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DE FRENTE PRO CRIME
Vigio a luminosidade da manhã terminal e nublada.
Anoto as formações aqui e acolá e as nuvens raras
que o céu apresenta, dentro da minha paz suspensa
entre o furta-cor do óleo diesel no asfalto do poema.
Coleciono meios-dias nos vapores altos de um verso
camuflado nas esquinas do cotidiano ou no gás hélio
da tarde que levita sobre as notas cítricas desse agora
de um passado bem espesso e que ainda não foi embora.
Desenho meias-noites na paleta púrpura dos véus íntimos
roxos de vermelhos e azuis e vários violetas quase bíblicos.
Quando a madrugada já é a rainha, as horas se modificam
e uma brisa acética corrige o soro do vento: rápida e fluída.
A noite fresca saiu do banho. Está ainda molhada nas ilhas
da calçada vazia. A cotovia mexe-se no galho. E cai na guia.