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A URBE FEROZ (chacina da Candelária)

Com a energia negra de todos os derrotados,

a besta faminta impôs sua covarde vingança

sobre aqueles miseráveis que tinham de herança

a brisa fria, ante a fortaleza de portais fechados.

 

Diante de portentoso frontispício dormia a esperança,

enquanto um ar danado de desgraça ali espalhado,

trouxe a atrocidade com seu injusto punho armado,

celebrando missa negra ou de negra semelhança.

 

À turba, o alimento da fé é a hóstia no cibório,

o corpo é casa pendente, sem estaca que escore-o...

são humanóides do morro, do lixão e do mangue.

 

A urbe politizada exibe a ascensão da loucura

e os que buscam a longo prazo, desse mal, a cura,

não percebem que o Rio já se esvai em sangue.

 

Soneto elaborado em decorrência da “Chacina da Candelária”

(assim registrada pela mídia), ocorrida na madrugada de 23 Jul 1993,

em frente à Igreja de mesmo.

Tão atual, que decide publicar, considerando a “Tragédia de Realengo”.

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Atualizado em: Seg 11 Abr 2011

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