- Poesias
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10h15
10h15(sob alfazemas)
E sempre escrevi o mesmo poema…
Em vozes diferentes e em esquemas
dissidentes. Não raro muita emenda
atrás da outra — um filme sem cena.
No meio da manhã sinto a alfazema
imensa deste vendaval e das nuvens
que colorem os raios da cor que surge
entre os pastéis e o fundo da ferrugem.
Às onze e um os clarins da tarde executam
as exéquias do que foi orvalhada e chuva;
chilros e minuanos — e criador e criatura.
Onze e quarenta e está pronta a sepultura
rasa e sem mármore da fome desta tortura
de cheirar o futuro antes da própria fissura.
Atualizado em: Qui 21 Maio 2020