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TRÊS FINGIMENTOS

I.

Posto sob a tarde feito freezer e o seu sol laranja escondido.

Azuis e beges e ocres não disputam o espaço distribuído

entre o metal sutil da esfera e o bico insatisfeito do destino.

Mergulho no lençol do verso. Ligo o rádio AM. E desligo


o silêncio do domingo. Finjo que sou flor, mas sou espinho.


II.

Posto no banco desbotado da varanda, bebo do chá gelado

do vento; baunilhas, cravos, carvões, cloros, ervas e alhos,

onde todos invadem as papilas de um poema que não nasce

no sabor finito dos poetas falsos e suas falsas propriedades


presas na parede lisa. Finjo que sou mar, mas sou maresia.


III.

Posto no visgo voluntário da grade, vejo a menina na calçada

de sandálias. Sinto os verdes variados do morro que disfarça

o concreto de baixo. E o amanhã não começa jamais… Paira

na guilhotina do ocaso um lilás arroxeado das horas paradas


da linha brilhante. Finjo que sou próximo, mas sou distante.

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Atualizado em: Seg 8 Jul 2019

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