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ESPANTOS

O único desejo do poeta 

é o de fisgar um verso faminto,

no oceano suspenso das cinco,

quando o vento apaga as velas


sobre o cetim carmim da esquina.

Meu modo conta tudo, dez em dez:

entram os cacos e, além do verbo,

todas as preposições e artigos.


Tento os tons ocultos da orquestra

do poema e a voz dos seus timbres:

a partitura sem clave das sílabas

— mistura de silêncios e de febres. 


— Poesia é um espanto nômade

que aparece, mas não diz o nome. 

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Atualizado em: Qua 23 Ago 2023

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