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NO ANONIMATO CÉU DAS RECORDAÇÕES EXILADAS
Acordei
e a noite não estava mais lá
Para onde vão as noites
e os sonhos que nelas gestei
se o pouco que deles trago
são lavados pelos banhos matinais?
No deserto dos sonhos evaporados
quase me lembro do rosto da minha mãe
ou do corredor desocupado de fantasmas
de uma casa há muito tempo derrubada
na qual ficou meu velocípede enferrujado
Estranho são os sonhos não evocados
pois ali morei em horas que os relógios não contam
vivendo aventuras jamais conhecidas ou imaginadas
salvando um sem-número de donzelas encasteladas
e voando rápido sobre os tetos que abrigam cidades
como se estivesse incessantemente atrasado
Se fui herói
ousado destemido e arrojado
se fui de mim mesmo vilão
ou guerreiro temível e inconquistável
ou se fui amante irresistível e insaciável
tudo isso virou um aquilo irrecuperável
dentro do interior oco da memória evocável
esse cemitério das ilusões findas
onde ficam sepultadas as noites passadas
no anonimato céu das recordações exiladas