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APARELHO

 Há uma rajada que me diz, aberta,
que, sem você, eu não seria poeta;
vai e volta, de supetão, e completa:
— A energia do seu verso vem dela.
 
Às dezenove, a noite é quase repleta,
mas ainda brilha a última luz da vela
da tarde que rodeia todo o hemisfério,
onde vários roxos tingem minha janela.
 
Na guilhotina das horas que me velam,
só a sua carne de neve é o ar que resta.
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Atualizado em: Qua 1 Jun 2022

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