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APRENDIZ
Dos seus pés, desenhei os meus mapas,
e segui cego a poeira das suas pegadas.
Das suas coxas, fiz dossel de seda fina,
e a sua entrada, foi a minha única saída.
Do seu sorriso, conheci uma paz sonhada,
e, mesmo no chão, levitei com as suas asas.
Dos seus beijos, sorvi mel em vez de saliva,
e colhi a fenda preta da sua árvore proibida.
Do seu colo, decorei as curvas e as palavras,
e escavei sapatas fundas e o chamei de casa.
Do seu gemido contralto, compus a sinfonia,
onde eu era o maestro — e você a maestrina.
Do seu abraço, notei que não mover as partes
sob a sua constrição, é a verdadeira liberdade.
Do seu olhar direto, compreendi que a poesia
pode até ser silenciosa, mas jamais será vazia.
Do seu tudo, aprendi o quebra-cabeça da vida.
Atualizado em: Qua 22 Mar 2023