Menina das Letras

Quando passo por vocês e fecho a cara, fujo daquilo que podia ter tido e nunca terei,
Mulheres compridas, esticadas, mulheres amassadas, mulheres misturadas com cabelos e com pêlos, mulheres olheiras, mulheres não olho.

Perdidas sem par, casadas com ímpares, perdidas no mar,
No mar Português, inglês, francês, sei lá o quês,
Perdidas pra sempre, longe de suas mães,
Longe ainda mais de mim que nem sou pai,
E não sei se serei.

Esperava as mulheres que esperam,
Espero você, oh doce deslumbrada!
Menina encantada até o encanto de jovialidade se acabar,
E tornar-se menina das Letras,
Moça que lê, lenta, o seu alento de cada dia,
Me leva no bolso, pro banheiro,
Me rasga, me soa, me chora, me amassa,
Me explode pra sua ira vazar meu ser,
Me, me, me, me.

Mulher valente, que não se prende pela forma,
Faz favor, reforma esse velho caduco!
Fui gostar de você, que não gosta de mim.
Fui gostar de ver seu cheiro em mim.
Fui gostar de virar você em mim.
Fui gestar você em mim.

Menina Paixão, por que você não se enfeia?!
Aí não olho mais você, nem cheiro você, nem amo você,
Aí eu não existo você,
Eu não risco você.
Não tiço você.
Você não eu.
Ai, Ai
I a
I
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