- Poesias
- Postado em
ANTIDIÁRIOS DE ABRIL XXII
Sete cães ladram às vinte e duas nos longos ecosda rua vazia. E mesmo as folhas secas hibernam
— na camuflagem das horas que se incompletam.
E tudo cada vez mais se parece com este cérebro
que se altera, enquanto o vírus ergue o seu prédio
invisível e sem maquete. E sem ferro e sem alicerce:
está ali, aqui, sob, sobre, lá, acolá, mas não aparece.
Às vinte e três um silêncio estrondoso resplandece:
não há alma, apenas a luz laranja do poste atravessa
o clímax de uma inércia, onde a noite se estabelece
— no seu lençol de ocres. E de estanhos. E de beges.
Atualizado em: Qua 22 Abr 2020