Retrato

"Me lembro daquela criança, aquela de cabelos ondulados e negros, da pele de veludo, e do seu vestidinho vermelho, com aquele sorriso contagioso, e a inocência no birlho de seu olhar, da sua gargalhada contagiante, que fez todos rirem sem parar. Encaro o seu retrato, com um sorriso estampado no rosto, que é logo desmanchado com as memórias do tempo, onde a criança cresceu e se perdeu no silêncio. Me pergunto o motivo de estar tão quietinha, escondida em seu próprio mundo, se trancando dos pesadelos, onde o medo vive junto, deixando a pequena em desespero com as notícias da vida. Eu sei que está ansiosa, e temendo com o que o tempo e o futuro possa lhe trazer. Ela tem medo do que a idade pode lhe oferecer, tem receio de que ela acabe com sua imaginação, tirando todo o Arco-Íris no céu, fazendo as nuvens de animais desaparecem, virarem pó e manchas no céu, a deixando nas nuvens pretas e fazendo ter medo de dançar da chuva, algo que para a criança, era um mar de aventuras.

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Só assim me toco e caio na realidade, essa criança no retrato sou eu, afinal, o medo está em mim. Não quero perdê-la por completo, e sei que essa criança interior ainda está por perto, apenas escondida pedindo aconchego e carinho. As vezes ela grita, e me deixa de castigo por tomar decisões que acabam por nos fazer perder amigos. Por não dizer a verdade e me afundar nas mentiras, deixando ela presa e sem saída. Olho em seus olhos e penso bem alto, "Vou mudar esse pensamento, e seguir o vento, cuidar dessa criança e a trazer esperança". Olho o teu retrato, e enfim acredito, que a minha criança interior está viva, mas presa em um mundo escuro e sombrio, pedindo para mudar o rumo do nosso caminho, e encontrar um lugar seguro, sem espinhos."

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