- Poesias
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23h40 (ao vivo)
O cenário da noite desmaia na estopa gelada
do céu monocolor antes de virar madrugada.
Vinte e três e quarenta e três e o nó não desata
quando tudo mora nesta fuligem que se acaba.
Faltam quatorze para o rodopio do calendário.
Faltam onze, agora. Sinto de dentro do quarto,
a rajada silenciosa destes dez minutos do prazo.
Escrevo sobre este instante do relógio que marca
o pulso grave das horas. A agonia cronometrada,
feito se o futuro fosse aquele pinga-pinga da água
que surge da torneira e explode no círculo do ralo.
Vinte e três e cinquenta e seis. Sete, na verdade…
Da meia-noite o meu verso vaza quase adormecido.
O poema não me salva… E não me livra do infinito.
Atualizado em: Qui 24 Out 2019