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ASAS NOTURNAS
Sempre quando chove costumo lembrar do vinho,
a embriaguez, assim como a poeira, vem de longe,
chega, acomoda e acostuma-se como um monge
que faz definitivamente do mosteiro o seu ninho.
Em meu quarto, sem qualquer quadro na parede,
simulo cores na mais confortável de todas as casas,
quando à noite, em sonhos, vôo absoluto nas asas
dos quirópteros em busca de sangue à sua sede.
Transponho ávido, célere e em queda profunda,
a aspereza da redoma que minha alma circunda
e tão enorme impacto no tátil do sentido profano,
ejeta-me do corpo a gárgula medonha e imunda,
como o chão que expulsa a semente infecunda,
como o carma doente e reincidente do humano.
Atualizado em: Sex 1 Abr 2011