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A PROPÓSITO

Sempre carreguei, bem cínico, alguns ases

nas mangas. E nunca arriei todas as cartas

nos buracos da lida, porque falta a coragem

de pôr a fuça, sem nada, na frente da ribalta


cíclica da vida, onde seu refletor é implacável.

Por isso mesmo que sou um poeta de araque

— que colore os versos de sombras e de traços

e cria, entre esses atalhos, falsas profundidades


que querem parecer com algo que não é de fato:

moro na neblina dos pós leves das maquiagens.

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Atualizado em: Qui 23 Set 2021

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