person_outline



search

10h50 — ainda —

No devagar depressa do tempos…
                         Guimarães Rosa
 
Busco aquele verso embutido na desimportância,
pois é dela o calibre predominante e a fragrância
do elixir do poema que importuno — mesmo antes   
da minha sina de assistir às olarias dos amanhãs…
 
Há os desertos sobre as poeiras que se atravancam
na cerâmica dos cômodos da casa, entre as sancas,
nas teias altas que balançam, nas dobras das camas
caladas e por dentro do vermelhão vivo da varanda. 
 
Há as percussões das xícaras sem o café da manhã,
as cores transeuntes ao redor das horas cotidianas,
e a pedra devagar e depressa da rotina, esta anfitriã
que esfarinha os ossos, muda, num segredo de divã.
 
Às dez e cinquenta, sinto o alumínio elétrico do dia.
E tudo em mim escoa, mas anseia ser poesia, ainda.
Pin It
Atualizado em: Qua 30 Nov 2022

Deixe seu comentário
É preciso estar "logado".

Curtir no Facebook

Autores.com.br
Curitiba - PR

webmaster@number1.com.br