um sinal com a cabeça pra eu entrar. Entrando no lugar me sinto feliz e ansioso ao mesmo tempo, porque fazia algum tempo que eu não saía, e ficava pensando em formas de como eu poderia me sentir encaixado no espaço iluminado por luzes neon, preenchido por músicas nostálgicas e pessoas dançando.
Para me esquecer da minha ansiedade antissocial, decido comer um hambúrguer bem grande com muitas fritas (o lugar era também uma hamburgueria!!) pra ganhar coragem, energia e confiança para dançar, me divertir e, quem sabe, interagir com algumas pessoas. Depois de comer eu volto ao salão de dança, tentando ao máximo me sentir um ser humano normal que gosta de se divertir e interagir com outras pessoas. Ainda bem que existem variados tipos de bebidas para me auxiliar nessa jornada. Tive um bom começo, conheci um grupo de pessoas muito amigáveis, e depois de cinco copos grandes de uma bebida colorida eu já era amigo de todo mundo, e para melhorar as coisas conheço uma garota fantástica. Ela ri das minhas piadas politicamente incorretas e eu me sinto confortável perto dela, como se não tivesse mais que fingir e poder ser finalmente eu mesmo.
Em algum momento do nosso papo nossos olhos se encontram, ela pega a minha mão e sorri; e ao som de "Ashes to ashes" nossos lábios se aproximam e quando estou prestes a beijá-la um estrondo nos interrompe.
"Mais que merda", pensei enquanto ela e outras pessoas iam para fora do clube para ver o que estava acontecendo. Quando estou a caminho da saída vejo pessoas na rua olhando para cima horrorizadas, algumas gritam como criancinhas. "Será que alguém vai se jogar de algum prédio?", pensei; mas quando olho para cima percebo que é pior do que eu pensava, não era algo que iria atrapalhar minha volta pra casa, mas era algo bem aleatório e improvável.
A lua estava rachada e ninguém sabia a merda do motivo!!
Uma característica sobre mim é que sou muito indiferente, e naquele momento só conseguia pensar na garota e não no satélite natural despedaçado no céu. Quando a encontro eu pergunto se ela (o nome dela é Fabiana) estava bem e ela diz:
- Eu estou bem, mas não estou entendendo merda nenhuma.
-Nem eu, mas é melhor a gente voltar pro clube, né? Não tem nada que a gente possa fazer mesmo. - Digo com um sorriso malicioso, pois queria dar uns pegas nela.
-É, também acho. - Concordou Fabiana
Enquanto íamos em direção ao clube, víamos pessoas tirando fotos da lua despedaçada e postando nas redes sociais com as hashtags "queporraéessa?" ou "jesusvoltou”. "Doentes", pensava enquanto voltávamos ao clube.
De repente o chão começa a tremer, eu olho para Fabiana preocupado e ela olha para as rachaduras que se formam na rua. As pessoas ficam desesperadas e começam a gritar feito doidas. Depois de alguns segundos os tremores param e as ruas ficam rachadas e cheias de buracos. Algumas pessoas chegam perto dos buracos para tirar umas selfies fazendo cara de surpresa, mas de repente elas são puxadas para dentro do chão. Elas gritam em desespero, e gritam mais ainda no interior dos buracos, como se estivessem sendo estraçalhadas e dilaceradas, o que causa terror e pânico nas pessoas que estavam na rua.
Mais buracos se formam nas ruas e mãos com garras surgem deles. Essas mãos se estendem em braços, que se entendem em formas monstruosas encharcadas de sangue. Homens bode, homens cão, homens lagarto, todos saem do buraco como se fossem inimigos do God of war, mas não tinha um Kratos com suas lâminas do caos preparado para dar seus golpes e conseguir uns orbes, só um bando de jovens chorando e cagando nas calças.
As criaturas avançam na multidão com suas armas vindas do inferno e bocas abertas, trucidando, estraçalhando e devorando tudo o que veem pela frente. Um homem bode avança na direção de Fabiana com uma clave na mão, e num reflexo, pego ela pelos braços e a desvio do homem-baphomet sem peitos, que por sorte não a pegou. Mas infelizmente pega um gótico desesperado que estava atrás dela. O monstro o trucida e o come com o entusiasmo de alguém comendo um Big Mac.
-Vamos sair daqui porra!!!- Grita Fabiana pra mim.
- Boa ideia! Vamos nos abrigar no clube e nos trancar naquela joça!!! - Grito desesperado e excitado, pois na minha cabeça poderia rolar um sexo no clube para acalmar os nervos.
Nós corremos em direção ao clube, quando de repente o chão treme de novo e o estabelecimento é destruído por uma figura gigantesca que surge diante de nós. Para nossa surpresa e para minha eterna paixão por dinossauros, é um Tiranossauro Rex, vindo direto das profundezas do Acre.
- PUTA QUE PARIU!!!QUE COISA FODA !!!- Eu ovacionava enquanto acontecia um massacre estilo My Lai ao redor de nós.
-Se tá maluco, PORRA?? A gente precisa sair daqui, car........
Não consegui ouvir Fabiana terminar sua sentença por duas razões: estava maravilhado com o T.rex cuspindo bolas de fogo pelo quarteirão e porque no momento em que ela ia terminar sua sentença um dedo demoníaco atravessou seu esterno e a levantou enquanto ela gritava por socorro. Era um homem cão que parecia com o deus egípcio Anúbis. Ele a trucidou como se fosse um palito de dente; e a pior parte é que eu estava segurando a mão dela. Quando olho para o lado só vejo o braço decepado de Fabiana com a sua mão apertando bem forte a minha, enquanto o homem-Anúbis se banhava no sangue e nas tripas dela.
-AHHHHH QUE MERDAAA!! AHHHHH.
Eu começo a gritar e corro o mais rápido que posso para algum lugar seguro. Estava tão aterrorizado e cagado que nem noto que estava segurando o braço da então devorada Fabiana. Eventualmente o membro se tornou útil para me defender dos homens-baphomet e das harpias que voavam pelo céu avermelhado. Elas pareciam umas velhas carecas com os peitos de fora, o que fez meu sangue fluir para lugares desnecessários no momento.
Ao meu redor pessoas são mutiladas e violentadas de todas as maneiras existentes. As ruas parecem um cenário de guerra, eu ouço explosões por todos os cantos, dos estabelecimentos que são destruídos por bolas de fogo e dos aviões que colidem nos prédios.
Após correr por dois quarteirões daquelas criaturas, eu encontro uma loja de roupas toda destruída. "Estouro", pensei enquanto entrava no lugar chique todo arregaçado.
Depois de trocar de calça e de cueca, dou uma volta na loja e penso seriamente em estabelecer residência lá; quando ouço um barulho nos fundos. Quando me aproximo dos fundos vejo uma sombra agachada em um provador masculino.
"Puta que pariu, eu não posso me cagar de novo!!".
Eu seguro firme o braço de Fabiana e me preparo para atacar aquela sombra, mas quando estava prestes a atacar um grito feminino me interrompe:
-Não faz isso, idiota!!- Grita Débora, a funcionária da então destruída loja. - Somos funcionários, caralho!
-Desculpa, pensei que vocês fossem monstros.
-Mas por que você está segurando um braço humano? - Pergunta Raimundo, o outro funcionário da loja, saindo do provador um pouco assustado.
-Longa história, conheci uma garota, quase nos beijamos, ela foi devorada, fiquei com o braço dela para me defender.
Eram dois funcionários na loja. Eles disseram que estavam se preparando para fechar a loja quando aquele pandemônio começou, e como não conseguiram fechar a tempo, se esconderam nos fundos até que as criaturas fossem embora.
-Graças a Deus que só nosso gerente foi pego, ele era uma puta babaca!!! -Diz Débora com alívio.
Após ouvir o relato dos dois, eu me levanto e sugiro ao grupo:
-Gente, nós precisamos nos abrigar em um edifício e chegar até o topo para buscar ajuda, provavelmente poderemos avistar um helicóptero e sair desse lugar. - Digo enquanto me livrava do braço de Fabiana.
-Parece uma boa ideia, tem muitos prédios por aqui, a gente só teria que achar o mais alto, mas vai ser difícil encontrar com esses putos na rua. -Diz Raimundo.
-Se a gente não fizer barulho e ficar bem quietos, eles não vão perceber a gente, estarão ocupados demais trucidando outras pessoas....mas em todo caso é melhor nós fazermos armas para nos defender, né? - Sugiro para o grupo.
Com essa ideia nós fazemos armas com os cabides e braços de manequins. É incrível notar a criatividade humana para criar armas a partir de objetos inofensivos e de utilidade doméstica.
Armados e desesperados para sobreviver, nós saímos da loja e vamos em direção ao prédio. As ruas estão vermelhas, lotadas de tripas, sangue e veículos em chamas. E é nesse cenário que surge uma grande oportunidade para testarmos nossas armas; pois um homem-baphomet estava comendo tripas de cadáveres em uma padaria destruída. Eu solto um grito para meus novos companheiros atacarem o desgraçado, mas eles ficam imóveis e olham para direções aleatórias, fazendo pose.
-O QUE VOCÊS ESTÃO ESPERANDO, CARALHO? – Gritava desesperado.
E como se minha visão clareasse, percebo que os supostos funcionários eram nada mais do que manequins que eu trouxe da loja!!! O que explica porque eu estava com a respiração ofegante e sentia um cansaço desgraçado.
-Merda, eu nunca mais vou misturar drogas com bebida!!!
Nem preciso mencionar o desespero que senti quando o homem bode avança na minha direção. O monstro pula para cima de mim, e quando estava prestes a me acertar com seu machado, é atingido por tiros de metralhadora. Quando olho para trás, vejo dois soldados do exército altamente armados.
-VENHA CONOSCO SE QUISER VIVER!!!! - Grita um dos soldados, estendendo a mão para mim.
Antes que eu pudesse pegar sua mão, o soldado é decapitado por um homem-lagarto, enquanto o outro, por mais que jogasse granadas e metralhasse os monstros, acabou sendo estraçalhado por uma horda de homens-cão.
Eu grito horrorizado ao ver aquela cena e meu coração bate a mil por hora e corro o mais rápido que posso para um edifício comercial, pulando a catraca e não ousando nem por um instante olhar para trás.
Subo até o topo usando a saída de emergência, com meu coração já pedindo arrego e meus músculos implorando por uma folga, mas por uma puta cagada consigo chegar ao topo e fecho a porta antes que os monstros encostem em mim.
Devo admitir que esses putos são insistentes, depois de trinta minutos socando a porta de aço resistente eles não desistem de me matar. Mas mesmo no inferno na Terra há suas coisas boas, enquanto seguro a porta eu avisto no chão uma edição da Sports Illustrated com a modelo plus size mais gostosa do mundo, Kate Upton, posando na capa. Eu uso meus pés para pegar a revista, e com ela em mãos eu me sento, tomo uma cartela de morfina que tinha no bolso, abro nas páginas do ensaio da Kate e começo a descabelar o palhaço, enquanto choro desesperadamente.
II
Augusto está prestes a se jogar de um prédio. Não é realmente como ele havia planejado sua noite, mas o que fazia sentido naquele momento? A lua estava rachada, monstros saíam de buracos e isso foi uma baita empaca foda em sua tentativa de beijar uma garota.
Mas um pouco e a horda de monstros vai destruir as barreiras que ele fez na porta e irão comer suas tripas. Ele olha para o chão topo do edifício e reflete sobre sua noite de merda. De repente a porta é despedaçada e os monstros correm em sua direção, e sem perder tempo Augusto pula, mostrando os dois dedos do meio para as bestas infernais.
Augusto sente o vento em seu corpo, a resistência do ar em suas orelhas, e vê dois monstros caindo junto com ele para a morte certa. Mas para o seu azar, ele colide em uma harpia que voava na área. A batida foi forte, mas não o mata, a única sortuda foi a harpia e os dois cães monstruosos que se jogaram do edifício. Agora além de cagado ele está encharcado de sangue e inconsciente na rua.
Durante o seu sono nos seios da harpia, Augusto têm pesadelos horríveis. Visões claustrofóbicas e perturbadoras envenenam sua mente. Ele está um corredor mal iluminado, e a sua frente vê o cadáver mutilado de Fabiana avançando em sua direção gritando “DEVOLVE MEU BRAÇO!!!!”. Quando o zumbi pula em cima dele, Augusto é transportado para um quarto que começa a vazar sangue pelas paredes. Insetos grotescos surgem no teto, caindo nele e penetrando na sua pele e em seus olhos. Augusto grita desesperado e começa a dar socos em sua cabeça para matar as lacraias e moscas que rastejam em seu cérebro. Suas pernas ficam bambas e ele sente muita dor de barriga, como se seu intestino estivesse se despedaçando. Ele se ajoelha no chão que se enche de sangue e vomita quantidades grotescas de vermes de moscas varejeiras. Augusto se deita cansado no chão, e aos poucos é consumido pelo mar de sangue, vermes e insetos que se forma no quarto.
Augusto acorda aos gritos com a luz do Sol batendo em seu rosto. A rua está vazia e silenciosa, e se não fosse o cadáver de harpia e a destruição ao seu redor, os eventos da noite anterior poderiam ter sido um pesadelo estranho, mas era tudo real.
Após se lamentar e choramingar sobre sua atual situação, Augusto traça um plano para onde ele iria estabelecer residência, porque ficou claro em sua mente que suicídio estava fora de questão. Ele vai até um mercadinho e pega alguns suprimentos. Na saída do mercado ele olha para o céu e diz:
-Apesar de tudo o Sol está muito lindo hoje.
Quando de repente uma bola de fogo no céu vem caindo em sua direção, o objeto parece um pequeno meteoro. Augusto rapidamente pula em uma pilha de lixo, e o objeto espacial explode um mercadinho.
A curiosidade de Augusto vence a sua covardia e ele resolve ver o que é, e para sua surpresa era um homem com asas!!!! A criatura era um Adônis alado musculoso de longos cabelos negros, vestindo uma armadura dourada.
-Esse dia não podia ficar mais estranho!!- Diz Augusto esfregando seus olhos.
Quando de repente a criatura acorda e abre suas asas, que começam a brilhar, quase cegando Augusto.
- UUGHH, CUIDADO COM MEUS OLHOS, CARALHO!!!!!!- Grita Augusto tampando seus olhos.
-Puta merda, essa queda foi de foder!!!- Exclama a criatura. - Qual é a tua, mano? Por que tá me encarando?
Augusto fica abismado com o modo como a criatura fala com ele.
-Você é surdo, cassete? É impossível não poder me entender, já que falo qualquer língua de qualquer lugar dessa galáxia nojenta, incluindo seu planetinha de merda, então é melhor falar alguma coisa senão eu vou te matar!!!- Diz a criatura apontando uma arma para Augusto.
-Calma! -Fala Augusto rapidamente. -É que eu fiquei um pouco surpreso, não sabia que anjos xingavam.
A criatura levanta a sobrancelha e diz em tom de desprezo:
-Não sou um anjo sua besta, sou alienígena.
Augusto não consegue ficar surpreso com isso, depois de tudo que presenciou na noite anterior, ele só queria saber que merda estava acontecendo.
-Você pode me explicar o que está acontecendo? - Pergunta Augusto.
-Não tenho tempo para isso, tenho coisas a fazer. – Diz a criatura com desdém, se preparando para voar.
-Espera, não tem nada que eu possa fazer pra ajudar? Você não quer alguém como guia?
-Olha não me leve a mal, mas eu li sua mente e não quero um cagão sedentário como guia.
“Cuzão". Pensa Augusto enquanto faz uma careta.
-Eu ouvi isso, agora se me dá licença eu preciso ir e checar se tem mais seres nesse planeta.
E com isso o alienígena alado levanta voo e some pelo horizonte. Enquanto Augusto observa a zona de impacto, ele percebe que o alienígena esqueceu sua arma, que tem um formato de um rifle automático com aspectos espaciais.
- Como será que funciona? - Pergunta a si mesmo.
Augusto aperta o gatilho e um raio de energia explode tudo a sua volta e o joga longe. Ele bate em uma parede e fica inconsciente por algumas horas. Quando acorda, Augusto decide levar a arma junto com ele, e segue caminho para encontrar um lugar para ficar.
Em uma rua Augusto ouve vozes, ele encosta na parede, preparado para testar a arma. Quando ele vira a cabeça para dar uma espiada, percebe que são mais dois alienígenas alados:
- O último mundo, depois podemos voltar pra casa! - Diz Nogazi, um dos aliens alados.
-Sim, sinto falta de dormir. -Diz Oustro, o outro alien.
Nesse momento Augusto surge e rende os dois:
-Parados, porra!!!
-Mas que merda é essa? Quem te deu essa arma, inseto? -Pergunta Oustro.
-Eu faço as perguntas sua bicha alada! – Grita Augusto, apontando para a cabeça do alien alado.
-Ora seu viadinho....
No momento em que Oustro ia sacar sua espada, Nogazi o interrompe:
-Calma aê! O que você quer, humano?
-Eu quero saber que merda está acontecendo!!!
-Ahhh isso? É uma limpeza.
-Como assim limpeza?
-Bom, deixa eu te explicar.... há muito tempo numa parte vazia da realidade, três seres primordiais chamados de Higgns estavam bebendo e jogando um jogo que vocês terráqueos chamam de roleta russa. Cada ser pegava a arma, girava o tambor, puxava o gatilho e passava pra próxima..... quando a chegou a vez do terceiro Higgns, ele puxou o gatilho e infelizmente acabou estourando os próprios miolos. Você sabe o que acontece quando um Higgns morre? Acaba gerando vida e acredite se quiser que naquele exato momento sua galáxia foi gerada. A explosão foi tão forte que quase matou os outros dois primordiais. Eles até pensaram em destruir essa recém criada galáxia, mas vendo todas aquelas estrelas e planetas se formando, decidiram que iriam deixar essa galáxia evoluir em paz, como uma forma de honrar a memória do amigo. Mas após bilhões de anos, essa galáxia se tornou uma pedra no sapato, pois ela está no meio das duas galáxias que foram criadas por cada primordial, e isso está dificultando a expansão de ambas, então eles concordaram em destrui-la. -Conclui Nogazi.
-Por isso racharam a lua? -Pergunta Augusto.
-Ah não, aquilo foi direção ruim, nosso piloto estava bêbado e acabou batendo a nave de antimatéria na lua, o impacto foi tão forte que o infeliz voou longe, provavelmente ele já entrou em órbita por aqui. -Justifica ele.
"Aquele imbecil que caiu no mercadinho!!". Pensa Augusto.
-Ahhh, agora tá explicado como você conseguiu a arma, aquele idiota a esqueceu e você a pegou!! Garoto esperto. - Diz Nogazi após ler a mente de Augusto.
- Isso não vai ficar assim, eu vou reunir o máximo de sobreviventes e nós vamos impedir isso!! -Exclama Augusto com o peito cheio.
Nesse momento os anjos espaciais começam a gargalhar feito loucos:
-Hahaahahahahah, não fode cara, e nem perca seu tempo, durante a sua tentativa patética de suicídio, os exércitos da galáxia I já estavam começando a aniquilação da população... você é literalmente o último ser vivo da Via Láctea!!! - Gargalha Nogazi, zombando de Augusto.
-Como assim da Via Láctea? - Pergunta Augusto confuso.
-Bom, os exércitos da galáxia Olho Negro já aniquilaram a vida de quase todos os planetas, o seu planeta era o último que faltava... tanto que eles já estavam indo embora enquanto você dormia nos seios da harpia. Nós da galáxia de Andrômeda só viemos checar se eles não se esqueceram de ninguém, e aparentemente deixaram de matar você.
-Não pode ser !!!!- Diz Augusto em um tom triste e frustrado.
-Olha se te faz se sentir melhor, galáxias são criadas e destruídas toda hora, é algo fora do seu controle e compreensão, então não fique tão desapontado. – Diz Nogazi dando um tapinha nas costas de Augusto.
-CALA A BOCA!!! -Grita Augusto apontando arma pra cabeça do alien.
-Vai em frente babaca, me mate, não vai mudar o destino da Via Láctea. Você não pode impedir o que está por vir... a galáxia vai explodir em 5 minutos. Se for nos matar faça isso logo, ou se mate pra te poupar da dor de ser desintegrado. – Diz Nogazi com um sorriso debochado.
-Eu......Eu.... Eu não sei o que fazer.....Estou tão confuso. – Diz Augusto se ajoelhando com lágrimas escorrendo em seu rosto.
-Bom, isso é uma reação esperada, mas pelo menos você não se cagou!!! -Diz Nogazi tentando alegrar Augusto.
Oustro cochicha no ouvido dele e os dois parecem concordar com algo.
-Olha, meu parceiro me disse que você curte ficar doidão, então eu vou te dar isso aqui, considere como um presente antes de morrer. – Diz Nogazi, entregando um frasco a Augusto.
-O que é isso?
-Se chama sono quasariano, um sedativo tão poderoso que faz você perder a memória do dia anterior, use o mais rápido possível, você ainda tem 3 minutos... adeus bobão.
-Espera! Antes de ir me responda uma última pergunta.
-Manda.
-Existe vida após a morte? – Pergunta Augusto esperançoso.
-E eu lá vou saber, não sou um médium.
E com isso os aliens levantam voo e somem no céu. Augusto olha ao redor da destruição e se sente sozinho e sem esperanças. Ele abre o tubo contendo o sono quasariano e o bebe num só gole.
Após beber o sedativo, Augusto sente sua cabeça ferver. Ele grita em agonia e rola pelo chão, perdendo a consciência por alguns segundos. Quando acorda, não se lembra dos eventos ocorridos, pois na sua cabeça só iria a uma balada à noite.
Ele olha ao redor e fica confuso com o cenário de destruição, ouvindo somente o sopro do vento. Achando que está num sonho lúcido, ele decide explorar o local antes do despertador o acordar. De repente Augusto ouve um estrondo vindo do céu e se assusta. Ele olha para cima e vê um brilho escarlate se expandindo pelo horizonte, desintegrando tudo aos poucos. Interpretando isso como o alarme do despertador, ele fecha os olhos e grita:
-BORA ACORDAR QUE HOJE EU TENHO UMA FESTA PRA IR!!!!!
FIM.
Atualizado em: Seg 17 Out 2022